12. PASSADO

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Depois de alguns longos minutos sentados naquele carro, chegamos ao local

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Depois de alguns longos minutos sentados naquele carro, chegamos ao local. Thomas acendeu uma fogueira e nós nos sentamos na areia rodeando o fogo, era prazeroso poder sentir a natureza novamente ao lado das pessoas que eu amava com todo meu coração, e para o que eu estava prestes a fazer, talvez fosse a última vez. Colocar meus pés pálidos naquela areia era como reviver a infância, me sentia mais jovem, cheia de saúde e vigor, como diria Polly.

Depois de alguns minutos em silêncio, Arthur decidiu quebrá-lo, afinal, estávamos ali para por o papo em dia também.

- Sentia falta disso, de sentir essa liberdade. - Ele suspirou enquanto seus olhos estavam fechados, ele respirava fundo o ar puro que a natureza lhe proporcionava naquele local.

- Chega uma hora que o nosso corpo e coração almejam isso, o ar puro. - Retruquei com um sorriso no rosto.

- Thomas está tudo bem irmão? - Arthur perguntou ao perceber que Tommy estava calado e cabisbaixo desde a hora em que chegamos.

- Está sim irmão, é só algumas lembranças que me veio a memória. - Ele olhou para mim. - As antigas paixões.

- Realmente Tommy. - Apoiei minha cabeça no colo de John e o mesmo acariciou meus fios de cabelo. - Nos divertimos muito aqui. - Dei uma risadinha após falar fitando meu olhar no céu.

- Eu lembro do dia em que a sua mãe te pegou com o Thomas aqui, vocês estavam só brincando mas ela já sabia que existia algo. - John comentou. - Ela foi reclamar com a nossa mãe dizendo que o Thomas tinha te desvirtuado.

- Mamãe sempre me falava para ficar longe de Thomas, que ele era encrenca. - Todos rimos, até mesmo Tommy, eu não o via rir a muito tempo daquela forma.

- E eu acho que minha tia estava certa. - John brincou.

Ergui minha coluna ficando reta e peguei um cigarro do paletó de Arthur, o acendi e em seguida o traguei.

- Foram bons tempos. - Afirmei com os pensamentos voando.

- Eu não tenho muitas lembranças com a Anastácia, vocês pareciam ser muito unidos.- Disse Finn um pouco entristecido.

- Na verdade não éramos Finn. - Estiquei meu olhar em direção ao menino. - Principalmente depois que você nasceu, eu e John chegamos a cair na porrada pra ver quem iria te segurar primeiro. - Dei uma risada. - E no final quem pegou primeiro foi o Arthur.

- É verdade, você não vai se lembrar Finn mas Anastácia não largava do seu pé, ficava atrás de você o tempo inteiro para te trocar e dar banho. - Arthur afirmou.

- Acho que sempre tive um instinto materno. - Falei e vi que logo o semblante de Thomas se desfaleceu, aquele não foi um bom momento. - Enfim, está ficando escuro, temos que retornar a mansão, os convidados logo irão chegar. - Fui me ajeitando para levantar-me, queria fugir do assunto.

- Acredito que sua preocupação maior seja o Mosley, não é? - Disse Thomas com sua sobrancelha erguida.

Me levantei, prendi meu cabelo e caminhei abraçada com Finn para o carro, assim, ignorando Thomas completamente com sua fala ignorante.

Assim que chegamos em casa, fui tomar um banho e quando o terminei caminhei para o meu quarto e coloquei um vestido branco de renda, era tão colado que marcava todos os traços de meu corpo, decotado e longo, Polly que havia separado para mim e que ótima escolha ela fez. Queria impressionar Thomas nesta noite mas ao mesmo tempo queria avisar a Mosley sobre os planos da família sobre ele, eu estava dividida, apaixonada e tentada, essa noite definiria totalmente como seria o nosso próximo ano. Eu tinha que colocar na balança e analisar o que era mais importante pra mim: A vida de alguém ou a fidelidade a família Shelby.

Os convidados foram chegando e fui os recepcionando ao lado de Lizzie e Thomas, o que era muito desagradável pelas insinuações que a mulher fazia e ela sabia que tinha esse poder sobre mim, o poder de me irritar e me fazer ficar com ciúmes, droga, ela estava certa. Vi Mosley se aproximando da entrada na casa, o homem ajeitou o seu cachecol chique e adentrou ao local admirando minuciosamente cada detalhe da festa e é claro, a mim.

- Você está extraordinária nessa noite, senhorita Anastácia. - O fascista beijou minha mão. - Você também senhorita Lizzie, impecável. Este vestido me faz ter recordações antigas.- Ele piscou para ela e a mulher o ignorou, só me faltava essa.

Abaixei minha cabeça e senti os olhares de preocupação de Thomas, ele fixava seu olhar em mim como se quisesse falar algo sério, assim que eu o correspondi fitando meus olhos nos dele, o homem fez um sinal com seus dedos para que eu o seguisse, eu prontamente o atendi. Thomas andou comigo até o salão de danças da mansão onde muitos ficaram nos observando com olhares invejosos. O cigano segurou em minha cintura a apertando e pressionou meu corpo contra o dele, subi minha mão destra até seu ombro e iniciamos a dança.

- Você está linda Anastácia, nenhuma mulher aqui se compara a você, fique tranquila. - Disse ele como uma forma de consolo ao episódio anterior.

- Não entendo, deveria dizer isso a sua esposa, não acha? - Questionei em um tom baixo e ironizado.

- Ela não é minha esposa ainda e o que tenho com a Lizzie não tem nada a ver com amor. - Respondeu ele enquanto me fazia rodar pelo salão. - Preciso saber de uma coisa Anastácia, você sente algo pelo Oswald?

Naquele momento eu travei, a resposta ficou presa na garganta e eu não conseguia ser sincera com ele, eu tinha medo, receio do que ele poderia fazer, talvez ele até estivesse desconfiado sobre minhas descobertas em relação ao seu plano para matar Mosley, eu tive que negar.

- Claro que não, Thomas. O que aconteceu comigo e Mosley são negócios e é por você.

- Então, pode sentir-se livre dele. Nós vamos matar o Mosley amanhã em seu discurso.

Eu tinha que me fazer de desentendida, mas meu coração queimava para implorá-lo e fazer com que ele desistisse dessa ideia.

- Mas por que, Thomas?

- Porque eu quero e preciso Ana, esse cara é o diabo em forma de gente. - Disse com fúria em seus olhos.

- Quer fazer a coisa certa, não é? - Perguntei e ele apenas continuou dançando comigo.

- E também... - Ele pausou a dança e segurou em minhas bochechas as acariciando. - Porque ele está querendo algo que é meu. - Thomas afirmou e meu corpo extremeceu, um sorriso bobo saiu de meus lábios.

Assim que ele disse aquelas palavras, me entregou um beijo na testa e retirou-se do salão a procura do pequeno Charlie. Aquilo era tudo que eu precisava ouvir para tomar minha decisão, eu ficaria ao lado de Thomas, ele era quem eu amava de verdade e eu devia apoia-lo.

✓ ESPELHOS QUEBRADOS | Thomas ShelbyWhere stories live. Discover now