Chapter 41 - Lili

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Não é que eu não queira ser mãe, só acho que há momento para tudo e esse é de longe o momento ideal para ter um bebê. Tenho muito caminho pela frente, não posso estar com o pai da minha possível futura criança e nós estaríamos correndo perigo constante. Fora que ainda sou uma universitária sem grana alguma para sustentar alguma outra pessoa além de mim mesma.

— Negativo. — Camila joga o quinto teste negativo na cama. — Negativo. Negativo. Negativo. Negativo. — Dou risada da sua cara de tédio. Dou uns pulos na cama quanto mais testes negativos eu encaro. — Esse daqui disse que é negativo de 0 semanas. — Faço uma dancinha da felicidade. — Meu Deus, Lili, eu só queria ser titia.

— Fala com a Vanessa, sei lá. Ela que está casada. — Dou de ombros.

— Mas a madrinha da Vanessa vai ser a Madelaine! — Reclama se jogando na cama dramaticamente, me jogo em cima dela e faço cócegas.

— Rainha do drama!

— Vamos contar a novidade pro Cole! — Ela grita tentando alcançar o celular, enquanto eu a seguro.

— Nem pensar, Camila! — Grito de volta.

— O futuro não papai precisa saber...— Ela tenta sair debaixo de mim. — Me larga!

Quando chego em casa, Justin está sentado no sofá, me aguardando, como sempre faz.

— Onde você estava? — Pergunta de imediato. Vim pensando o caminho todo o que iria dizer e qual desculpas daria, então já estava tudo na ponta da língua.

— Eu fiquei até mais tarde na faculdade para finalizar um trabalho. Estamos perto das provas e vai acontecer regularmente. — Ele vem até mim e sinto vontade de fugir, mas me mantenho firme e mando meus pés se fixarem no chão.

— Não gosto quando você demora para chegar. — Seus dedos percorrem meu braço e meu corpo se arrepia, mas não é de desejo, paixão e conexão. — Sinto saudades. — Abro um sorriso singelo e passo os braços ao redor do seu pescoço.

— Juro que sou toda sua agora. — Digo a contra-gosto, mas Justin pareceu nem convencido da minha vontade, porque me impulsiona para cima e entrelaço minhas pernas ao redor dele.

Fico impressionada com a forma em que trata o que aconteceu ontem a noite, como simplesmente não tivesse acontecido, estivesse tudo normal. A frieza com que aperta meus pulsos, já machucados, ao redor das minhas costas, sem se importar com o fato deles já estarem marcados, como se as marcas fizessem parte de mim. Mas elas não fazem. Foram colocadas ali e precisam sumir.

— Tudo culpa sua! — Ele me empurra contra a parede batendo minha cabeça várias e várias vezes. Já estou tonta quando agarra em meu pescoço, seus olhos estão negros de puro ódio. Sinto medo e clamo por minha vida.

No lugar de Justin, dá lugar a Cole, que aperta com mais força meu pescoço e me empurra mais contra a parede gélida.

— É assim que você merece ficar para o resto da vida. Apanhando feito uma vadia! — Ele grita contra meu rosto. Fecho os olhos bem apertados e penso que apenas um pesadelo. Mas quando os abro novamente, ainda não consegui acordar.

— Por favor, me deixa acordar.

— Não é um sonho, moranguinho.

Me sento na cama subitamente e tapo minha própria boca para não dar um grito alto e estridente que fica preso na garganta. Engulo em seco ao ver Justin acordado quando olho para trás. Vou ter que dar explicações.

— O que houve, pequena? — Ele diz se sentando também e dando um beijo singelo em meu ombro desnudo. — Fazia tempo que você não tinha pesadelos. Eu lembro que isso acontecia com frequência quando sua mãe morreu. — Encaro Justin com vontade de esganá-lo por ter tocado na morte da minha mãe enquanto estou num momento vulnerável após a porra desse pesadelo.

Opposite Sides - Season 2Where stories live. Discover now