Capítulo 18 - O cão negro

165 24 19
                                    


 Harry Potter estendeu a cabeça de modo que pudesse enxergar o que o professor estava olhando na superfície do Mapa, mas não conseguiu fazê-lo pois ouviu vozes familiares de seus dois melhores amigos, um chilrear vindo de um gato agitado, e um guincho agudo de um rato em pânico. Virou seu corpo ao mesmo tempo que Remus girou nos calcanhares para olhar.

Perebas, o rato de Ron, virou o corredor onde estavam, o animal não percebeu a presença de Harry e Remus porque estava ocupado demais fugindo de Bichento, o gato de Hermione, que derrapou no corredor assim que o rato mudou o rumo de sua corrida. Mas a fila não acabou aí pois Ronald Weasley veio logo atrás do gato, dizendo coisas sobre Bichento ser um gato assassino; Hermione Granger corria atrás dele, se lamentando ao gato que ele não podia seguir o Perebas. Nenhum dos dois amigos notaram que Harry estava ali, mas continuaram a seguir seus dois animais de estimação e, por um segundo, Remus Lupin não estava mais ao seu lado.

Agora o professor corria atrás de Perebas também e, embora fosse mais velho e mais cansado, Remus corria mais rápido que Ron, cujas pernas doloridas pela corrida dificultavam sua velocidade. Hermione parou no lugar, quase caindo em cima de Ron, seus olhos arregalados viam o Prof. Lupin atrás de Perebas; inclusive Bichento parecia confuso com o jeito de agir do homem.

Foi só então que, ofegantes, Hermione e Ron perceberam que Harry estava ali também , tão perplexo quanto eles.

— Harry — gemeu Hermione, apoiando a palma de suas mãos em seus joelhos. —, o que está acontecendo? Pensei que estivesse em detenção com o Prof. Lupin.

— Eu estava — afirmou Harry. —, mas ele não pediu para eu fazer nada; ele me mostrou umas fotos e o tal de Almofadinhas do Mapa do Maroto, então eu mostrei o Mapa para ele, ele viu Pettigrew fugindo do Bichento, e de repente foi atrás do Perebas... OH!

Harry franziu o cenho, fixando seus olhos em qualquer canto do corredor.

— Será que... será que Pettigrew não está morto?

— Está insinuando que Perebas é Peter Pettigrew, o cara morto? — exclamou Ron, encarando o amigo como se ele tivesse sete cabeças. — Não é possível, Pettigrew virou pedacinhos, a única parte de seu corpo que encontraram foi o seu dedo... — a sua expressão perplexa tornou-se horrorizada. — Perebas não tem um dedo! Mas Perebas não pode ser, está comigo há doze anos...

— Pettigrew morreu há doze anos... — afirmou Hermione, parecendo tão horrorizada quanto Ron. — O que estamos esperando? Vamos atrás do Prof. Lupin, ele deve saber de alguma coisa!

Os três correram em rumo ao lugar onde Lupin, Bichento e Perebas desapareceram, seguindo os bufos ariscos de Bichento para saber onde eles deviam seguir, até que os ruídos de Bichento levaram para o exterior de Hogwarts.

Viram uma cena completamente inacreditável: Bichento saltou na grama, os dentes à mostra, e agarrou Perebas. Ron gemeu frustrado. O gato, entretanto, com o rato se contorcendo na boca, estendeu o rabo peludo e saltitou na direção de Remus que, ofegante, murmurou alguma coisa ao Bichento, afagou a cabeça do gato e, com cuidado para não fazer Perebas escapar, apanhou o rato de boca dele.

Harry, Ron e Hermione correram depressa na direção de Bichento e Remus, que analisava o rato se contorcendo em sua mão com completo interesse. Era ele, era Peter Pettigrew; embora faltassem alguns tufos de pelo no rato, ele ainda estava reconhecível, Peter estava mais magro — afinal, estivera na forma animaga durante doze anos —, mas o dedo indicador faltava.

— Genial... — gemeu Remus. Ouviu sons de passos atrás de si, e viu Harry, Ron e Hermione chegarem. A garota se agachou para pegar Bichento, que cedeu com tanto carinho que pareceu que nada daquela correria havia realmente ocorrido.

O rosto de Ron, no entanto, estava contorcido em confusão e mágoa, seus olhos fixos em Perebas, que não parava de guinchar.

— Eu preciso ficar com ele, Ron — ofegou o professor. —, acho que acabei de desvendar algo inacreditável.

— O que está querendo dizer...?

— Estou querendo dizer que, na verdade — o professor suspirou, erguendo as mãos que seguravam o rato firmemente. —, este rato é...

Mas Remus se distraiu no meio da fala quando Bichento saltou do colo de Hermione e não só caiu em pé na grama sem nem ao menos fazer barulho, como também desatou a correr em direção à casa de Hagrid.

— Bichento, volta aqui! — murmurou Hermione, batendo na própria perna para chamar a atenção do animal. Mas aquilo não impediu Bichento de continuar correndo. — Oh, meu Deus, para onde é que...

A garota foi atrás do gato enquanto chamava-o sem parar. Ron e Harry, sem saída, seguiram Hermione, e Remus foi logo atrás.

— O que você iria dizer, professor, sobre o Perebas? — perguntou Harry ofegante, enquanto ele, Ron e Remus corriam atrás de Hermione.

— Esse rato não é o Perebas — respondeu o professor, quando Ron virou a cabeça para escutar. —, é isso o que eu quero dizer; ele, na verdade, é Peter Pettigrew. Pettigrew não está morto, ele é um animago. Éramos amigos na escola. Ele fingiu a própria morte, criando a mentira de que foi Sirius Black quem o matou. Mas, na verdade, Sirius nunca matou ninguém.

Harry e Ron trocaram olhares, mas o grito de Hermione fez os três pararem de correr.

Bichento, agora, estava no colo de Hermione, o rabo balançando de um lado para o outro, parecia tranquilo demais para uma situação tão tensa. Havia um enorme cão negro, bem diante de onde estava Hermione; a garota recuou com medo embora o cão não estivesse com os olhos nela, e nem ao menos estava feroz.

Os olhos de Sirius Black em sua forma animaga demonstravam completa emoção ao fixá-las em Remus Lupin. Ele não imaginava que iria encontrá-lo novamente, não imaginava que ele estaria nos terrenos de Hogwarts, não imaginaria que ele tivesse Peter Pettigrew em mãos, e nem ao menos imaginaria que ele estaria sorrindo para si.

Harry e Ron alcançaram uma Hermione paralisada pelo choque e a arrastaram para trás, de modo que ela se afastasse do cão. Bichento miou desconfortável enquanto Remus, sem tirar seus olhos do cachorro negro, se aproximava, apertando o rato em suas mãos. O homem se abaixou levemente de modo que ficasse cara a cara com o cão, então disse com a voz falha, seus olhos começando a formigar novamente:

— Senti sua falta, Sirius.











{☾✩}

O álbum de fotos - WolfstarOnde histórias criam vida. Descubra agora