Capítulo 12 - Epílogo

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— Ele está morto — Essa é a milésima vez que chego à mesma conclusão, e mesmo assim, ainda não consegui chegar a uma ideia precisa sobre.
Nunca fiquei tanto tempo com um pensamento em minha mente sem solução. E nem ao ver o seu corpo em um caixão algo mudou em mim. Ainda era o mesmo sentimento de vazio e inexistência. Enquanto eu o olhava, repousando em um estofado cor bege, e vestindo um terno limpo e alinhado que não combina nada com ele, ainda é tudo vazio.
Apesar do seu corpo estar aqui, na mesma existência que a minha, ainda sim não era mais ele. Agora apenas uma parte sua, que não era a mais importante, estava apodrecendo.
O que transformava-o no que ele era, estava morto. Foi-se e deixou apenas um corpo.
— Você está realmente morto — Digo mais uma vez, agora para ele. Estou próxima do caixão, e não me contenho e toco-o. Não há nada nesse corpo, nem sequer a temperatura, que me lembre a ele.
Nada, além de nossas vivências que permanecerão em minhas memórias eternas, irão me lembrar a ele. Porque nada pode ser igual, e nem mesmo seu corpo chega a perto disso. O que era único era a sua mente, a sua risada, a linhas expressivas que surgiam ao redor dos seus olhos depois que ele falava sorrindo.
E eu nunca mais irei ver e ter isso presencialmente.
— Sim, mas ele sempre estará vivo dentro de nós — Uma voz masculina falou ao meu lado. Deixo de prestar atenção nele, e olho para  minha direita.
— É, acho que sim — Está era a pior forma de consolação existente, nada poderia evitar a dor que não era mais ter ele aqui. No entanto, precisávamos nós apegar a qualquer mínima esperança que possa nos manter são.
— Sou o pai dele — Apresenta-se estendendo uma mão para mim. — E você deve ser a Renesmee.
— Sim, sou — Comprimento-o.
— Meu filho falou muito bem de você — Sorri triste ao falar. Observo as suas expressões, e posso ver alguma semelhança com Jamal. — Pode me acompanhar por um instante?
Concordo que sim com a cabeça, saímos de perto do caixão, descemos as escadas do pequeno altar, e paramos frente a frente perto das cadeiras da pequena capela que estava enfeitada com lírios brancos e algumas velas. E com algumas pessoas chegando aos poucos.
— Você chegou cedo. As pessoas ainda estão chegando.
— Sim, não pretendo ficar até o final.
— Sério? É uma pena... 
— Não gosto de enterros.
— Entendo. Mas voltando de novo ao assunto... toda vez que eu via o Jamal, ele sempre falava de você. De uma forma tão bonita e pura que nunca vi nada parecido — Suas mãos estão em seus bolsos da calça. — E, você, definitivamente, foi muito importante para ele nesses últimos meses. O deixou em um estado de felicidade que nunca conseguimos, e... — Antes que ele termine sua fala embaralhada, uma voz chorosa feminina o interrompe.
— Você já está falando com ela? 
— Sim, querida. Venha cá. — Em pouco tempo, ela está envolvida nos braços dele. — Essa é a mãe dele, Karina. — Apenas balanço a cabeça para ela um pouco receosa talvez. — Desculpe, nem me apresentei. Sou o Samir.
— Olá... — Me apresento para os dois.
— Sabemos que você era importante para ele — Diz Karina. — E que é muito... trágico... que ele tenha morrido. Nós tentamos fazer de tudo para que ele aceitasse o tratamento... O câncer, causado por um linfoma anterior, mesmo que em estado avançando, pudesse ser revertido... Mas ele sempre foi tão teimoso. — Lamenta-se. — Vivia fugindo de casa e da escola... mesmo que a gente implorasse, ele sempre dizia algo como "vou morrer de qualquer jeito, não quero passar os últimos meses em um situação quase que vegetativa". O tratamento poderia ter dado um jeito, mas agora eu sou uma mãe de um filho morto — Sua voz torna a ficar mais triste se possível. Suas lágrimas desabam pelo seu rosto, e nem os braços fortes do seu marido parecem a amparar nesse momento.
