capítulo 32

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A porta do elevador se abriu e um Tyler nervoso apareceu quase roendo as unhas. Me aproximei dele.

- Ei? Calma - me encarou como se eu estivesse pedindo a coisa mais absurda do mundo.

- Onde vamos? - Josh perguntou se colocando ao nosso lado.

- Eu não faço ideia - meu amigo respondeu nervoso.

- Que tal aquele restaurante que fomos aquela outra vez? - Perguntei e os dois assentiram.

Caminhamos até o estacionamento, iríamos encontrar o garoto lá no restaurante que Tyler tinha acabado de mandar o endereço para o mesmo.

Fomos até o lugar em silêncio, talvez assim Tyler ficava menos nervoso.

Depois de alguns minutos finalmente chegamos, desci do carro primeiro sendo seguida por meu amigo que conferiu a roupa.

- Estou bonito? - sorri.

- Está lindo - e pela primeira vez naquela noite ele sorriu animado.

Adentramos o local e fiquei de boca aberta ao ver minhas fotos com Josh em quadros logo na entrada. Ele sorriu para mim ao ver a foto do nosso "beijo" mas a que me chamou mais minha atenção foi a que nos encaravámos sorrindo um para outro.

Nós três nos sentamos em uma mesa perto de uma janela com Tyler olhando para a porta.

- Será que ele vai conseguir chegar aqui? - Josh perguntou.

- Ele tem parentes que mora aqui - Tyler o respondeu - Aí meu Deus...

Ele passou a mãos por seus cabelos em um ato nervoso.

- Ele chegou - me virei nada discreta e abri a boca ao ver de quem se tratava.

- Júlio? - ele me olhou arregalando os olhos e sorrindo.

Em passos lentos se aproximou sendo atacado por Tyler que o envolveu em um abraço apertado. Os dois sorriram um para o outro e se sentaram.

- Oi Talita - Júlio me cumprimentou.

- Vocês se conhecem? - Josh perguntou me encarando.

- Somos primos - respondi - Por que não me contou?

O moreno que também tinha o mesmo corte de cabelo de Tyler, seu corpo era musculoso e os olhos pretos como jabuticabas.

Ele respirou fundo e pegou a mão de Tyler por cima da mesa que sorriu olhando para elas unidas.

- Desculpa por não ter te contado, apesar de Tyler já saber - Josh fez o mesmo ato que ele com minha mão - Toda a minha vida eu nunca gostei de mulher, mas nunca tive coragem para dizer para ninguém.

Na verdade eu sempre desconfiei, mas nunca passou na minha cabeça que ele tinha medo de se assumir.

- Passei minha vida toda tendo relacionamentos escondidos até conhecer Tyler, conversamos e ele me encorajou a me assumir até porque não faria sentindo algum estar com ele em segredo enquanto posso mostrar para todos o quanto somos felizes - soltei a mão de Josh e rodei a mesa dando um abraço nele.

- Sabe que pode contar comigo pra tudo né? - ele assentiu - Independente de tudo eu sempre vou te amar, a vovó sabe que você veio?

- Não, vou ir amanhã na casa dela dar uma surpresa - assenti dando um beijo na sua bochecha e voltando ao meu lugar.

- Acho que vamos ser todos da mesma família - Josh comentou rindo, confirmamos com a cabeça.

Era tão lindo ver os dois juntos, eles não paravam de sorrir um para o outro. Dava para ver de longe que eles realmente se gostavam e eu estava torcendo para que eles fossem felizes.

Que, apesar do mundo preconceituoso em que vivemos eu vendo eles ali, sabia que o amor não estava extinto e me dava esperança numa sociedade melhor.

Pedimos nossos sanduíches e comemos conversando sobre nossas vidas, e foi até uma maneira de descobrir mais sobre o passado de Tyler que já sofreu homofobia e agressão na rua tendo que ficar internado por dias no hospital. Segundo ele, esse foi o motivo para ter se mudado para New Paltz.

Depois de comermos até estufar a barriga nós quatro saímos do restaurante para ir embora.

Tyler e Júlio disseram que iriam dar um volta na cidade para conversarem mais. Já eu e Josh resolvemos ir embora mesmo.

- Amei seu primo - Josh comentou ao estacionar o carro no estacionamento do prédio.

- Ele é um amor de pessoa - sorri.

- A beleza é do sangue né? - gargalhei mas não neguei.

Entramos no elevador e em alguns segundos estávamos no nosso andar.
Como sempre, ele caminhou comigo até minha porta esperando que eu entrasse.

Peguei minha bolsa a procura da chave.

- Mas que merda - resmunguei quase jogando tudo no chão.

- Que foi?

- Esqueci a chave - me virei para ele - Quantas horas?

- Quase meia noite - disse olhando em seu relógio de pulso - Dona Julieta deve estar dormindo né?

- No décimo quinto sono - ele riu e olhou para sua porta.

- Dorme lá em casa - propôs.

Não é como se eu tivesse outra opção, eu não ia dormir no corredor do prédio esperando até a manhã para entrar.

- Ok - caminhei na sua frente até seu apartamento ouvindo risinho - O que?

- Se eu não oferecesse, você mesma ia né? - assenti com um sorriso pequeno.

Ele abriu a porta me dando passagem para entrar.

°°°°
Continua...

Sempre foi você |concluída|Where stories live. Discover now