⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀Em meio a uma viagem para Cannes, Delilah Danvers e seu grupo de amigos são convidados para um baile de máscaras por meio de cartas assinadas por um indivíduo anônimo.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀A festa parece correr muito bem, até que, quando um assassinato a...
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CAPÍTULO 09 – O Interrogatório
Na manhã seguinte, Delilah estava cansada. Suas pálpebras pesavam e sua mente divagava. Ela ainda vestia a camisola com que dormiu, sem ao menos importar-se com trajes cabíveis para a visita de Detetive Trevor Gauthier até o hotel de Cannes, que ligeiramente foi acionado para a investigação do caso da morte de Lisa Castillo.
No hall do hotel, à espera da chegada do detetive, Camille cochichava algo de olhos apertados e mãos atadas.
— Não terás medo do terror de noite nem da seta que voa de dia, nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao meio-dia — Camille recitava de cór, com a cabeça baixa. — Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti...
À sua esquerda, Devon e Ryan a observavam. Lágrimas caíam pelo rosto fino de Camille e ela não abriria aqueles olhos por nada.
— Porque tu, ó Senhor, és o meu refúgio. No Altíssimo fizeste a tua habitação. Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda — ela continuava, mas de repente parou para respirar. Abaixou a cabeça e inspirou e expirou vagarosamente durante um tempo antes de recomeçar. — E eu não quero morrer jovem. Eu não quero morrer jovem. Eu não quero morrer...
— Camille, eu estou cansada de te ouvir falar, honestamente — Devon interrompeu as preces de Belmont, comprimindo os lábios. — Ninguém mais vai morrer.
Ryan encostou em Camille, que ainda chorava e limpava o rosto vermelho com as mãos.
— Quer que eu pegue uma água para você?
— Não, não, Ryan. Deixe que eu mesma pego.
Do outro lado da recepção do Barrièle Le Gray d'Albion, Joshua Morris apanhava um maço de cigarros do jeans como distração. O sol reluzia na janela e iluminava o loiro de seus fios. Joshua prendeu um dos cigarros entre os lábios e o acendeu com um isqueiro.
— Se Lisa estivesse aqui, sei que arrancaria isso de sua boca — Delilah murmurou bem ao seu lado, não se arrependendo pela inconveniência. — Sabe, Josh, não considera parar? Por ela?
Joshua a analisou dos pés à cabeça e lentamente puxou o cigarro.
— Sequer tomou banho hoje, Danvers? — Seu tom era de desprezo, sua voz era rouca e fraca.
Delilah riu, os movimentos de seu corpo quase dormentes. E então suas mãos tocaram nos ombros de Josh, que a encarava aborrecido.
— Não.
E saiu sorridente, caminhando com grandes pantufas roxas cobrindo seus pés.
Joshua a seguiu com o olhar, fazendo um breve gesto com as mãos em sua direção. Delilah era míope, então certamente não conseguiu decifrar a mímica.
Pela manhã, ficava tão exausta que mal conseguia perceber o seu redor, mas reconheceu bem o velho homem agasalhado que, de repente, parou em sua frente.
— Bonjour, miss Delilah — o sujeito acenou com a cabeça, com uma das mãos segurando seu chapéu preto. — Que satisfação em revê-la.
— Detetive — ela estendeu o braço direito para cumprimentá-lo. — Até que o senhor é bem pontual.
— Ora, madame, jamais perderia um bom mistério... — Ele semicerrou os olhos, hesitante. — Faria a gentileza de conferir a presença de todos os envolvidos no caso?
— Ah, sim, estão todos aqui. Belmont foi se refrescar, mas creio que já esteja voltando.
— Ótimo. — Sua expressão era enigmática, o que sempre confundia a cabeça de Delilah sobre qual seria o seu próximo passo. — Será um longo dia, miss Delilah.
Ela sorriu amarelo e se retirou.
Após minutos de reflexão nos exteriores do Barrièle, Gauthier arqueou as sobrancelhas, jogou o charuto em uma lixeira de metal e aproximou-se dos garotos.
— Et puis? Por quem devo começar?
Devon ergueu o braço, como quem pedisse permissão para falar.
— Pela Lisa — brincou. — Ela com certeza gostaria de responder várias perguntas.
— Quero começar por você.
— Por mim?
— Si cela ne vous dérange pas.
— Nunca me ensinaram francês — Radke soltou uma risadinha forçada. — Creio que deveríamos começar pelos principais suspeitos, não acha?
— Não há principais suspeitos até o momento, madame.
— Oh, sempre há, detetive. Os namorados das vítimas sempre terão de ser os número um suspeitos para tais crimes... Tal como este — ela disse. — Joshua Morris está mudo desde o funeral de Lisa. Também não o vi hora alguma no leilão...
— Devon! — Camille a repreendeu com os olhos e Radke mostrou-lhe a língua.
— Não tenho nada a esconder, Devon — afirmou Joshua, acompanhando Detetive Gauthier até um sofá mais afastado do hall.
O Detetive sentou-se primeiro, com uma perna por cima da outra. O lugar era de pouca iluminação, porém claro o suficiente para que fosse visível quaisquer reações inesperadas.
— Vou me apresentar novamente por formalidade — Gauthier exibiu-se, assim que ambos já estavam longe de todos. — Sou detetive Trevor Gauthier. Se não for de seu incômodo, monsieur Morris, eu gostaria de gravar a nossa conversa, para facilitar as coisas.
De repente, ele puxou um pequeno gravador de voz de seu bolso embutido no smoking preto e o pôs para funcionar.
— Certo. Estamos com Joshua Morris, íntimo de Lisa Castillo, para discutir os eventos da noite em que ela foi encontrada morta, há três dias, em vinte e três de Setembro.
[...]
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𓈒ׁ♥︎⬞︎ⴾⴾ䕽❜💬!ᰢꫬ • "bonjour": bom dia. / • "et puis?" e então? / • "si cela ne vous dérange pas": se não for lhe incomodar.