— Eu sinto muito — Essa é a única coisa que posso fazer: sentir. — O Jamal, ele tinha tantas coisas bonitas para falar para vocês... eram... — Perco-me em minhas palavras.
— Nós sabemos, querida — A voz de Samir é reconfortante. — Enfim, vamos adiantar isso. — Ele olha para a esposa, e seja lá o que ele queira me dizer, ele quer terminar logo para poder a consolá-la direito — Ele a escreveu isso. — Retira do seu casaco paletó um envelope branco e estende para mim. 
— Uma carta? — Pergunto sem tocá-la. 
— Sim, ele escreveu antes de... bem, você sabe. Para ele era meio premeditado, então ele se adiantou em escrever alguma coisa antes. Todo mundo que ele amava recebeu uma carta póstuma dele. Essa é a sua.
— Ahn... Ok — Pego-a só porque ele me oferece de novo. — Eu.. anh. Ok. Obrigada.
— Não, eu que agradeço. Você fez meu filho feliz, serei eternamente grato por isso— Seus olhos estão marejados e quase tão tristes quanto de Karina.
— Eu... sinto muito mesmo.
— Eu também, querida. Tudo bem.
Depois disso, não consegui permanecer mais nenhum segundo naquele lugar. A tristeza parecia estar me enchendo, a ponto de me explodir. Preferi me afastar. Ficar sozinha e refletir sobre.
Mas meus planos foram por água abaixo quando meus pais sentaram-se comigo no banco de concreto da pequena praça que havia em frente à capela.
— Você quer ficar sozinha? — Pergunta-me Edward, olhando para mim fixamente.
Penso um pouco sobre, e de prontidão tenho a resposta.
— Não. É bom ter pessoas vivas ao meu lado. — Depois de falar, rio da minha própria frase, pois eles não estão mais. — Bom, pelo menos existentes.
— Certo. — Quem responde é minha mãe, encostando a sua cabeça na minha, e abraçando-me da melhor forma que pode.
Desde que tudo aconteceu, acho que essa é a primeira vez que me sinto um pouco perto do que é estar bem.
— Nessie...
— Como... — Antes que eu faça a pergunta, Edward estava pronto para respondê-la. Parece que sempre esqueço dessa sua habilidade que é de ler a minha mente.— Como vocês sabiam dele? — Pergunto mesmo assim.
— Querida... — Bella me chama, parecendo não querer tocar no assunto.
— Digam-me. Eu quero saber a verdade.
— Nessie, acho que você não consegue camuflar tanto seus pensamentos assim.
— E você sonhava com ele. Todas as noites praticamente. Sem querer, um dia a toquei. E vi.
— Entendi. — Nem as minhas memórias e sonhos estavam exclusivamente guardadas comigo. — Todos sabiam desde quando?
— Sei lá... desde sempre? 
— Ok. 
— Nessie... nós não queríamos violar a sua privacidade. Só que é meio inevitável... nos desculpe por isso. Não falamos nada também porque sabíamos que não era o que você queria. Só nos desculpe. Nunca quis ficar invadindo a sua mente, mas para mim é...
— Tudo bem, pai. — Digo. — Eu sei não é algo que você tem controle. Não tem problema. Acho que só quem tem o privilégio aqui é a mamãe, não é mesmo? — Rio.
— É, nem sempre. — Diz em um tom divertido.
Apenas rio, se ela soubesse o quão ruim é ter a sua mente assistida por outro, ela não desejaria tanto isso sem ter que usar seus poderes.
— Meu amor, se eu pudesse, abriria mão dos meus poderes. Nunca mais leria a sua mente, faria tudo isso, e...
— Pai, eu te amo. — Corto-o, e me aproximo ainda mais dele. — Eu te amo demais. Amo vocês dois. Eu sou muito grata por vocês terem me aceitado como filha, sério. E também porque iremos permanecer juntos até a eternidade. Prometo que nunca iremos nos separar, eu amo vocês demais e... porque estou chorando enquanto falo isso? — Pergunto meio nervosa, tentando conter com a palma da minha mão a água inconveniente. 
