Capítulo 05 - O probleminha peludo de Remmie

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20 de março de 1973



— Devia ter nos contado sobre sua licantropia, Remus.

Lupin pendeu a cabeça, seu queixo raspando em seu peito.

— Eu tinha medo. — respondeu ele aos amigos, sem hesitar.

Na enfermaria de Hogwarts, Remus Lupin era o único no qual ocupava um leito. Seus três amigos, no entanto, estavam sentados em volta da cama. Todos tinham preocupação, exceto Remus, que, se não estivesse tão fraco, teria certeza de que correria daquele lugar para se esconder e nunca mais voltar a encarar os amigos.

— Medo do que? — perguntou Peter curioso, arrastando a cadeira para mais perto.

— Medo de perder vocês. — respondeu. — É claro que nesses últimos dois anos eu fiquei inventando desculpas para que vocês não me seguissem na noite de lua cheia mas... — ele suspirou, sentindo a tristeza subir pela sua garganta, deixando sua voz falha. — Vocês não deviam ter me seguido. Vocês poderiam ter morrido. Eu sabia que eu não devia ter feito amigos; eu sabia que vocês poderiam descobrir a qualquer hora. Eu fui muito burro.

— Você é o mais inteligente de nós, Remmie. — contrariou Sirius calmo, e Remus sentiu o coração se aquecer com o apelido.

— Mas... Ninguém iria querer ter um amigo lobisomem...

— Eu tenho o melhor amigo lobisomem do mundo. — James sorriu solidário. — Você ainda é nosso amigo. Sua licantropia não vai afetar nossa amizade.

— James está certo. — enfatizou Sirius. — Você tem um probleminha peludo que aparece apenas uma vez por mês. E nós vamos estar do seu lado. Para sempre.

Remus ergueu a cabeça.

— Para sempre? — repetiu, sentindo os olhos arderem.

— Para sempre. — disseram os três.

Remus voltou a abaixar a cabeça, enxugando os olhos para não chorar, e sorrindo aliviado. Mas quando sentiu sua cama afundar, e três pares de braços o rodearem, Remus desabou, e começou a chorar como nunca, soluçando forte e secando as lágrimas sem parar, mesmo se elas voltassem a rolar logo após. Sentiu as cicatrizes abertas de seu rosto arderem com as lágrimas, mas não sentiu dor. Com certeza, o amor que ele sentia por seus amigos era superava até mesmo a sua pior dor; até mesmo a dor de suas transformações.

— Está bem? — perguntou Peter, nervoso.

Remus concordou com a cabeça lentamente.

— Nós vamos te ajudar com suas transformações. — afirmou James. — Uma coisa eu sei: lobisomens não atacam animais...

James se auto-interrompeu, e ele e Sirius trocaram olhares cúmplices.

— Está pensando na mesma que eu? — perguntou o Black ansioso, sorrindo com o olhar confuso de Remus.

— Se você estiver pensando sobre nós virarmos animagos, então sim; eu estarei pensando na mesma coisa que você.

O queixo de Remus foi ao chão, e sua boca ficou num perfeito oval.

— Animagos? — repetiu preocupado. — Ilegais? Bem debaixo do nariz de Dumbledore? Não é fácil, e é muito perigoso.

— Iremos fazer o que precisar para te ajudar, Remmie. — Sirius sorriu.

— E eu vou matar aula para ficar na biblioteca; — afirmou James. — mesmo se eu precisar ir para a sessão reservada com minha Capa!

Remus sorriu, e seus olhos miraram a máquina fotográfica abandonada de Sirius no chão da enfermaria. Teve uma ideia.

— Sabe do que é que falta? — perguntou, e os três o seguiram com o olhar, vendo Remus se inclinar e pegar a câmera fotográfica.

Sirius sorriu animado, tendo uma breve e silenciosa sessão de comemoração quando Remus ergueu a câmera. Seria a primeira foto que tiraria com aquela câmera, que foi erguida na direção de James, Sirius e Peter.

Mordendo a língua involuntariamente para se concentrar em alinhar a câmera do jeito certo, Remus viu, através da lente, Sirius puxar os outros dois para que eles coubessem na futura foto, que, com um flash pouco escandaloso, escorregou para fora da máquina.


Através dos olhos embaçados, Remus Lupin viu três garotos na foto. Aquela era a primeira na qual Sirius aparecia e, pelo que Remus podia ver na foto, ele estava animado com isso.

"Para sempre"... era encantador o modo ao qual as crianças pensavam inocentemente sobre o futuro. O que aquelas crianças diriam caso soubessem que James e Peter morreriam por volta dos vinte anos enquanto Sirius seria um traidor prisioneiro. Justo Sirius, o homem no qual era o último que Remus pensaria a ser um traidor!

Remus, no entanto, tentando controlar a vontade maluca de chorar, leu as seguintes palavras, escritas amorosamente por Sirius:

"03/73

O probleminha peludo de Remmie

Foi aí em que nós nos tornamos mais unidos ainda, se é que fosse possível.

Tirada por: Remmie, o amor da minha vida"

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