Capítulo 01 - Viciado em chorar

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 Tamborilando ansiosamente o envelope com os dedos, Remus atravessava a escola, rumando para a sua sala.

Tinha noção do aquilo que carregava consigo dentro do envelope era, embora não soubesse, de forma clara, o que exatamente o conteúdo tinha. E Remus Lupin tinha certeza de que aquilo que Dumbledore lhe dera era uma foto.

Suspirou, espiou o pequeno envelope, e resolveu guardá-lo dentro das vestes velhas que usava, para que evitasse os olhares intrometidos de alunos que pareciam que não tinham nada a fazer senão querer saber da vida dos outros. E Remus Lupin não queria olhares curiosos sobre si, embora, desde que entrara como professor de Defesa Contra as Artes das Trevas naquele ano, ele sempre fosse seguido por pares de olhos; talvez os alunos estranhassem o tipo de roupa que Remus usava; ou talvez suas cicatrizes chamassem a atenção alheia; ou, até mesmo, os outros estranhassem com o fato de que todo o mês o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas deles adoecia, e só voltava a trabalhar quando a lua cheia não fazia mais parte do céu noturno.

Remus nunca saberia, exatamente, o que se passava na cabeça de seus alunos, que cochichavam coisas entre si.

Virou o corredor, e viu dois alunos nos quais ele sabia perfeitamente que era Dino Thomas e Simas Finnigan, que antes conversavam mas, ao ver o professor, acenaram a ele, sorrindo e comentando do quanto eles gostaram da aula anterior.

Remus Lupin era uma homem no qual tinha uma facilidade em conquistar seus alunos, fazendo-os se sentirem confortáveis. Talvez ele propunha aulas mais interativas e divertidas, ganhando o amor das crianças na qual ele ensina.

Mas Remus tinha mudado consideravelmente durantes os últimos vinte anos. Era um cara tímido, que parecia ser reservado, abrindo-se apenas para seus mais próximos amigos. Não tinha o costume de encantar as pessoas nos anos passados, quando ainda era um adolescente, a não ser que essa pessoa fosse um tal grifinório de sobrenome "Black".

Era uma pena saber que Sirius Black era um traidor, e era uma pena maior ainda saber que Remus achava que isso era a verdade.

Sem ter noção de que finalmente chegara à sua sala, pois estava imerso em seus devaneios, Remus fechou a porta, e a primeira coisa que fez logo ao fechá-la foi caminhar diretamente ao seu malão trancado, que estava no chão.

Apanhou a chave de dentro do bolso da calça e destrancou o malão com um ruído quase inaudível, então abriu-o. Revirou algum de seus livros aos quais não cabiam na pequena estante de sua sala, até achar o que realmente estivera procurando.

Retirou o álbum de fotos de seu malão com todo o cuidado que conseguiu e relaxou-o sobre sua escrivaninha organizada. Sentou na cadeira à frente da mesa soltando um suspiro de alívio e cansaço com a pequena caminhada, e retirou o envelope das vestes sem muita cerimônia, depositando-o sobre a mesa. Talvez fosse uma boa ideia abri-lo mais tarde.

Remus Lupin suspirou mais uma vez quando tomou a decisão de que iria abrir o álbum e analisar suas fotos, mesmo sabendo que aquilo seria emocionalmente prejudicial a ele: toda vez que ele abria aquele maldito álbum, ele não conseguia parar de chorar; deixava-o péssimo.

Mas Remus não conseguia parar de olhá-lo e folheá-lo, embora aquilo o fizesse chorar. Afinal, chorar virou um vício a ele.

Sabendo que aquilo poderia ou não ser uma boa ideia, Remus Lupin virou a primeira folha e mirou a primeira fotografia daquele álbum, se preparando para o que suas emoções provavelmente fariam com ele ao se lembrar de cada momento daquelas malditas — ou talvez, benditas — fotos.













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O álbum de fotos - WolfstarWhere stories live. Discover now