Capítulo 3

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Tudo parecia calmo, calmo até demais. Subitamente vi um rapazinho a andar de bicicleta, devia ter uns 11 ou 12 anos mas o que me despertou mesmo a atenção foi a expressão de esforço e cansaço na sua cara.

Que trolha pensei quando foquei bem o seu rosto. No entanto, o rapazito reparou que estava a olhar pra ele e aproximou-se.

"Hey! Tu deves ser o miúdo novo, nunca te vi por aqui" fez uma pausa, desmontou a bicicleta e deu mais alguns passos na minha direção "Sou o Chuck!" e de seguida estendeu a mão para me cumprimentar.

"Newton" disse-lhe apertando a sua mão rapidamente "E sim, provavelmente sou o miúdo novo".

"Que fixe" disse Chuck com um brilho nos olhos que para ser sincero até que me assustou um pouco.

"Hmm, eu tenho de ir a um sítio, vemo-nos por aí Chuck!"

"Oh, está bem, tchau..." disse o rapaz com um certo desapontamento na sua voz.

Na verdade não tinha de ir a lado nenhum, apenas não sou muito bom a comunicar com as pessoas e entro em pânico facilmente.

Refleti por breves momentos na minha atitude e jurei a mim mesmo começar a ser mais aberto e social daqui para a frente. Mas quebrei o juramento mais depressa do que tinha imaginado ao ver um grupo de rapazes a caminhar no outro lado da rua.

Pra quê isso tudo? São apenas outros rapazes da tua idade seu imbecil, não é nenhum gangue de bandidos ou coisa do género! Dizia a minha mente na tentativa de me acalmar.

Alguns deles lançaram-me olhares de gozo, enquanto os outros pareciam demasiado ocupados a conversar para notarem a minha presença.

Olhei pra trás para ver se algum deles ainda estava a olhar pra mim e não, não estavam. Pareciam mais ocupados em meterem-se com aquele rapaz de há pouco, o Chuck, que ainda se encontrava a andar de bicicleta nas redondezas.

Não parecia que lhe iam fazer mal, provavelmente até o conheciam, quem sabe se não seriam amigos dele. Estava demasiado longe para ouvir o que diziam, mas pelo que vi não havia nenhum motivo para me preocupar com o rapaz.

Coloquei os fones e segui o meu caminho.

A luz alaranjada e típica do final da tarde anunciava a hora de ir pra casa, até ponderei dar meia volta e ir, mas não até Chuck e os rapazes se irem embora.

Felizmente avistei um banco ali perto e sentei-me nele na esperança de fazer tempo para voltar pra casa.

Passaram-se vários minutos, 20 provavelmente. Os rapazes há muito que se tinham ido embora, mas estava tão concentrado na música que deixei o tempo simplesmente voar.

Vindo do nada, alguém coloca a mão no meu ombro e nisto dou um salto como sinal do susto que levei.

"Calma, não te queria assustar! Perguntei se estavas perdido e como não respondeste decidi vir aqui".

Era um rapaz, pelo que conseguia ver aparentava ser da minha idade ou talvez um ano mais velho. Tinha olhos e cabelos castanhos, e era um pouco mais alto que eu.

"Não me assustaste" respondi rapidamente, tão rápido que nem pensei o quão ridículo soava a minha resposta.

"Claro que não..." respondeu, ironicamente "então, estás perdido?"

Parei um segundo para olhar à minha volta, estava de noite e a minha mãe devia estar preocupada. "Não" respondi num tom um pouco assustado.

"Então vai para casa, acho que já lá devias estar não?" Disse, rindo, provavelmente fazendo troça de mim o que me fez sentir uma enorme raiva a correr-me pelas veias.

"Não tens mais ninguém para chatear?" olhei-o nos olhos com toda a raiva possível e imaginária "desaparece" dei meia volta e decidi que era altura de voltar pra casa.

Levei o resto do caminho a pensar que talvez não devesse abandonar a minha personalidade anti-social, pois se não tivesse tido a estúpida ideia de ir fazer 'amigos' nada disto teria acontecido.

Chego à porta e dou por falta da minha chave de casa, perfeito, será que o meu dia ainda pode piorar?

NEWTMAS 1: A vida de Newt [A história antes de Maze Runner]Where stories live. Discover now