Chapter 36 - Cole

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Acordo com a luz do sol invadindo as frestas da cortina e pela primeira vez em algum tempo, me sinto bem e vivo de verdade, não como um robô que está sempre no automático, apenas existindo. Essa é umas das primeiras noites em muito tempo que eu dormi bem, sem a insônia, antes, meus olhos se fechavam e eu ficava inconsciente, mas meu corpo continuava acordado e não conseguia descansar. Porém nessa noite, mesmo com a ressaca e estando quase caindo de bêbado, eu consegui descansar e apaguei completamente, tudo graças a ela.

Abro os olhos por completo e seu cheiro inconfundível ainda está aqui, mas quando passo a mão em seu lado da cama, ela já não está mais lá. Também não ouço o barulho do chuveiro de quando ela tomava banho de manhã antes que eu acordasse porque sabia que se eu fosse junto, iríamos acabar atrasando para a faculdade. Não está se olhando no espelho do armário como sempre fazia antes de sair do quarto para tomar café da manhã quando dormia aqui. E muito menos me acordando com seus beijos, ela não está aqui, na verdade, a minha Lili já não está mais conosco há muito tempo.

— Puta merda. – resmungo, me levantando de súbito da cama e vestindo uma blusa qualquer e uma calça moletom que estava jogada em cima da cadeira.

Abro a porta do quarto e meu celular começa a tocar na estante perto da cama, vou até lá às pressas. Por um momento, tenho a esperança de que seja Lili, acompanhada de um bom motivo para ter ido embora no meio da madrugada sem me avisar, mas logo vejo o nome de Damon na tela do celular. Hesito por alguns instantes em atender porque já estou cheio de problemas, mas também porque já não sei se quero matar todos os Lobos ou talvez porque minha mãe louca está lá com todos eles ou seria pelo fato de eu ser o líder dos Serpentes e vivo tentando fugir desse fardo. Nunca havia parado pra pensar o quanto a minha vida está um caos. E por fim, não atendo a ligação.

Estava prevendo passar meu domingo de outra forma, mas deu errado mais uma vez, para variar. Desço as escadas às pressas, saindo da fraternidade, preciso ir atrás de Lili para tirar satisfação e dizer que podemos tentar começar de novo – mesmo com tudo o que aconteceu. Na realidade, quantas vezes eu mesmo já fui embora antes dela acordar? Fugindo sei lá do quê. Nunca pensei que Lili faria isso, mas fez e sei que ela deve ter um bom motivo para isso.

Bato na porta repetidas vezes e minutos depois ela é aberta por uma Camila acabada, olheiras, a cara inchada e com uma carranca inconfundível, mas essa é diferente, é real. Ela me encara sem falar nada e ficamos nesse silêncio constrangedor que mesmo que fossem por cinco segundos, duraram uma eternidade, eu me sentindo mal por tudo que aconteceu entre ela e Kj, com as coisas do passado, e ela querendo matar alguém e eu sentindo que seria sua próxima presa.

— O que você quer?! Não tô no clima pra suas brincadeiras. – ela diz claramente irritada, fechando a porta na minha cara, mas eu ponho o pé, antes que se feche por completo.

— Vim ver a Lili. – digo, olhando em seus olhos e ela parece confusa. — Vai, Camila, você sabe que eu não vou sair daqui até falar com ela. – esbravejo e ela dá uma risada nazalada.

— Você realmente não sabe de nada, não é mesmo? – pergunta retórica. — Que tipo de pessoa você acha que Lili Reinhart é?

— Por que está dizendo isso?

— Ou melhor, que tipo de pessoa você acha que ela se tornou? – Seus olhos ficam vermelhos e lágrimas começam a se acumular nos cantos, ela pisca algumas vezes para afastar aquela vontade. — Lili não está aqui. – diz e abre um pouco mais a porta, me dando passagem para entrar.

— Por que você está sozinha? Ainda mais numa hora dessas. – me jogo no sofá e na mesinha de colocar os pés, na bancada da cozinha e por todo lugar, há sacos de pipoca, potes de sorvete e caixas de pizza, não sabia que elas comiam tanto assim, esse lugar tá pior que a fraternidade e olha que isso é algo muito difícil.

Opposite Sides - Season 2Where stories live. Discover now