Capítulo 12

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Já havia chegado o final de semana, e minha avó queria que fôssemos novamente até a casa dela. Mas eu me neguei a ir, porque ela ainda não tinha pedido desculpas pela sua atitude e também tinha marcado um encontro com o Adam à noite, um pouco mais tarde, às 20:00, porque uma banda iria tocar no bar restaurante que iríamos. E, dessa vez, eu deixei bem claro para ele que seríamos apenas nós dois. Minha mãe aceitou minha decisão, ela estava um pouco menos invasiva, então passou para a mãe dela que não iríamos.

Foi aí que a minha vó começou a me ligar sem parar, como se estivesse doida. Não queria atendê-la, por que sei que viu a self que Martina tirou com todos no jantar e postou no Instagram, apesar de eu ter dito que não queria, porque eu e Adam não estávamos namorando ainda, então combinamos de sermos discretos. O problema é que a rede social era o meio de a minha querida vovó saber da vida dos familiares mesmo que eles não quisessem contar.

- Meu Deus, sua mãe está me perseguindo! - reclamei para minha a minha mãe, saindo da minha leitura na cama de Orgulho e Preconceito para reclamar com a minha mãe na cozinha - está me ligando direto.

- Charlie, trate melhor sua pobre vó. Já faz 1 semana esse assunto, você se resolveu com o Adam e ficou tudo certo afinal de contas. No final deu tudo certo, não deu? - minha mãe limpou as mãos que estava cortando o pepino.

- Sim, mas perdi a confiança nela - resmunguei, pensando se atenderia à ligação. Resolvi atender, já que ela provavelmente não cederia nada - alô, vó? - voltei para meu quarto, fechando a porta com chave e me deitando na cama de barriga para cima.

- Charlotte! Você ainda está saindo com aquele homem? - ela gritou, doendo meus ouvidos - mesmo depois de tudo o que falei para ele ainda teve coragem de confiar insistindo? Que cara de pau. Mau caráter insistente.

Revirei tanto os olhos que quase fizeram uma volta completa de 360 graus.

- Estamos juntos- falei, secamente, sem se importar com o que ela diria. Não poderia deixar as besteiras que ela fala entrarem e influenciarem como penso. Já fui machucada o bastante pelo meu ex e não precisava de mais pessoas colocando paranóias sobre o atual. Já bastava as minhas. Sempre estava pensando se valia mesmo à pena ficar com o Adam. Não queria machucar a nós.

- Juntos? Era só o que faltava! - ela estalou a língua, em um tom de desprezo - é bom que saiba que se ficar com esse homem, nunca vou querer ver você outra vez. Nem ouse pisar na minha casa.

- Eu vejo outro local para ver o vovô então - falei, cínica. Nunca falara com ela daquela forma. Sempre a respeitei, mas ela não me respeitou quando eu precisei.

- Charlotte, esse homem vai te usar de todas as formas possíveis.

Fiquei embasbacada. Era aquilo mesmo? Nem pediu desculpa. Nada. E ainda me deixou com mais medo do que já estava. Entrar em um relacionamento com um homem mais velho que eu 18 anos era intimidador, ainda mais que ele já havia tido uma esposa e era muito mais experiente em tudo, psicologicamente, emocionalmente...sexualmente. Balancei a cabeça, como se os pensamentos pudessem ser jogados para fora da caixa.

À noite, me vesti e esperei o Adam sentada no sofá, já que ele iria me buscar de carro. Mesmo sem querer, mesmo tendo passado a tarde lendo meus livros e estudando, acabei pensando novamente no que minha avó dissera. Estava com medo. Não queria ter meu coração partido outra vez, não queria descobrir que o Adam só queria se aproveitar da minha inocência. Pensar isso me deixou bem cabisbaixa e chateada. Talvez eu tivesse alimentando expectativas de outro psicopata.

