Chapter 60 - Lili

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Estaria mentindo se eu não dissesse que não sinto falta da minha rotina de estudos, de universitária e de uma jovem adulta normal. Saber de tantas coisas e ter tantas coisas mais para lidar é sufocante. Em nenhum momento me arrependo de ter conhecido Cole ou de tudo que passamos, mas ao mesmo tempo me pergunto, e se não? Onde eu estaria agora? Com quem estaria agora? Quais seriam meus planos de vida?

Olhando para trás, lá naquela menina de 18 anos recém chegada na faculdade, cheia de sonhos e traumas, buscando seguir a carreira da mãe e orgulha-la independente de qualquer coisa. Imatura e ingênua. Mas acima de tudo, determinada. Nesse momento, me sinto longe daquela Lili. Me sinto tão distante daquela época e desde lá, já passei por diversas Lilis. Nem todas me agradavam ou eram minha melhor versão, mas de longe, essa é a pior. Essa é aquela versão que se tranca no quarto e chora como se não houvesse amanhã, sem conseguir encontrar uma saída para os desesperos que a vida trás.

— Lil...— Camila dá três batidinhas leves na porta. Se eu não estivesse tão mal, teria me impressionado por ela não ter entrado logo e me mandado sair da cama. Logo, vejo a cabeleira escura e o rosto franzido de preocupação passar pela porta. Milo se levanta imediatamente e balança o rabinho para ela. — Eles não tinham o direito de simplesmente te mandar embora da fraternidade como se fossem donos dela! — Esbraveja revelando a melhor amiga que já estou acostumada. Coloca a mão na cintura parando no pé da cama. — Eles não merecem suas lágrimas...

— Não é por isso que estou chorando. — Digo com a voz embargada e limpando as lágrimas insistentes.

— E por que é? — Por um segundo, paro para refletir nos motivos que me fazem chorar aquela noite e muitas coisas rondam minha mente. Então, me mantenho calada, ou o monólogo de problemas serão jogados sobre Camila. Ela já tem os próprios problemas para lidar. — Pelo menos você ainda consegue chorar, desde aquele dia em Los Angeles que meus pais rejeitaram o meu filho, eu simplesmente não consigo mais chorar. Ali foi a última vez. Mas sinto que está engasgado.

— Queria não ter que ficar chorando mais pelos cantos. Achei que quando me livrasse do Jus...— Minha voz trava e me impede de continuar a proferir esse nome.

— Não precisa falar, eu sei quem é e odeio, por sinal.

— Quando me livrasse dele, tudo voltaria a ser como antes.

— O que posso fazer por você? — Camila pergunta solicita. Dou de ombros, encarando o gesso. — Podemos decidir sobre a...— Ela balança os dedos da mão como se estivesse prestes a revelar algo grandioso. — NOSSA MARCA! — Dá pulinhos sentada na cama e balança as pernas no ar. Dou um sorriso amarelo tentando acompanhar sua animação.

— Não sei, Camila...não estou com cabeça para isso.

— Precisamos escolher um nome!

— No máximo sairia um grande “Minha vida é uma merda”. — Cami faz uma careta.

— Credo como você está pessimista, não te conheci assim.

— Tenta ser quase morta e ameaçada várias vezes pra ver. — Ela remexe o nariz pensativa.

— Você pode dizer que é uma sobrevivente, Lili Reinhart. — Agora é a minha vez de franzir o nariz. — Levanta! Vamos lavar esse rosto!

— Já vivi essa cena.

— É porque não sou nada criativa. Vamos lá! — Camila me puxa e dou um grito quando o gesso é puxado junto. Ela me solta imediatamente, me encarando assustada. — Opa.

— Da próxima vez, tenta me deixar com bra...— Sinto uma náusea forte e sento na cama imediatamente. Não consigo enxergar nada por alguns segundos. Fecho os olhos com força franzido o cenho e colocando a mão na cabeça.

Opposite Sides - Season 2Onde histórias criam vida. Descubra agora