09. UMA PEAKY BLINDER

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Era por volta das 5:00AM quando Charlie subiu em minha cama para me acordar

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Era por volta das 5:00AM quando Charlie subiu em minha cama para me acordar. Ele pulava alegre e sorridente enquanto puxava os lençóis que cobriam meu corpo. Já tínhamos retornado para a mansão, todo o pesadelo com os Changretta havia acabado. Vivíamos tempos de paz. Calmaria demais para a família Shelby, com certeza.

- Acorda titia, acorda! É natal! - Ele gritou.

- Ah Charlie, volte a dormir vai, ainda nem clareou. Papai Noel só virá a noite, ok? - Resmunguei e mesmo assim o menino não parava.

- Por favor, levanta! - Charlie me balançou.

- Annn. - Revirei os olhos. - Pronto, acordei.

Peguei o moleque no colo e comecei a fazer cócegas no tal e o encher de beijos. Assim que desviei meu olhar na direção da porta, Thomas estava lá nos observando como uma estátua, era meio assustador e de fato tinha levado um susto.

- O que você quer Thomas? - Soltei o menino no chão.

- Quero conversar com você Anastácia. - Ele fez sinal para que Charlie saísse e o menino prontamente o obedeceu. - Essa semana foi desconfortável pra todos nós, não participou dos nossos jantares e nem cafés da manhã, só dedica sua atenção ao Charlie e sai pelas ruas sem destino, isso tem que parar, você é uma Peaky Blinder querendo ou não.

- Ah, então agora eu sou uma Peaky Blinder? Me poupe das suas tentativas ridículas de me usar pros seus planos Thomas, o que você quer? Eu te conheço muito bem.

- Eu quero que volte a ser a Ana que eu conheço, a Ana que tramou para a Polly dar um tiro em Campbell, a Ana que teve o plano brilhante pra casa de apostas ganhar seu espaço, a Ana que...

- Já chega! - O interrompi. - Eu não sou mais essa Ana, essa Ana era a Ana apaixonada, que faria qualquer coisa pelo seu amor. Eu mudei Thomas.

- Ninguém muda em uma semana. - Ele estendeu a mão me entregando uma carta. - Sei dos seus planos com o Mosley, não confie nele mas diga que eu aceito. Pode levar os créditos por isso.

- O que é essa carta? - Peguei o papel e fiquei olhando fixamente para Thomas.

- Sua readmissão, bem-vinda de volta Anastácia Gray, aos negócios da família.

Assim que terminou sua fala, Thomas saiu do meu quarto, me deixando sem tempo nem de dizer um não, e era exatamente isso que diria a ele.

Pensava em milhões de coisas naquele momento e sabia que Thomas tinha um plano formado, nada do que ele fazia era em vão. Me levantei as pressas e fui atrás do tal, queria uma explicação para o que estava acontecendo, a forma com que ele achava que podia me usar era irritante.

- Thomas, volte já aqui! - O puxei pelo seu braço. - Que merda está acontecendo? Me fale a verdade.

- Coloque o vestido vermelho que comprei para você, está em seu guarda-roupas, Mosley vem jantar conosco. - Ele sorriu entusiasmado.

Naquele momento minha ficha caiu, Thomas Shelby queria me usar como sua prostituta particular, um mero meio de chegar até a porr* do Mosley. Esse desgraçado vai me pagar!

- Você quer me usar? Pois bem Thomas, você vai ver.

Dei as costas para o homem e retornei ao meu quarto, fiz minhas higienes pessoais no banheiro da suíte e então fiquei deitada com Charlie e Karl até o horário do jantar, totalmente sem ânimo para nada

- Vamos Charlie e Karl, vistam seus ternos e suas boinas para o jantar, me aguardem lá embaixo que a titia irá se arrumar.

- Tudo bem tia, fique bem linda para mim. - Ele deu um sorrisinho meigo e eu o retribui.

