Capítulo 23

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O que havia acontecido com o Adam afinal? Estava farta daquele sorrisinho irritante que aquele professor de Redação, mais conhecido como ex-amante da mulher do Adam, dava a cada vez que olhava para mim. Ele estava se achando muito por ter ficado dando as aulas de Literatura e eu, de coração partido.

No final da aula, ele me chamou para conversar. O olhei com desdém. Que assunto aquele imbecil tinha de tratar comigo?

- Percebi que estava alheia na aula hoje, Charlie - ele deu um sorrisinho debochado e idiota.

- Charlie é uma apelido para os íntimos. Para você é Charlotte Collins Sallow.

- Bem, Charlotte Collins Sallow, você não prestou atenção em nada do que eu disse hoje. Não aprendeu nada.

- Até quem prestou não deve ter aprendido nada, você é um péssimo professor. Depois eu recupero o assunto com o melhor.

Saí da sala e o deixei com uma expressão de choque, provavelmente por eu ter mexido exatamente na ferida dele. Assim que acabasse as aulas, eu iria atrás do Adam para saber o que havia ocorrido. Ele estava com uma expressão de abalado daquele momento e eu não pude fazer absolutamente nada para ajudar.
___

Bati na porta do apartamento do Adam. O elevador estava quebrado, o que é um absurdo, já que haviam ao todo uns 10 andares. A assistência já estava arrumando, contudo eu não podia mais esperar.

- Não tem ninguém- Ouvi a voz abafada do Adam de longe, um pouco...grogue. Bêbada.

- Adam? Sou eu, Charlie - chamei, batendo mais vezes.

Ouvi ele batendo em algumas coisas, até que finalmente abriu a porta.

- Charlie? - ele repetiu, espremendo os olhos para tentar me identificar.

- Sim, Charlie - falei, nervosa, adentrando na casa. O olhei. Ele estava desarrumado, ainda com a roupa que foi para dar aulas, mas a mesma estava amassada e molhada, provavelmente por causa das bebidas que estavam em cima da mesa.

- Estou bebendo - ele falou, tonto - quer?

Queria repreender ele, por ter cedido às bebidas novamente. Gostaria de esmurrar aquele velho gordo que deixara ele tão abalado assim. Mas tudo o que eu fiz foi:

- Vem, Adam - o puxei quando ele tentou pegar novamente a outra garrafa de bebida e o levei até a cama.

- Mas eu quero beber- ele argumentou, tentando voltar. Eu o deitei novamente.

- Quer, mas não vai - o respondi, indo na cozinha pegar um copo de água para que ele bebesse e, assim, evitar que as consequências daquelas garrafas de álcool não fossem tão pesadas - Beba.

Ele me olhou, se sentou e bebeu, mesmo querendo parar na metade e tomar o resto resmungando um pouco. Assim que se encostou no plano da cama, ele ficou me olhando, com lágrimas nos olhos.

- O quê aconteceu, Adam?

- Gravaram aquele dia, nós nos beijando - os seus olhos pesaram e ele se acampados no travesseiro.

- Mas faz meses! - eu protestei - te despediram por isso?

- Vou ser afastado por 1 mês.

- Sinto muito, Adam.

Mas ele não respondeu, já havia caído no sono.

___

- Dá aspirina para ele - Martina orientou, quando liguei para justificar o porquê de não ir almoçar.

- Inventa qualquer coisa para os nossos pais, tá - pedi, não querendo espalhar que ele estava neste estado.

Adam ainda não havia acordado, e já estava anoitecendo. Acabei fazendo um almoço e, agora, já estava preparando o jantar para termos o que comer quando ele acordasse. Nunca ficara bêbada, mas a ressaca nunca me foi algo muito atraente.

- Tá escondendo? Entendo - Martina comentou, ao mesmo tempo em que um saco de tapioca caiu no chão. Por hoje, seria uma crepioca com algum recheio mesmo.

Notei Adam andando se apoiando nas paredes indo atrás de mim, atravessando as portas e me despedi de Martina. Nós precisávamos conversar. Se toda raiva que ele tivesse fosse ficar bêbado, não esperava coisas boas.

- Fiz o jantar - avisei solenemente e ele percebeu que o que estava por vir não era algo agradável - gosta de crepioca?

- Sim - ele respondeu, baixo.

- Adam - fui na frente dele quando ele sentou na cadeira da mesa na cozinha - ah, quer saber? Não vou tornar isso pior do que já está, só..me prometa que não vai comprar garrafas de cerveja para beber a toda vez que não gostar de alguma situação. Você passou por essa fase no passado, mas agora não.

- Prometo - ele se calou depois - mas foi bem humilhante o vídeo.

- Todo mundo se beija - revirei os olhos - nos filmes, séries, na esquina.

- Isso não me obriga a ter um meu, não é?

Enfim.

- E ainda colocaram aquele imbecil para me substituir nas aulas.

- Ele ensina muito mal, se te faz sentir melhor - coloquei as crepiocas em cima da mesa, para que pudesse comer - tentou me repreender.

- O quê? - ele ficou vermelho - não acredito que está tentando falar com você.

- Ele só estava tentando atingir você. Mas ele é infeliz, Adam.

- Tomara que sim. Está com pena dele?

- Óbvio que não. Come.

- Desculpe, amor, pode falar um pouco muito mais baixo?

- Tou com vontade de te dar uma cadernada na cabeça - tentei fazer graça, mas acho que ele não esteva muito a fim daquilo no momento, pela expressão dele.

- Desculpe - completei.

- Tudo bem. Sou eu que estou de mau humor.

Prof DaddyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora