C a p í t u l o 9 ( Parte 1)

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Meus sonhos nunca costumaram ser os mais normais: Dessa vez havia neve, eu conseguia observar um claro horizonte, mas por mais que eu andasse eu não conseguia alcançar o local, até que uma figura aparecesse ao meu lado ele me chamava pelo nome, e finalmente eu conseguia sair do lugar.

Foi quando pude ter a visão de Bailey, sorrindo.

Abri os olhos rapidamente, encarando as paredes do quarto de hotel, sentindo os objetos tomarem forma, do meu lado eu conseguia sentir a presença de Bailey dormindo profundamente.

Estava um tanto frio, sentei na cama e abracei meu próprio corpo, conseguindo observar melhor o garoto, suas pálpebras relaxadas, e sua respiração calma, seus lábios entre abertos.

Levantei esbarrando nos móveis, e me dirigi ao banheiro, em busca de uma escova de dentes lacrada, não encontrei nenhuma, sem opções optei por pasta de dentes e meu dedo.

Demorei alguns minutos no banheiro, antes de retornar a parte principal do quarto, abri a janela, bocejando deixando o calor do sol entrar e finalmente peguei meu celular, onde conferi hora e data. Arregalei os olhos ao notar a data.

— Não acredito! — Deixei um sorriso escapar, e um sensação animadora percorrer meu corpo. — Bailey acorda! — Indaguei alto, recebendo um resmungo de volta.

Pulei na cama ao seu lado, oque fez com que ele abrisse pouco seus olhos.

— Acorda! É meu aniversário. 

Ele me encarou, com a cara amassada e um olhar levemente aberto, em uma mistura de cansaço e diversão. 

 — Parabéns. — Sua voz saiu incrivelmente rouca, umedeci os lábios enquanto observava ele sentar na cama, passando a mão no rosto. — O que quer fazer?

Disse como se já imaginasse que eu gostaria de algo.

— Las Vegas está a uma hora daqui. — Falei a primeira coisa que me veio em mente.

— Não temos vinte e um ainda, mesmo que a gente vá, não teremos como entrar na maioria dos lugares.

— Eu entro onde eu quiser, quando quiser. É meu aniversário e tem a obrigação de me obedecer.

— Vai me mandar latir e fingir de morto também? — Levantei soltando uma risadinha irônica. 

— Palhaço. — Lhe joguei um travesseiro. — Hoje será o melhor dia, você vai ver.

— Sem lista hoje? 

— Sem! — Falei antes de sair do quarto.

Não demoramos a sair, era a primeira vez em anos que eu tinha vontade de comemorar, nos últimos dois anos meus aniversários ficaram marcados por crises, foram dias sombrios, de  vazios profundos.

Porém hoje era diferente, eu estava eufórica, acho que Bailey percebeu isso, depois de devolver as chaves e adentrar no carro, dirigimos por um longo caminho, eu ria falava coisas aleatórias e esperava que meu dia não terminasse ruim.

— Contemplai as minhas obras, ó poderosos e desesperai-vos! — Brinquei colocando a cabeça pela janela do carro.

— Deveria ler o poema todo. — Retrucou rindo, mas não me incomodei, sentei ao seu lado, ligando rádio. — O que vai fazer?

— Não é obvio? Acho que as melhores músicas conseguem marcar momentos, elas sempre tocam nos momentos certos, para as lembranças certas.

Parei de girar quando uma melodia familiar me ocorreu.

— Essa é perfeita! — Quase gritei, Bailey me olhou de canto e suspirou.

— Sleeping on the floor? 

— If the sun don't shine on me today
And if the subways flood and bridges break

— Will you lay yourself down and dig your grave?
Or will you rail against your dying day?

— Quem diria que você tem um bom gosto pra músicas...

— Tem muita coisa que não sabe sobre mim.

— Acho que terei que descobrir então. — Sorri retirando minha câmera da bolsa. — Vídeo Diário, três, ou seria quatro? Não importa! Hoje é meu aniversário, dizem que é um dia para ser comemorado, então hoje eu estou no comando. — Apontei a câmera para Bailey, que concentrado na estrada não fez questão de virar o rosto. — Eu mando nele.

— Correção... Ela acha que manda em mim. — Gargalhei.

Após uma breve parada para abastecer, e uma leve discussão sobre a melhor banda, finalmente estávamos em Las Vegas, onde apesar de cedo já se encontrava em movimento.

Mais algumas indicações, e finalmente estávamos onde eu queria.

— O que estamos fazendo aqui? — Disse ao notar o grandioso espaço, as paredes bem arquitetadas, as luzes, e o cheiro forte de bebida. Alguma melodia da Britney Spears e vozes ecoando por todos os lados.

— Aqui ocorrem as melhores festas, e eu meio que conheço os donos.

— Ah, é?

— Sim! — Falei empurrando a porta, nos dando uma visão ainda maior do lugar, e chamando a atenção de algumas pessoas, sorri de orelha a orelha ao encontrar rostos tão familiares.  — Com vocês: Josh, o melhor dançarino que conheço, Any a responsável pelas loucuras e Diarra a garota mais estilosa de Las Vegas...

Assim que finalizei aquela fala fui recebida por vozes e abraços, gritinhos animados dos mesmos que não conterão a emoção em me ver.

***

Number 10_ Shivley MaliwalWhere stories live. Discover now