Assim que Charlie deixou o quarto eu abri meu guarda-roupas e escolhi o vestido branco mais chamativo e decotado que eu tinha, sem nem ao menos ver a peça que Thomas havia comprado. Enquanto me vestia a porta do meu quarto se abriu e Polly adentrou ao local a encostando.

- Você está bem minha filha? - Ela perguntou enquanto servia whisky para si.

- Ah Polly, eu estou péssima, depois de tudo que rolou entre mim e o Thomas ele ainda quer me usar como se eu fosse uma qualquer pra seduzir Mosley.

- Não me diga que será um esforço porque sei que gostou do maldito fascista. - Polly deu uma golada em seu whisky e sorriu.

- Não gostei de ninguém Polly, mas ele não deixa de ser um homem atraente e sexy. - Terminei de por meu vestido enquanto falava. - Vamos, estou pronta, hoje é o seu dia mama.

- Escute bem, tome cuidado. - Ela disse ajeitando a gola do vestido. - Tudo que os Shelbys tocam vira pó e você sabe disso mais que ninguém. Esse mundo do Tommy e Mosley é louco, não é pra você. Só cuidado, filha. - Ela apertou meu rosto.

- Polly, vai ficar tudo bem. - Acariciei seu rosto em retribuição ao carinho. - Somos ciganas porr*!

Enrolei meu braço pelas costas dela e a fiz me acompanhar. Descemos as escadas juntas, naquela noite estávamos incríveis, confiantes e poderosas, Polly receberia um pedido de casamento e eu seria a responsável por seduzir e manipular um dos homens mais terríveis de todo o país.

Caminhamos, ainda juntas, até a mesa e nos sentamos, Thomas e Lizzie apareceram logo depois e sentaram-se um ao lado do outro. A família toda estava reunida na noite da ceia, aparentemente felizes. John junto com sua esposa Esme e seus inúmeros filhos, como eles davam conta? Arthur, Linda e o pequeno Billy em seus braços, família modelo pra quem não os conhece intimamente. Thomas, Lizzie e Charlie, admiráveis. Polly paquerando apenas com um olhar seu amado Aberama que estava ao lado de seu primogênito, eles estavam visivelmente apaixonados. Michael e sua esposa Gina, felizes com o bebê que estava a caminho. Até mesmo Finn com uma de suas garotas. Restou apenas eu e Mosley, ele me olhava e eu o retribuía, ele era um homem difícil de decifrar, era perigoso e eu gostava daquilo.

- Atenção, atenção! - Aberama se levantou, tinha chegado a hora. - Nessa noite tão especial quero dizer que estou muito feliz de poder ter uma pessoa tão admirável e forte como Polly ao meu lado. Eu quero fazer com que isso dure para sempre então eu venho pedir a você, Polly Gray, - Ele caminhou em passos lentos até ela, retirou o anel de seu bolso e ajoelhou-se diante da mulher. - Que se case comigo.

- Eu aceito, é claro que eu aceito! - A rainha cigana estendeu sua mão e então lhe foi colocado o anel.

- Um brinde ao mais novo casal. - Arthur disse.

Todos erguemos nossas mãos com uma bela taça de champagne e brindamos a esse momento incrível de Polly, em seguida iniciamos a ceia.

- Bom, parabéns ao casal. - Mosley pronunciou levantando-se de sua cadeira. - Ann, senhorita Anastácia, poderia me acompanhar?

Naquele momento paralisei e minha primeira reação foi olhar para Tommy, o homem abaixou sua cabeça, fixou seus lindos e gélidos olhos azuis na mesa e não olhou nem por um instante sequer para meu rosto, pude ver o peso que aquilo lhe trazia e isso motivou-me a ir, então decidi me levantar e acompanhar Oswald até o jardim da casa de Thomas, afastada de todos.

✓ ESPELHOS QUEBRADOS | Thomas ShelbyWhere stories live. Discover now