Capítulo 9

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Mesmo que eu não seja muito de fazer isso, me ofereço prontamente quando Alice convoca alguém da família para a ajudar com as reformas que ela está fazendo por nossa casa. E ainda que haja alguma desconfiança da parte dela em relação às minhas súplicas para ajeitarmos a casa dos meus pais, sigo firme em meus planos.
Assim que chegamos, vejo que tudo está completamente diferente do que um dia foi, e mesmo que esteja incompleto, pela indecisão eterna dela, não deixo de sorrir.
— É um estilo meio clássico. Mas acho que seu pai vai gostar. Mesmo que eu ainda prefiro algo mais moderno. Edward sempre teve alma de velho mesmo. 
Concordo com a cabeça. Os tons quentes, os estofados de couro, os livros grossos e antigos que estão espalhados pelo local que servirão como decoração, é a cara dele mesmo. 
— Acho que a mamãe vai gostar também. — Concluo.
— Fiz o quarto deles pensando um pouco mais nela. Por favor nisso, você quer ver o seu? Eu tentei fazer algo mais parecido com você, mas...
— Você acha que estamos longe o suficiente para Edward não poder estar em nossas mentes? — Pergunto por fim, interrompendo o seu fluxo de pensamento empolgado.
— Sim. Aqui é longe o suficiente, mas porque a pergunta? — Indagou curiosa.
— Que bom. — Suspiro de alívio, e sento-me no sofá que está no meio da sala, ainda coberto por plástico bolha.
— Ah, acho que entendi... — Diz se aproximando de mim. — Deve ser complicado ter um pai que pode ler mentes, não é querida? Entendo o que você está passando...
— Quando meu pai decidiu ficar com a minha mãe quando ela era humana, você foi uma das primeiras a apoiar, não foi? — Pergunto a ignorando totalmente.
— Hm, sim. Porque você está perguntando isso?
— Porque você fez isso?
— Sempre acreditei neles. Acho que ver o futuro ajudou nisso também.
— É uma pena que você não possa ver meu futuro com tanta precisão. Mas preciso que você acredite em mim.
— O que? Do que você está falando, Nessie?
— Não quero explicar muito sobre, mas preciso que você me encubra essa semana. Preciso sair durante a noite.
— Sair? Pra onde? Com quem?
— Não quero falar sobre. — Digo seria, a encarando.
— Você só quer sair?
— Sim.
— Você sabe que você é adulta, não é? Que não precisa que eu fique te acobertando para sair de noite para onde quiser.
— Eu sei. Mas você sabe como meus pais são protetores, e eu não quero ficar respondendo os questionamentos deles sobre. É algo que eu prefiro manter no sigilo. — Não sei bem o porquê, mas não estou confortável em falar que irei sair com um humano.
É estranho. Principalmente porque é tão irreal que isso esteja acontecendo.
— O que você está aprontando, Nessie?
— Vai me ajudar ou não?
— Tudo bem, mas só se você me ajudar com a reforma até ela acabar.
Suspiro derrota, mas concordo com a cabeça. Estou feliz que ela irá me ajudar. 
— Tenta não pensar nisso na frente dele, ok?
— Querida, eu sou um túmulo, até para os truques baratos do Edward. 
— Ok.
Pego meu celular, ligo-o e digito rapidamente, pois Alice está me apressando para o trabalho que teremos que fazer juntas.
Ei, idiota. O encontro irá acontecer essa semana. Amanhã me dê os detalhes, certo? Até mais.


A

ssim que chego na escola, ainda no estacionamento, Jamal está me esperando. Mal saio do carro e sou recebida com um beijo.
— Nossa, como você está abusado.
— Estou feliz. Ansioso para o nosso encontro. Tudo bem ele ser amanhã para você?
— Mas já? Bom, ok, acho que não tem nenhum problema.
— Maravilha. Vou providenciar tudo. Foi difícil mentir para os seus pais?
— Não. No fim terei ajuda. — Eu e Alice bolamos um plano de que "coincidentemente" sairmos juntas para caçar e passar a noite reformando sozinhas quando fosse o dia do encontro.
— Legal. Cara, tô muito feliz. — Diz entre alguns pulinhos. 
— Não precisa para tanto, né? 
— Deixa de ser amarga. Ou pelo menos me deixe ficar feliz.
— Ok, ok. — Apesar de não estar demonstrando, também estou feliz.
E é por isso que eu deixo com que ele me beije, mesmo que tenha pessoas vendo e provavelmente achando estranho, não é algo que me preocupo quando estou ao seu lado.

Inevitável  Où les histoires vivent. Découvrez maintenant