— Porque você está sofrendo. E toda vez que a gente perde alguém que gostamos muito, dói muito mesmo. É natural. — Abraça-me. — Eu sinto tanto por você  estar sofrendo, se eu pudesse, eu evitaria tudo isso. Na verdade, eu queria poder voltar no tempo e te alertar sobre isso. Talvez pudesse ser diferente.
— Não. Acho que as coisas seguiram o rumo que tinham que seguir, por mais terríveis e dolorosas que pudessem ser. Não há nada que  pudesse fazer para mudar.
— Sabe, meu amor, quando eu e a sua mãe conversamos sobre isso... decidimos não intervir porque tecnicamente aconteceu a mesma coisa com a gente. Mas a Alice previu que dessa vez seria diferente, ainda que ela não soubesse o que era. E nós deixamos porque era o que você queria e também porque faz parte...
— Faz parte do que?
— De ser humano. Você também é metade humana, precisava sentir essas emoções, ter outras vivências... sei que às vezes parecemos protetores demais, mas é porque te amamos. Só que tem vezes, que como pais, não há nada que possamos fazer, por mais que quiséssemos. 
Apenas concordo com a cabeça. As lágrimas não estão mais comigo, mas mesmo assim ainda há a tristeza.
— Você queria que tivéssemos te alertado? Impedindo de alguma forma se soubéssemos que esse seria o fim?
— Não. Acho que não. Isso também me privaria de muitas outras coisas boas. Acho que faz parte desse meu lado humano, por mais que eu o odeie. 
— Porque você o odeia?
— Porque ser humano é viver em um sofrimento constante. Quando vivencio por completo o meu outro lado genético, me sinto mais segura. Tudo que amo ficará bem ou pelo menos permanecerá ao meu lado. É tudo estável, sem mudanças, sem perdas.
— Não tem como viver sem sofrer mudanças. Tudo muda, Renesmee, e nem sempre estamos de acordo.
— Mas porque? Qual é a explicação disso?
— Algumas coisas só são terrivelmente dolorosas, e não tem nenhuma explicação.
— Que merda. Então, é isso? As pessoas morrem e a gente que fica vivo sofremos? Que merda, merda, merda! — Estou nervosa, mas a única coisa que meus dois pais fazem é me abraçar e me consolar.
Não sei por quanto tempo ficamos assim, mas depois precisamos nos soltar. Os encaro, tão lindos e jovens como dois anjos. Ao mesmo tempo que quero ficar só, não quero perder um momento ao lado deles.
— Podemos te deixar sozinha agora.
— Obrigada.
— Mas lembre-se que você não está sozinha para sempre. Nós estamos aqui, filha, e sempre estaremos.
— Obrigado, pai.
Ficamos mais um tempo juntos no pequeno banco, eles beijam a minha cabeça, e relutam um pouco para irem embora. Mas no fim, estou sozinha novamente.
Sem saber o que fazer.
— Você ainda quer ficar sozinha? — A voz grossa de Jacob se faz presente ao meu lado.
— Jake! — Digo surpresa. — Você aqui? Não esperava...
— Posso me sentar ao seu lado ou você ainda quer ficar sozinha?
— Acho que eu nunca quis ficar sozinha de verdade... — Assumo, dando espaço para ele se sentar ao meu lado. 
— Que bom. — Conclui dando um meio sorriso. — Eai, você está bem?
— Sim, acho que sim.
— Fico feliz com isso. — Sei que ele está desconfortável, mas me ajeito ao seu lado, e repouso a sua cabeça em seus ombros. 
Respiro fundo, sentindo seu cheiro, e tocando em sua pele. Parece ser a primeira vez que respiro um ar puro em toda a minha vida.
— Renesmee... — Parece que ele irá iniciar um grande discurso, mas eu o interrompo.
— Ele nunca foi um novo amor, sabe? Ele foi algo totalmente diferente, algo a parte, único. Que não poderia ser comparado com você, mas nem você pode ser comparado a ele. São amores diferentes, que não consigo explicar, mas ainda são amores. Eu nunca deixei você de lado. Você sempre esteve recorrente em meus pensamentos, e por mais egoísta que eu for, sempre te amei e sempre te amarei. Não adianta, é só que... — Não concluo. Meus lábios tremem, e eu não sei mais o que dizer.
