21. A FUGA

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Ainda sem esperanças, ali eu estava, a beira de um colapso

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Ainda sem esperanças, ali eu estava, a beira de um colapso. Cada membro de meu corpo se contorcia, cada músculo sofria de uma dor inimaginável, aquele sangue que outrora escorreu por minhas pernas me deixava mais preocupada a cada segundo, e por mais que eu não quisesse a ajuda do fascista, eu precisava.

- Mosley, eu estou mal, eu preciso de um médico. - Gemia de dor a cada palavra que tentava gritar. - Mosley, por favor.

Me sentia dentro de uma garrafa, como se gritasse porém o som de minhas cordas vocais não soassem pelo ambiente, eu estava sufocada, ao ponto de tirar minha própria vida caso não estivesse tão bem amarrada. Vi apenas o vulto de um homem descer pelas escadas, afinal, minha visão estava turva, ele vestia roupas brancas e carregava um grande maleta em suas mãos.

- Olá querida, não se preocupe, eu sou seu médico, vamos ver o que você tem.

- Quem é você? Me tira daqui, por favor. - Exclamei. - Ele me prendeu.

- Vai ficar tudo bem. - Ele falava enquanto de sua maleta tirava uma enorme seringa e um vidro de remédio. - Você agora vai dormir um pouco e eu irei te soltar, tudo bem?

- Não, pera aí, o que é isso senhor? - Ele foi aplicando a seringa lentamente - Moço, pera ai, calma, tira isso de mim.... - Repetia as palavras cada vez mais emboladas umas nas outras, por fim, apaguei.

Assim que retomei minha consciência, estava Mosley sentado em uma cadeira com o olhar fixo em minha direção, junto ao médico que a um tempo atrás havia me feito apagar completamente, meu corpo estava pesado por conta do medicamento, provavelmente, e o gosto de ferro na minha boca sobressaia. Eu estava sentada em uma cadeira sem nenhum fio me prendendo, meus pulsos estavam roxos e inchados por conta dos dias que havia ficado presa. Mosley levantou-se de seu lugar e em seguida agachou-se em minha frente, ele balançava a cabeça em sinal de negação me fazendo ficar tensa.

- Bom Ana, o médico te examinou e você teve um aborto espontâneo. Lamento. - Ele disse um pouco cabisbaixo.

- Mas eu, eu estava realmente grávida? Ai meu Deus. - Uma gota de lágrima molhou meu rosto mas logo Mosley enxugou. - Isso é culpa sua, tira sua mão de mim, sai de perto. - Estendi minha mão até a dele e a estapeei. - Eu não quero que fale comigo, me deixe.

Mosley não me repreendeu e fez aquilo que eu havia pedido, se afastou. Poderia dizer que talvez ele estivesse ficado com peso em sua consciência por todo mal que estava me causando.

- Os Peaky Blinders estão na cidade, acho melhor levar você lá para cima, venha. - Ele disse. - Marcus leve-á, por favor.

O homem me pegou pelo braço, suavemente, e me puxou para a parte de cima do local onde estava. Minha cabeça estava a mil e minha preocupação com Thomas e seus irmãos era gigantesca, eu sabia que Mosley iria se vingar e absolutamente, com toda certeza, mataria todos eles. Ele estava seguro do que faria.

- Mas eles já estão na cidade? Eu falei com ele hoje cedo. - Questionei.

- Sim, eles estão e não faça perguntas. - O capacho respondeu. - Lhe trarão roupas novas já já.

Ele me deu um leve empurrão pelas costas e em seguida permitiu que eu fechasse a porta para ter mais privacidade. Comecei a retirar minhas peças de roupa, entrei na banheira e comecei a girar a torneira para que vazasse água. Me sentei, joguei um pouco de sabão na água e tirei um momento para relaxar, na verdade esse seria meu objetivo, a única coisa que saiu de mim foram lágrimas e pensamentos avoados.

Assim que fechei meus olhos por um curto momento, Mosley adentrou ao banheiro segurando algumas peça de roupa em sua mão, ele me admirou com seus olhos enquanto eu, desconfortavelmente, tentava me tapar com os braços.

- Pode ir já, Mosley, por favor. - Disse enquanto me encolhia.

- Poderíamos ter dado certo, muito certo Ana. - Ele jogou as roupas em cima da pia e em seguida saiu, batendo a porta.

- Que ódio desse homem. - Esbravejei e bufei.

Alguns minutos depois observei que tinha uma pequena janela acima de mim, que pra minha sorte, se encontrava aberta. Levantei-me então e comecei a averiguar se havia passagem para alguém de meu porte. Logo peguei a toalha mais clara que pendurada estava, passei por cada canto de meu corpo e em seguida, bem rapidamente, vesti as roupas que Mosley trouxe a mim.

- Já terminou? - Gritou o capacho.

- Calma, estou quase lá, acabei de sair. - Respondi.

Estiquei minha coluna e com a ajuda da banheira me pendurei na pequena janela. Com um pouquinho de esforço minha cintura passou pelo pequeno orifício, e sim, eu estava livre, eu consegui sair daquele lugar e agora era a hora de correr, mas correr muito.

- Vai a merda seu desgraçado. - Exclamei.

Comecei então minha maratona, com meu sapato nas mãos, corri absurdamente como uma das éguas da família Shelby em suas corridas. Eu não podia deixar escapar aquela chance, a chance da minha liberdade.

Observei o lugar onde eu estava, parecia mais um galpão do que uma casa e para minha sorte, não havia muros, nem portões e muito menos guardas. Quando eu menos esperava, ao passar por um dos becos daquele bairro, sem destino pois não conhecia o local, senti uma mão me puxar com força e em seguida tapar minha boca me impossibilitando de gritar. O homem grudou meu corpo no dele e me segurou com força me puxando para mais dentro do beco.


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E agora? O que será que acontecerá com Anastácia? Qual será o destino da mulher? Dê sua opinião e ideias, digam o que gostariam de ver no desfecho dessa história.

✓ ESPELHOS QUEBRADOS | Thomas ShelbyWhere stories live. Discover now