C a p í t u l o 2

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If you leave when I go

Find me in the shallows

If you leave when I go

Find me in the shallows

                               Shallows - Daughter

Pisquei os olhos algumas vezes, encostado na parede do restaurante, cruzei os braços e encarei Noah.

— Valeu pela ajuda.

— Eu quase fui preso, por sua causa, de novo. — Indaguei indignado. — Precisa parar de se meter em confusão e me levar junto, sabe que não quero isso.

— Eu sinto muito mesmo cara, juro que essa foi a última vez. 

— Se eu te pegar roubando novamente, eu mesmo trato de te entregar pra policia. 

— Tudo bem, senhor certinho, não voltará a acontecer. — Começamos a caminhar juntos para casa, seus olhos sempre me encontrando e retornando ao chão. 

— Pergunta. — Falei certo, ao me dar conta de que ele queria muito saber.

— Deu mesmo aquele colar para uma garota que nunca viu antes? 

— Não tive opções, era isto, ou ser preso por tentar te tirar dessa confusão. 

Eu e Noah éramos amigos desde o fundamental, e a minha vida inteira, se tornou meu trabalho me responsabilizar por todas as vezes em que faz algo comprometedor.

Nós sempre fomos diferentes, ele era o tipo de pessoa que teria um futuro incerto, com a ficha criminal acima da média, irresponsável.

No meu caso, as coisas eram diferentes, eu tinha todo um plano de vida traçado, faculdade, emprego, ficha limpa,o futuro perfeito, e em só mais um ano eu poderia alcançar minha primeira meta.

Se não arriscasse isso por ele, de novo.

— Acha que à reconhece? para pegarmos o... — Lhe olhei sério. — Eu ia dizer para devolver, juro!

Neguei, deixando uma risada escapar.

—  De verdade, não me ferra de novo. — Observei seu maxilar travado, pensativo. — Aliás, queria aquele colar, por quê?

— Estou devendo uma grana, achei que quitaria a dívida.

Balancei a cabeça. De verdade, eu apenas estava a espera de quando tudo desabaria sobre ele, não que eu quisesse isso, mas estava obvio que aconteceria.

Pensei na garota de mais cedo, eu com certeza à reconheceria se a visse outra vez, ela tinha uma beleza excepcional, porém, tudo que eu menos queria, era reencontra-la, assim como aquele maldito colar.

Se bem que isto poderia ferrar com a vida de Noah.

Passei a mão sobre meus cabelos, os bagunçando, a frustração estava a mil. Parei de andar, ao perceber o mesmo atender a ligação ao meu lado, sua feição preocupada me fez ficar atento.

— Preciso dar uma passada em uma festa.

— Vou com você. — Indaguei seriamente, certo de que tinha algo errado.

Ele não protestou, sendo assim, nos dirigimos a festa, de uma forma estranha, eu sentia que aquele inicio de madrugada, poderia ser ainda mais longo e complicado.

*

Eu quase podia ler "desespero" na testa de Noah, falando com o homem alto. Não tinha contato com aquele tipo de pessoa, eu conhecia de longe quando era alguém que não deveria me meter. A festa estava movimentada, para um local ilegal, passei com os olhos por toda aquela movimentação de corpos, as garotas com pouca roupa, bufei.

Eu sabia os limites, eu costumava participar de lutas ilegais, mas eu era inteligente o suficiente para não ser pego. Perto de Noah, eu poderia ser considerado um anjo, porém, não significava que eu caminhava sempre pelo caminho certo. Meu pais quem o diga.

Me encostei contra a parede, tomei um pouco de ar, em meio a multidão, uma garota loira de pele bronzeada sorriu. Ela não era alta, e vestia um vestido floral marcando seu corpo, ela sorria divertida, pensei em me aproximar, entretanto, eu não estava aqui para me divertir.

Senti meu celular vibrar, uma mensagem de Noah:

As coisas fugiram do controle, precisa ir embora, não vai querer levar outro dura da policia, preciso que pegue uma mochila na garagem antes que vá.

De novo não, passei as mãos no rosto, andando as pressas para a saída, caminhei para o que parecia ser a garagem, andei rapidamente, estava um pouco aberta, puxei evitando o barulho.

Adentrei no local, entre os três carros estacionados, subi em algo parecido com uma caminhonete, notei a mochila, não perdi tempo abrindo a mesma, coloquei nas costas, pronto para ir embora, infelizmente, não consegui continuar ao notar duas pessoas ao longe, assim que coloquei meus pés para fora do local.

A garota puxava seu braço, enquanto alguém lhe segurava, tentei ignorar aquilo, eu precisava ir embora. Porém, antes que me desse conta, meu modo automático estava ligado, e eu não tinha ideia do que estava fazendo, a não ser o fato de andar na direção dos dois.

***

Number 10_ Shivley MaliwalWhere stories live. Discover now