C a p í t u l o 17

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Havia um nada.

Me contaram muito sobre tudo mas sentir é sempre real demais.

Naquele momento não tinha nada, apenas uma sensação estranha de não me preocupar.

Não tinha qualquer preocupação, ou qualquer peso.

Apenas um vazio imenso, mas não um vazio ruim. 

Paz.

E em um segundo...

Senti todas as forças voltarem ao meu corpo, quando cuspi a água presa, sentindo o ar finalmente voltar e junto com tudo outra vez.

A primeira pessoa que vi foi Bailey, caindo sentado na areia aliviado, ele respirou fundo.

Eu soube naquele instante que ele me tirava da água, vi pelas suas roupas molhadas e sua respiração ofegante como a minha.

Percebi os olhares aliviados de todos.

A tarde anterior, Hina e eu havíamos conversado, principalmente sobre a ideia de que eu deveria falar pra Bailey sobre a sensação que me atingia de maneira estranha o tempo inteiro.

Nesse momento mais que nos demais, eu sentia a pressão de seu olhar. 

Eu soube que aquela conversa aconteceria mais rapidamente que o planejado.

— O que estava foi fazer na água Shivani? — Joalin falou, com os braços cruzados pelo frio constante que quase fazia meus ossos tremerem, enquanto Hina secava as lágrimas e disfarçava as mãos trêmulas.

Aquilo não tinha importância. Não agora.

Apenas uma coisa:

Olhei para Bailey, ele me encarava sem expressão, unicamente dessa vez eu não conseguia lhe decifrar. 

Seu olhar sobre mim era penetrante, eu nem conseguia falar.

Vi quando o moreno levantou, se afastou, ele simplesmente começou a andar pra longe. 

— Por que fez isso? — Krys falou alto se aproximando com uma espécie de toalha. 

— Eu não sei... eu...— Me levantei devagar, sentindo uma leve tontura.

—  Você está bem?

Confirmei, afinal eu quase havia me afogado, ficar de pé já me era uma dádiva.

— Vem, descansar.

— Não! — Respirei fundo. — Preciso falar com ele. 

Andei o mais rápido que pude na direção do mesmo que se afastava.

— Não vai embora por isso vai? — Lhe seguia sentindo minha cabeça dar voltas confusas. — Bailey! Se não parar eu posso fazer besteira!

Vi seus pés pararem.

Senti um alívio, me encostando em uma das pedras ali e lhe encarando.

— Eu sinto muito, mas não fique bravo.

— Por ter se afogado? Por que eu ficaria bravo por isso?

— Você parece bem irritado pra mim.

Bailey respirou fundo, o vi no limite da impaciência.

— Eu tô cansado Shivani! — Franzi o cenho. — Estou cansado das suas impulsividades, sabe onde isso te levou hoje?

Senti um nó se formar em minha garganta.

—  Foi estúpido eu sei...

—  Estúpido? Foi a coisa mais idiota que você já fez!

— Eu não queria, eu agi por impulso!

— Eu quase morri de preocupação, eu estou cansado de ver você me esconder certas coisas, pode me dizer algo real sobre você? Pois é uma tortura tentar suportar isso, você é incontrolável Shivani!

Abri a boca algumas vezes pra falar, mas nada saia por ela.

— Eu gosto muito de você, mas não dá pra ir dormir na dúvida se você vai fazer uma loucura que pode te matar!

— Eu não controlo isso, quando eu vejo já estou fora de controle, mas as coisas melhoraram muito desde que me aproximei de você!

— Isso é melhor pra você? — Apontou pro mar, e todos que estavam na areia disfarçaram a curiosidade se referindo a minutos atrás. — Me diz o que eu preciso saber... — Disse baixo.

Fechei meus olhos, sentindo um nó na garganta.

— Eu tenho transtorno de personalidade Boderline.- Sussurrei sem pestanejar.

Ele me olhou surpreso, e ao mesmo tempo quanto impressionado, esperei que ele questionasse o que era, mas ele pareceu saber bem.

 — Eu não quero perder você, eu não quero arriscar essa coisa toda, eu...

— Por que não me contou? — A decepção era notável.

— Eu posso te explicar tudo, o que é, e conversaremos e vai ficar tudo bem.

— Eu convivi com minha irmã por anos, sei o que é Boderline Shivani, sei tão bem que isso me assusta. — Falou baixo.

— Não vai embora, se você for eu posso perder o controle.

— Essa manipulação não funciona comigo. — Ele fixou o olhar nos meus, abracei meu corpo, enquanto observava ele se virar.

— Aonde vai?

— Digerir isso tudo. — Disse, indo embora, enquanto o sol nascia no horizonte.

***

Transtorno mental caracterizado por humor, comportamentos e relacionamentos instáveis.

A causa do transtorno de personalidade limítrofe não é bem compreendida. O diagnóstico é feito com base nos sintomas.Os sintomas incluem instabilidade emocional, sensação de inutilidade, insegurança, impulsividade e relações sociais prejudicadas.Os tratamentos incluem psicoterapia ou, em alguns casos, medicamentos. A hospitalização ajudará se os sintomas forem graves.

Number 10_ Shivley MaliwalWhere stories live. Discover now