capitulo 27🍃

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" E se eu acabar virando uma lembrança, espero ser aquelas que te fazem sorrir"

— Desconhecido

Boston/ 28 de março/ 11:34 AM

Shivani já havia perdido as contas de quantas vezes já havia feito e desfeito suas malas, arrumado e desarrumado seus cabelos, e se decidido de que iria fugir, mas voltando atrás em todas as vezes.
Do que adiantava, afinal, fugir?

Estava fadada a viver aquela vida miserável para sempre, caso não fizesse alguma coisa. E, por mais que a sua vontade era de desistir, a sua coragem, entretanto, não a fazia ir adiante.

Ela cresceu acreditando que a família vinha a cima de tudo.
Tinha perdido o pai muito pequena, e com isso, sua mãe achou conviniente que ela tivesse uma imagem paterna por perto, mas desde que o dinheiro pareceu ser prioridade para sua mãe, tudo mudou.

Era tudo, sua mãe afirmava, para o seu futuro.

Mas aquilo...estava acabando pouco a pouco, com ela.

— Você pode ficar comigo, se quiser...

Sabina sugeriu, vindo ao  seu amparo.
Mas não era tão simples, assim.
Shivani  tinha honra..
Sabia manter uma promessa...
E por mais que sua mãe estivesse a vendendo, mesmo assim, ainda era sua mãe.

E ela faria de tudo, para não vê-la na cadeia.

— Obrigada, mas não. — Ela respondeu, deprimida.

— E o que eu posso fazer por você então?

— Me matar... — Shivani  sussurrou, agarrada ao travesseiro. — E de preferência, me assegurar que na próxima vida eu terei uma família normal.

— E acredita em próxima vida?

— Eu acredito em tudo, menos em mim mesma. — Resmungou.

— Shiv... se não está se sentindo bem com tudo isso...se não quer levar a diante esse casamento...desista. Por favor, desista. Tenho certeza de que todos darão um jeito. Você não precisa fazer isso...

— Eu não posso..

— Pode! — Sabina elevou a voz, indignada por sua amiga estar desistindo cedo demais. — Pode sim. Use a sua voz e decida por si mesma o que quer da sua vida. Ninguém pode fazer isso por você, à não ser você mesma.

Mas shivani ...já havia desistido.

Tantos anos escutando que os filhos deveriam ser obedientes aos pais, e que acima de tudo, serem fiéis às escolhas dos pais, a deixaram um pouco confusa sobre tudo.

Era verdade sim que os filhos deveriam ser obedientes aos pais.

Mas a sua mãe distorcia qualquer ensinamento para se vangloriar, e a ensinou de que não importasse o que ela queria, era o desejo dela que deveria ser cumprido.

Priscila era uma mulher fria, calculista e gananciosa, e que manuseou o psicológico de sua filha de forma que shivani se via presa às escolhas da mãe, não importasse como.

— Eu não aceito que... — Sabina se interrompeu, apenas porque escutara a companhia tocar. — A gente ainda não terminou esse assunto... — Avisou a shivani , antes de ir até a porta e a abri-la.

Noah Urrea já estava começando a se acostumar com aquele prédio, aquele apartamento, aquela vida que de repente passou a ter.

Há uma semana atrás, ele era apenas um idiota que se divertia com as internas e se importava apenas com a sua profissão, os seus amigos e os seus pacientes, que de um jeito ou de outro, ele se apegava.

Mas então, ela apareceu.
Roubando silenciosamente aquela sua pose de Bad boy, e lhe ensinando coisas das quais ele deixou passar.

— Shiv, visita pra você! — Sabina se virou, apenas para avisa-la, antes de se voltar a Noah, no intuito de lhe fazer um pedido. — Por favor, consegue tirá-la de dentro de casa? Ela anda um pouco deprimida desde que... — Ela balançou a cabeça. Era shivani  que deveria contá-lo sobre sua história. — Em fim...tenho medo de que ela entre em depressão.

— O que aconteceu? — Noah mudou sua expressão, entrando no apartamento.

— Sinto muito, mas isso, quem deve contar é ela. — E então apontou com a cabeça para a morena que estava deitada no sofá, com o olhar perdido para qualquer canto daquele lugar. — A shi , ela... — Sabina engoliu em seco. Sua vida também não era fácil. Criava uma criança sozinha, mas pelo menos, tinha sua família com quem contar. Mas shivani , nem mesmo isso ela tinha. — Ela tem passado por alguns problemas pessoais, e isso a está machucando por dentro. Você não...você não entenderia..

Noah assentiu, compreendendo, antes de se aproximar da morena no sofá.

— Acho que já está na hora de acordar, dorminhoca... — Ele murmurou, fazendo-a levantar os olhos para enxerga-lo. — Oi..

— Oi...

— Quer dar uma volta comigo? — Perguntou, apontando com a cabeça para fora.

— Não está de plantão?

— o meu plantão começa às 17:00. — Comentou, se endireitando. — Até lá, tenho tempo de sobra para nos divertimos..

— Não estou com vontade.. — Ela sussurrou, desviando o olhar dos dele.

— Se não for por bem...vou te levar a força.. — Ele avisou, ameaçando a pegar no colo.

— Tudo bem...tudo bem... — Ela se rendeu, se levantando estressada.

Mas aquilo, era uma batalha ganha para Noah, assim viu Sabina.
Ela suspirou em alívio, ao ver a amiga ir para o quarto, trocar de roupa.

Era tão bom saber que shivani possuía apoio, mesmo que sem saber.

A sua mentira em abril  (Noavani)Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz