capítulo 10

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Dei a última volta na chave da porta e me virei para onde Josh estava me esperando. Ultimamente está assim, ele sempre me acompanha na vinda e na ida do trabalho não importa o quanto eu digo que não precisa dele fazer isso.

Não quis discutir hoje, apenas acenei para que começássemos a andar. Eu e ele não conversávamos muito, apenas o necessário mas alguns dias atrás eu deixei escapar que eu estava procurando motivos para ir embora. Fiz ele prometer que não contaria para ninguém e desde de então não tocamos mais no assunto, até agora:

- Já arrumou a desculpa para sair de New Paltz? - Josh quebrou o silêncio constrangedor que estava entre nós.

- Nada concretizado - dei de ombros olhando para os dois lados antes de atravessar. Eu estava pensando de fato em algumas ideias mas nenhuma foi boa o suficiente para dar continuidade.

- Já tem um plano em mente? - Josh estava realmente curioso sobre minha estadia nessa cidade.

- Bem, Maia sugeriu algo - percebi seu olhar sobre mim mas fui incapaz de encarar de volta - Mas está fora de cogitação!

- O que seria? - balancei a cabeça.

- Nada de mais - tentei me esquivar do assunto enquanto entrava no prédio desejando uma boa tarde para o porteiro que lia um jornal.

- Se está fora de cogitação e não é nada demais não tem problema em me contar - olhei para Josh que tinha um sorriso convencido em seus lábios.

- Sempre com bons argumentos na ponta da língua - falei, em um tom brincalhão deixando meus ombros relaxarem - Ela propôs um namoro falso.

Com as costas encostadas na parede de metal, Josh jogou a cabeça para o lado juntando as sobrancelhas em dúvida. Deixei um sorriso escapar.

- Como funcionária isso? - perguntou.

- A ideia dela se baseia em eu ter um namoro falso com alguém por um tempo, pelo menos alguns meses para ter tempo de me "apaixonar" - fiz o sinal de "aspas" com as mãos - E depois fingir um término dramático para que eu tenha a desculpa de estar com o coração quebrado e triste para voltar á Albany.

As portas de metal se abriram nós dois saímos e paramos no corredor.

- E ela acha que fazendo isso seus pais mandariam as passagens?- balancei a cabeça concordando.

- E eu também, acho que se lembra como eles são protetores né? - com um sorriso ele anuiu - Acho que se eu caprichasse no término eu voltaria para casa em um piscar de olhos.

- Então por que não faz isso? - havia algo em seu tom de voz, algo parecido com decepção mas preferi não ligar.

- A parte do namorado - ri sem graça - Mas como eu disse isso esta fora de cogitação.

A porta do meu apartamento se mexeu revelando dona Julieta e atrás de se Tyler. Espera, Tyler?

O loiro abriu um sorriso para mim e se aproximou me dando um abraço meio desgonçado pois o mesmo segurava uma vasilha de plástico, deduzo ser uma das guloseimas de minha avó.

- Conhece minha avó? - perguntei assim que ele terminou de cumprimentar Josh.

- Mentira, você é neta da tia Julieta? - concordei - Eu moro no prédio da frente, minha mãe mandou eu vim buscar isso aqui com ela - balançou o pote.

- Que mundo pequeno - Josh disse, baixinho mas o suficiente para ouvirmos.

- Está livre essa noite? - perguntei a Tyler que anuiu - Por que não assistimos algum filme? 

Olhei para ele que fazia um cara pensativa, ele seria um bom namorado de mentira e não teria chances de eu me apaixonar já que seu que não seria correspondida. Espantei esses pensamentos o mais rápido que pude.

Minha vó conhece ele e certamente também já sabe sobre seu gosto - que não é mulheres. Ele era minha única esperança.

- Nossa combinado - disse animado.

Me virei para convidar Josh mas ele já não estava ali, olhei com o cenho franzido para Tyler que deu de ombros. Resolvi não me importar, talvez ele quisesse ir ao banheiro.

Combinamos sobre nossa noite de filmes e me despedi do loiro para tomar um banho.

- Fico feliz que tenha feito amizades - Julieta falou entrando no meu quarto.

- Tyler é legal - o elogiei, de uma certa forma eu sabia que nós dois iríamos ser amigos.

- É um garoto muito prestativo, um amor de pessoa - ela disse encantada - É o sonho de neto de todas as avós.

Gargalhei alto.

- Deixa Júlio saber disso - mencionei o nome do meu primo, filho da minha tia.

- Ah, não venha colocar palavras na minha boca - riu - Júlio é um amor também, apesar de ocupado sempre está me ligando e dando atenção para sua avó.

Isso eu vou ter que concordar, Júlio é a pessoa mais calma e doce que conheço em toda minha vida.

A campainhia tocou me fazendo pular do sofá ir atender a porta atender já sabendo quem seria.

°°°
Continua...

Sempre foi você |concluída|Where stories live. Discover now