- Teu namorado chegou - Martina me deu um cutucão na costela, o que me causou um susto. Olhei feio. Algumas vezes, eu gostaria de dar um murro nos dentes daquela perturbada - está ali na porta chamando você e não entrou porque a mamãe tava passando de toalha na cozinha e..

Não a esperei terminar, apenas peguei minha bolsa e saí em disparada, antes que ele visse minha mãe nua e meu pai desse uma facada nele. Andei um pouco abatida até a porta, quase arrastado os pés e meu quase namorado fez uma cara de preocupação, andando em minha direção também.

   Andei um pouco abatida até a porta, quase arrastado os pés e meu quase namorado fez uma cara de preocupação, andando em minha direção também

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- Ela me ligou. Minha avó me ligou- murmurei, ainda o abraçando - estou com medo. E se não der certo? Nós?

Ele me apertou mais.

- Se depender de mim, dará. Estou disposto a fazer. Eu sei que ela acha que quero me aproveitar de você, Charlie, porém tenha a certeza de que espero quanto tempo precisar. Aceite o pedido de namoro quando quiser, apenas saiba que não está sendo forçada.

- Eu sei - respondi, com lágrimas nos olhos. Odiava toda aquela droga de sentimento, odiava quando uma pessoa influenciava meus pensamentos. Estava tão bem, e veio aquela criatura egoísta tirar a minha paz.

Ficamos ali por mais uns 2 minutos, parados, imóveis, e escutando a respiração um do outro. Adam não ousou me soltar e nem estava pronta.

- Adam?

- Sim?

- Apenas queria escutar um pouco da banda tocando quando chegarmos lá no bar. Eu..queria ir para seu apartamento depois. Estava com vontade de algo mais leve, sabe? Como assistir a um filme - depois percebi que ele poderia pensar outras coisas a respeito do meu interesse no lar.

- Claro.

O carro do Adam era bastante arrumado dentro, com todos os carpetes bem limpos e os bancos cheirosos. Por fora, era um Toyota Corolla vermelho muito bonito é maravilhoso. Não gostava de lugares apertados, mas tudo aquilo era tão limpo e de bom gosto que eu até gostaria um pouco de ficar.

- Demorei alguns anos para comprar - ele comentou, dando partida no carro e me olhando sorrindo, com carinho.

- Muito bonito - confessei sinceramente, me acomodando no banco ao lado dele e dando um sorriso - Bem cheiroso.

- Seu perfume já inundou todo ele - ele comentou, pegando meu rosto e me beijando. Senti um arrepio quando ele abaixou a boca para meu pescoço, dando um beijo - cheirosa.

- Hmm - eu queria mudar de assunto, porém sem sucesso. Sentia meu rosto vermelho, sentindo a respiração dele na minha cabeça. Será que ele tirou outras conclusões sobre meu interesse de ir ao apartamento dele? - obrigada.

Já imaginava Alice ali, naquela situação, batendo a mão no rosto e comentando "Obrigada? Parabéns, estragou!". Mas simplismente não sabia como agir. Também imaginava a minha avó ali, comentando que ele estava se aproveitando.

Também, no meio do nosso caminho, se encontrava outra questão: minha primeira experiência sexual não havia sido muito prazerosa. O Thomas não foi delicado, não se importou em ser delicado e só chegou ao seu próprio prazer. Fiquei dolorida por dias. Sabia que era cedo para pensar que um beijo acabaria em uma transa, mas era impossível não pensar.

- Charlie? - me olhou, até porque passamos acho que uns 5 minutos calados - estou tentando não sentir um pouco de raiva da sua avó. Quero dizer, você estava muito bem até hoje de manhã, quando liguei para você, antes dela ligar.

- Ela é muito tóxica, mas não merece mais minha atenção - comentei, um pouco aliviada e pensando que finalmente conversar sobre a minha vó havia colaborado para alguma coisa - Vamos?

Prof DaddyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora