20. Pratos Limpos?

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Iria ter que conseguir dar a volta por cima, independentemente de tudo, eu não iria ser usada que nem uma folha vazia e deitada fora! Eu teria que esperar por sentimentos, mesmo que poucos, eu queria alguns.

Dirigi-me a um hotel qualquer que me apareceu á frente e que ficava mesmo perto do meu local de trabalho, o que não me obrigaria a ir de carro para o trabalho, podendo até mesmo parar pelo caminho, para que conseguisse comprar um café e passear por aquela cidade que mal conhecia, ou pelo menos algumas partes.

O check-in foi fácil, o difícil, foi ter que pagar adiantado com o cartão de multibanco, mas não era nada que não se pudesse aguentar, eu iria receber em questão de dias e conseguiria cobrir as despesas e encontrar uma casa acessível para pagar, nem que fosse todos os meses uma quantia.

Apenas tomei um banho e deitei-me naquela cama fria e nada chamativa, que estava a dar comigo em maluca.

Passei a noite inteira ás voltas na cama, tentando entender o que fazer, mas nunca chegando a uma conclusão fixa. As coisas estavam todas de cabeça para baixo e eu tinha voltado a ficar sem amigos novamente, ou pelo menos isso, era o mais perto que eu teria considerado o Harry, apesar de tudo.

Ele tinha-me dado a porra de um Jeep! Um carro de sonho, que eu nunca poderia aceitar, era tudo demasiado, além disso, sabia que não poderia aceitar algo assim, nem mesmo se fosse o meu aniversário.

Amanhã pelo menos, era sábado, e poderia sempre continuar á procura de casa. Eu não andava á procura da casa perfeita, estava apenas a tentar encontrar um local novo para chamar de casa, por muito que tivesse que gastar ali, porque eu não conseguia mais lidar com a situação de viver num local que me trazia tantas recordações.

Como o Harry disse, o que importava não eram as recordações que se tinham no local, mas sim o que se faziam com elas, e criar novas memórias, seria sempre melhor, mas eu era uma alma solitária, eu sempre iria ficar sozinha, ou pelo menos para isso caminharia!

O Senhor Robert provavelmente tinha razão e eu estava a colocar uma amizade á frente do meu trabalho, mas apesar de tudo, sabia que eu deveria ter-lhe dado a questão da dúvida. Ele tinha-me ajudado no apartamento quando o gaz estava aberto e eu não conseguia alcançar o exterior, ele tinha-se lembrado do meu aniversário e comprado um bolo imensamente bonito só para mim e para a sua família, ele tinha sido cuidadoso quando eu tive o pesadelo e não conseguia mais dormir, ele tinha sido algo para mim, que nunca ninguém o tinha sido antes, ele tinha sarado aquela ferida, ainda que por umas horas e pela primeira vez na minha vida, eu tinha conseguido descansar um pouco na minha vida.

Eu revirava-me na cama que nem uma louca, sabendo que nunca iria conseguir adormecer naquela cama estranha, que eu nunca me iria habituar, naquele local desconhecido e nada acolhedor, que eu queria sair antes do final da semana.

Estava numa enorme cruzada na minha mente, tentando colocar tudo em ordem na minha mente, mas não conseguia chegar a alguma parte, apenas continuava ás voltas e mais voltas, á procura de um pouco de conforto, que não iria conseguir encontrar assim tão cedo.

Era pouco mais das cinco da manhã, quando alguém bateu á porta, apanhando-me de surpresa, com uma chávena de chá bem perto dos meus lábios, que quase me saltou para a cama.

A porta soou novamente, agora mais firme e menos pausada a batida, dando-me um aperto no coração, o que me fez entender que tinha que ser alguém do hotel, porque eles não deixavam entrar qualquer um, ou isso, pensava eu!

- Diana, abre a porta, temos que falar! - Congelei a meio do caminho, reconhecendo o Harry, mas não entendendo o que ele estava a tentar fazer ali, a aquela hora. - Eu sei que estás aí! Abre essa porcaria, ou irei deitá-la abaixo, segundo o que me parece, não me importarei de pagar por isso.

Womanizer. HSOnde histórias criam vida. Descubra agora