capitulo 15🍃

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" Não me peça para ter esperanças.
A esperança machuca.
Não quero mais me machucar"

—  desconhecido

Boston/ 23 de março / 19:35 PM

— Amigos, eh... — Noah murmurou, se sentindo decepcionado.

Isso. Decepcionado.
Mas soube disfarçar bem.

Esperava ser algo mais. Ele realmente achou que, de acordo com tudo o que tinha achado dela, eles pudessem ser algo mais.

Mas aí ela ofereceu sua amizade, e ele não soube como negar.
Afinal, era melhor aceitar que a teria em sua vida, mesmo como amiga, do que não tê-la, ou não vê-la nunca mais.

Porque para ele, ao conhecê-la, shivani  dava aquela sensação de muito mais. As palavras vagas que ela soltava, eram muito mais. O olhar perdido de vez enquanto, era muito mais. E os segredos que ela escondia, eram muitos.

Ela lhe dava uma sensação esquisita no estômago, e cada minuto ao seu lado, era ainda mais intrigante e inspirador.

Noah simplesmente não conseguia dar as costas para um labirinto, cheio de tantas proezas e de tantos desafios, que requeria esforço para encontrar o seu final.
E era isso que ele queria. Queria encontrar o final dela. Porque apesar da largada parecer bem mais excitante, quando se alcança a saída, tudo parece fazer muito mais sentido.

— Disse alguma coisa? — Ela estreitou os olhos, enquanto tentava se equilibrar no meio fio com a ajuda dele.

— Eu disse que já que somos amigos, que tal me contar um segredo seu?

Ela pareceu pensar, enquanto agarrou a mão dele, para servir de apoio na sua brincadeira boba de criança, de se equilibrar na calçada das ruas.

— Eu só bebi aos dezenove anos, ou seja, ano passado. — E então, ela levantou a latinha de cerveja que estava em sua mão, sorrindo brincalhona.

— Que baita segredão! — Noah  revirou os olhos, sorrindo.

— E você, esconde algum? — Ela perguntou, dando um gole na cerveja e continuando a sua brincadeira irritante em se manter por cima do meio fio, enquanto andavam sem rumo algum até o carro.

— Não tenho segredos. — Ele deu de ombros.

— Todo mundo tem segredos. — Ela sussurrou, entretida.

— Bom, todo mundo menos eu. — E ela realmente acreditou. Noah parecia tão convicto daquilo, tão sincero, que não havia motivos para desconfiar. — Não tenho nada muito dramático ou clichê na minha vida. Não sou órfão, meus pais não são de uma máfia, não tenho um padrasto que espanca a minha mãe ou uma namorada maluca que me persegue, até porque, nunca namorei.

Shivani  estreitou os olhos, divertida.

— Bom, eu acho que essa sua avaliação sobre sua vida está um pouco atrasada. — E riu. — Você é um residente que numa festa acabou bebendo demais e acordou numa praça pelado ao lado de uma garota muito linda e que estava de passeio em Boston. Aí vocês se apresentaram, mas um dia depois ou dois, vocês se viram novamente, o que é bastante suspeito já que um dos dois só poderia estar seguindo o outro, no hospital aonde trabalha. E depois marcam de se encontrarem novamente e agora está aí, segurando a mão dela enquanto ela promete sua eterna amizade...

Ele fez um bico.

— Isso são só os últimos acontecimentos...

— Mas que daria uma ótima história. — E então ela piscou, voltando-se para a frente e focando nos seus pés, que vez ou outra saía dos trilhos.

— E quem disse que a mulher que eu conheci é muito linda? — Ele provocou, sorrindo latino. O típico sorriso de presunção e que estava ali apenas para gerar uma briga com quem estivesse vendo.

— Eu disse! —  shivani respondeu na hora. — Ela é maravilhosa. Tanto que deixou o guarda que corria atrás deles até no chão.

— Eu acho que foi por causa da rasteira que ela deu nele, não?

— Detalhes... — Ela ignorou, mas voltou ao escutar a gargalhada dele. — Tá livre amanhã?

— Por que? — Ele soltou sua mão, as enfiando dentro de seus bolsos, curioso.

— Quero beber .

— Você já está bebendo. — Ele a lembrou.

— Quero beber com meu mais novo melhor amigo...

— Então tá. — Ele assentiu, concordando por fim, até porque, não faria nada amanhã mesmo, e também porque naquele instante, somente ela estava bebendo. Minutos depois, que pareciam terem ficado sem assunto, ele franziu a testa, antes de perguntar: — Você realmente me considera seu amigo, assim, tão rápido?

Ela o fitou em silêncio, sem demonstrar qualquer reação que fosse, ou o que estava sentindo .

Mas aí ela tomou ar, direcionou o corpo pra frente e gritou um sonoro " SIM", que somente fôra ignorado graças ao barulho dos carros.

Mas noah ouviu claramente.

— A maioria das pessoas pode achar maluco alguém confiar tanto em quem acabou de conhecer, mas eu não. Eu aprendi a escolher as pessoas com quem ando, e saber distinguir as boas das ruins. — E aquilo, não fôra uma mentira. Ela se sentiu orgulhosa por não estar mentindo para ele sobre aquilo. Era algo do qual ela sofreu muito, para um dia estar sorrindo, diante da mesma situação. — Já passou tantas pessoas pela minha vida, sabe, e pouquíssimas ficaram. Eu acreditava que uma amizade se fortaleceria com o tempo, mas ele só bastou para fazê-las se afastarem. Então, eu finalmente entendi que confiar desconfiando a vida toda, não é legal.

Ele continuou em silêncio.

— Existem todos os tipos de amizades por aí. Eu já experimentei de todas, acredite, e somente uma me bastou. Bom, agora duas. — E então ela sorriu. — Tenho Sabina, que sempre me apoiou e serviu como um exemplo de que em meio a tantas escolhas erradas, pude escolher uma boa. E agora...você.

— E o que aprendeu comigo?

— Que existe um tipo de amizade, que eu deixei passar. — Ela respirou fundo, parando de andar. — Aquela amizade que de todos os ângulos que possa enxergar, você realmente não merece tê-la.

A sua mentira em abril  (Noavani)Where stories live. Discover now