— Nessie, eu nunca duvidei do seu amor por mim. Nunca. No que você fez não há nada de errado. Conhecer outros  caminhos, como você mesmo diz, não tem nenhum problema. Eu te amo. E sabe, já estive do outro lado, e sei como é importante sempre saber da outra opção. Não sou egoísta, Nessie. Eu te amo de qualquer forma. Não importa se não é como homem e mulher ou se é de outro jeito, eu só te amo e quero você feliz. Se for ao meu lado é lucro, e se não for, tudo bem. A coisa mais importante da minha vida é você e sempre será. Não esqueça disso.
— Obrigada... por sempre estar ao meu lado. Por me entender. Eu te amo muito. — Abraço-o.
— Eu te amo muito. — Me responde, me envolvendo em seus braços e me apertando. — E sempre irei te amar.
— Sabe, o que aconteceu entre mim e Jamal...
— Eu sei. Nunca te falei isso, mas... ele foi um dia conversar comigo. 
— Foi? — Pergunto altamente surpresa.
— Foi sim. Foi um dia qualquer; ele apareceu lá na reserva, e me encontrou. Você ainda não tinha me falado sobre, mas assim que ele me viu, ele me contou tudo. No começo fiquei com muita raiva e quis bater nele, mas ele começou a falar primeiro. Me pediu desculpas, mas disse que você era a melhor coisa que havia acontecido na vida dele. E que iria ficar o máximo que conseguiria ao seu lado. Eu ainda queria o matar, mas a forma que ele me fala sobre você... era tão linda e pura. Mas mesmo assim expulsei ele de lá. Algumas horas depois, você apareceu me contando tudo. Então, fiquei em paz.
— Porque?
— Sempre fui ciumento. Mas você foi lá, confiou em mim e me contou. Percebi que havia espaço no seu coração para mim também. Então, alguma coisa me dizia que aquela era a coisa certa a se fazer. Jamal também não apresentava nenhum perigo para você, então, tudo bem. Nós sempre teríamos algo único. Você sempre será importante para mim assim como sou para você.
— Jake... Você é perfeito. — Aperto-o, não querendo nunca mais o soltar.
— Você que é. Ei, o que é isso? — Pega o envelope que estava debaixo da minha coxa.
— Uma carta de Jamal que ele fez antes de morrer.
— Você não vai ler?
— Acho que não... quero que ela seja eterna, e se eu a ler, não será mais. — Estou com medo do conteúdo que pode ter nela.
— Porque você não o transformou?
— Não era o certo. Não era o que ele queira. Ele era de inteira natureza humana. Morrer faz parte, e eu não posso mudar a natureza só porque eu quero.
— Mas por você... o que você faria se fizesse o que quisesse?
— Não sei. — Respondo sincera. — Acho que no fim teria feito a mesma coisa. Não sei. Realmente não sei. Também não faz diferença. Eu só respeitei a vontade do Jamal, nunca faria nada que ele não quisesse. Mas...
— Mas o que?
— Está doendo muito esse caminho que resolvemos seguir.
— Quando a gente ama, a gente faz coisas que não gosta apenas pra ver o outro feliz. É complicado, mas às vezes acontece assim... Jamal estava sofrendo, e apesar de amar muito você, ele fez a escolha dele.
— É, talvez. 
— Quer um conselho? — Ele não deixa eu responder para continuar a falar. — Leia a carta. Jamal será eterno, Nessie. E nada irá mudar isso.
— Você fica do meu lado?
— Sempre.
Me afasto um pouco e pego a sua mão. Abro com dificuldades com a outra livre o envelope. Vejo a caligrafia desleixada, e demoro um pouco até realmente ter coragem para lê-la. Apesar de querer e precisar muito disso.
"Nessie, estou escrevendo essa carta, mas mesmo assim, ainda não sei o que te dizer. Porque são tantas coisas, tantas emoções, temos aprendizados e vivências que nunca conseguirei colocar em um papel. Tenho quase certeza que você irá receber essa carta quando eu estiver morto. O que é altamente cruel, mas inevitável. E espero mesmo que eu tenha tido a chance de te falar ou deixar tudo isso claro o que aqui foi escrito pessoalmente.
