capítulo 06

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Josh narrado

Eu tinha dezesseis anos quando descobri que eu não era filho de quem eu aprendera a chamar de "pai", coloquei na minha cabeça que toda a minha vida foi uma farsa e se não fosse pela matéria da escola que falava sobre medula óssea eu nunca iria descobrir. Com certeza se eu fosse mesmo irmão de parte de pai e mãe de Dianna eu teria ter feito o teste para o transplante. Eles não teriam quase a deixado morrer por causa do câncer, eles iriam pensar pelo lado racional e deixar eu fazer o teste.

Eu era um criança mas sei que sempre tem jeito de furar a lei ainda mais porque era uma boa causa.

Sai de casa, queria encontrar a pessoa que de alguma forma me deu a vida. Avisei apenas para minha mãe que estava de partida, eu queria ter avisado Talita mas não tive coragem de me despedir dela. Não a queria ver triste, odiava a ver deprimida e em pensar em a ver sofrendo pela minha partida e implorando para eu ficar... Eu não me despedi porque ela era única que me mudaria de ideia.

Segundo minha mãe, ele morava aqui em New Paltz e foi para cá que eu vim. Com a ajuda de alguns conhecidos eu o descobri: Marcel Nilman, eu só não o esperava ter meu primeiro encontro com meu verdadeiro pai em uma cela de visitas do presídio.

Eu queria gritar e esmurrar por ter criado esperança, é claro que o homem que não quis me assumir não era boa pinta. Ainda me lembro de suas palavras frias e rancorosas Não me procure mais, esqueça da minha existência. Eu nunca quis saber de você e não é agora que vou me procurar.

Foi como levar um murro no estômago. Eu deixei tudo, tudo para encontar ele para ter a maior decepção da minha vida.

Eu poderia ter voltado, voltado para casa e ter minha vida de novo mas não consegui. Eu tinha vergonha, vergonha por agora ser um filho de traficante de meia tigela. Não conseguiria encarar ninguém, não conseguiria encarar ela.

Eu conversava com Talita por mensagem mas, eu tinha certeza que não a veria novamente eu não estava disposto a fazer nosso reencontro acontecer então, parei. Parei de ver suas fotos, suas notícias e suas mensagens.

No começo eu passava noites em claros pensando na burrada que tinha feito, no quanto eu era corvade e idiota por ter perdido minha vida.

Eu já tinha começado a viver sozinho, por alguns meses morei com conhecidos da minha mãe e juntei dinheiro para alugar um apartamento e começar minha faculdade que já tem um ano que faço.

E sobre Talita... Eu tinha convicção que não a veria até descobrir que morava em frente a casa de sua vó, mas não me importei afinal, sempre era dona Julieta que iria visitá-la pois Talita odeia com todas as forças cidades de interior.

Era o que eu achava, até ela abrir a porta para mim naquela noite e acender a chama da minha amizade de novo.

*

- Não precisa fazer isso - falo a Brenda que juntava suas coisas do Pet shop.

- Eu não preciso trabalhar, Josh - diz sem me olhar - Só ficava aqui por você.

Passo a mão por meu rosto e de canto de olho vejo Talita nos olhando disfarçadamente. Ela sempre foi curiosa, impressionante.

- Você que quis terminar - acuso.

Brenda diz que eu não estava dando atenção a ela e julgou dizendo que eu não a amava ,mas não, eu só estava - ainda estou - me acostumando com a presença de Talita novamente na minha vida. E sei que se eu falar o verdadeiro motivo, ela surtaria e me acusaria de traição.

- Já conversamos sobre isso, Josh - ela fecha sua pasta e caminhando até a porta - Me dê um tempo.

E assim ela sai sem se despedir, preciso respirar um pouco antes de voltar para dentro onde Talita está.

- Você pode ficar na recepção? - pergunto.

- ok - sem protestos ela tira o avental e vai até a recepção fazer o trabalho que Brenda fazia.

Não sei o que minha antiga amida pensa de mim. Ela guarda rancor? Mágoa? Raiva? Ou ela simplismente esqueceu que eu existia e seguiu a vida como eu espero que ela tenha feito?

Não vou mentir, ela foi a pessoa que mais senti falta mas me conforta saber que ela tinha a irmã. Como nunca mais procurei saber sobre vida eu não faço ideia do que acontcera com sua família. Se seus pais estão juntos ou se a irmã conseguiu uma faculdade de artes como queria.

Mas eu queria estar presente em sua vida novamente e dessa vez para nunca mais sair sem despedidas.

Coloco minha cabeça na janela que dá na recepção.

- Ainda anda de patins? - ela balança a cabeça concordando - Trouxe eles?

- Sim, por que? - dou de ombros.

- Conheço um lugar...

°°°
Continua...

Sempre foi você |concluída|Where stories live. Discover now