Quando eu decidi não seguir com o tratamento, fui a procura de viver uma vida ao que tudo era vivido de uma forma intensa. E ainda que ninguém houvesse me apoiado, segui com esse plano. Peguei meu carro, viajei por lugares que nunca fui ou revi por outros ângulos lugares que sempre fui. Busquei mudar um pouco a minha realidade que estava condenada de qualquer forma a um fim. Apenas segui meus planos incertos, até te conhecer. 
Quando você entrou no meu carro depois de eu quase ter morrido se aqueles garotos continuassem me batendo, algo dentro de mim mudou. Não sei se for o que chamam de amor à primeira vista ou somente atração.
Mas foi alguma coisa muito forte. Que nunca senti em toda a minha vida.
E quando percebi que você era tão louca igual a eu, que estava na mesma sintonia, ainda que por motivos diferentes, foi como ter ganhado um milhão de dólares apenas por respirar.
Sempre aceitei bem a minha morte, mas você me fez querer viver a eternidade. Pensei muitas vezes em deixar tudo de lado e seguir com o tratamento para o câncer. Mas acho que a paixão me deixou um pouco cego, e me divirtuou da minha própria filosofia de vida. Ser eterno nunca foi o que eu quis.
Mas ainda que eu esteja morto, por favor, nunca me mate dentro de você. Eu sei que isso é cruel, mas não me esqueça. Apenas não me lembre como o cara no caixão, mas como o cara que te fez feliz nem que seja um pouco. Relembre sempre tudo com alegria, não com a melancolia da morte.
Não acredito que essa seja meu fim. As coisas boas que fiz sempre permanecerão. E no fim, é tudo o que importa para mim.
Desculpa te envolver em um ciclo que termina com a minha morte. Eu sei que é cruel e até irresponsável. Me perdoe por isso. Mas amar você foi inevitável.
Assim como beijar você no lago.
Assim como te chamar de linda todas às vezes que te vi.
Assim como querer viver mais um pouco só por você.
Assim como fazer amor com você a céu aberto tendo como testemunha a lua e as estrelas.
Você foi inevitável. 
Me desculpe. Mas eu irei te amar para o resto da minha vida e isso será incrível. Meu amor por você nunca irá acabar.
Não sei o que irá acontecer pelo percurso que irá me levar até meu fim, mas espero que ele seja ao seu lado. E que eu não tenha medo de partir como estou tendo pela primeira vez agora.
Eu te amo, mas também me amo. E essa é a minha decisão. Lembre-se, o efêmero é sempre mais belo.
Não sei para onde irei depois parar de respirar, só espero que ele pareça com você, porque a minha ideia de paraíso tem a sua cara.
Tenho muitas coisas para falar, mas como disse acima, espero te mostrar todas pessoalmente. 
Obrigado por embarcar comigo nessa eterna aventura que chamamos de vida. Onde eu serei seu e você será minha.
Eu te amo.
Com todo amor da minha vida, 
Jah."
Depois de suas palavras mortas, estou chorando de novo. Sem saber como reagir a aquilo. A não ser o agradecer também pela existência dele na minha vida. Faço uma promessa para mim mesmo: prometo que irei honrar sempre a sua imagem, e tentar entender os caminhos naturais que a vida escolheu para ela sem nos consultar, mas que precisamos aceitar.
E que nem sempre esses caminhos são ruins.
Mas mesmo assim, eu estava desolada; minha mente estava tão absorta, as lágrimas, habilidade que eu recém redescobri que posso fazer depois de sua ida, fazem parte do meu rosto agora. Sinto os braços quente de Jacob ao redor do meu corpo, adoro esse nosso contraste. Sua boca está em minha pele, não o afasto, sei que ele está tentando me consolar, mesmo que eu esteja chorando pela morte do segundo homem que amei na minha vida. Afinal, apesar de ter um fio que nos conecta, que vai além dos nossos desejos, ele pode esticar, ceder, mas nunca desaparecer.

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