capítulo 39

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Talita narrando

*Um dia para quatro semanas*

- Lava essa porra direito - Marcel brada me colocando em frente a pia.

Eu virei sua empregada doméstica, passo o dia limpando e cozinhando apesar de poder comer apenas pão, um ovo por dia e água enquanto faço carne, arroz, saladas e macarrão para ele.

Me sinto cada dia mais fraca e impossibilitada de fazer as coisas ainda mais que dá última semana para cá eu venho tendo mal estar e vômitos frequentes.

Meu dia sempre começa às seis que é quando ele abre a porta do porão onde durmo e termina as nove da noite quando ele me volta para a minha pequena prisão.

O único sol que vejo é o da janela. Faz quase quatro semanas que não sinto aquele calorzinho que ele emana.

Terminei de lavar as vasilhas e guardei. Não faço ideia de onde estou, só sei que não fica muito longe da rodovia já que ouço barulho de caminhões passando já que são mais pesados.

Limpei a cozinha e me preparei para a tortura: fazer o almoço. Minha barriga roncava mas eu só podia comer junto com ele, olhando ele comer a comida que fiz enquanto comia meu pão com um ovo frito e um copo de água.

Era sexta, e nas sextas ele pedia macarronada. Eu até já tentei fazer uma comida ruim mas ele fez questão de jogar tudo no chão e me fazer limpar além de fazer outra. Naquele dia eu não me aguentei e comi a comida que ele jogou no chão quando  se dispersou.

Também foi no mesmo dia que comecei a passar mal.

Com a comida dele pronta coloquei sobre a mesa e fritei meu ovo colocando no meio do pão. Me sentei á mesa onde ele já me esperava.

Ele comia e assistia televisão, um canal de esportes. Eu no entanto mantinha meu olhar baixo, com medo de ser punida até por minha respiração.

Eu já apanhei, foi um tapa na rosto tão forte que cai para trás. Tudo por que ele estava bêbado e eu havia cochilado sentada depois de dar um faxina na casa.

Terminei de comer e esperei que ele terminasse, mais uma de suas exigências. Me preparei para levantar quando ele acabou.

- Senta aí - mandou e colocou o celular na orelha - E aí, família?

Josh, era assim que ele dizia quando ligava sofá eles.

- Se ela está bem?.... Claro que está.... Não sei se... Dois minutos - tampou o microfone e me encarou - Se falar merda, já sabe.

- Vou poder falar com ele?

- Dois minutos e nada mais - concordei, desde que cheguei ele nunca deixara eu falar com minha família eu só ouvia as vezes durante o acerto para o pagamento.

Me entregou o celular.

- Josh? - minha voz falhou.

- Meu amor - ele estava...chorando? - Está tudo bem? Ele te tocou? Te bateu?

Olhei para Micael que levantou uma sombrancelha.

- Está tudo bem, estou bem - menti.

- Não se preocupe, vamos te buscar daqui alguns dias - garantiu - Vai estar conosco de novo. Eu prometo.

- Me desculpa - ouvi sua repreensão mas não liguei - Devia ter ficado aí mas...

- Shii, não vamos falar disso ok? - assenti - Eu vou te salvar, prometo. Eu te amo.

- Eu te amo - o celular foi arrancado da minha mão.

- Quanta melosidade - Marcel resmungou - Tudo certo para o pagamento?

Queria ter ficado e ouvir mas meu estômago revirou e a única coisa que fiz foi sair correndo para o lavabo.

Me debrucei no chão botando tudo para fora, minha única comida. Fiquei ali por alguns minutos até ouvir o grito do homem:

- Venha arrumar essa bagunça e deixe de cena - reprimi minha vontade de gritar e enxaguei minha boca indo fazer o que ele mandou.

Mesmo me sentindo zonza, arrumei toda a casa, fiz lanche - um bauru. Estava com uma cara tão boa..

Entreguei pra ele e me sentei á mesa sempre com o olhar baixo, senti seu olhar em mim e como mania belisquei minha perna.

- Olha só garota, hoje faça um janta que goste - olhei para ele - Poderá comer.

Meus lábios de curvaram com a notícia, nunca pensei que ficaria tão feliz em saber que poderia comer de verdade nem que seja apenas um macarrão instantâneo.

- Sério? - ele assentiu.

- Está magra, assim não vai dar conta de arrumar a casa - mesmo com o insulto eu sorri.

Depois de ele terminar de lanchar, arrumei a cozinha mais uma vez e já comecei a preparar a janta: Lasanha.

Minha boca salivava e para me aguentar até a hora do jantar eu tomei muitos copos de água. Talvez assim enganasse meu estômago.

Quando finalmente o "plim" do forno tocou, eu corri até ele para tirar a lasanha do mesmo. O queijo derretido por cima chegava a fazer bolhas.

Coloquei a mesma na mesa e ansiosa fui até a janela da varanda para chamar Marcel já que eu não podia passar pela porta.

- Marcel - o chamei e ele que encarava para a rodovia se virou com sangue nos olhos.

- Vá para o porão! - bradou.

- Mas o Jan...

- Vá porra - gritou me fazendo recuar para trás.

Ele entrou dentro da casa pegando meu braço e me levando até porão, meus olhos se encheram d'água ao passar pela sala de jantar.

- Parece que você vai ter que ver a morte da sua família - as palavras foram como um balde de água fria.

- Que?

- Aqueles filhos da puta estão vindo - bradou me empurrando na cadeira do quarto - E eu vou ter o prazer de matar todos.

Ele me amarrou e colocou um pano na minha boca me imobilizando.

- Se eu não matar eles - segurou meu maxilar - Pode ter certeza, que eu volto para te buscar docinho.

Ouvi um estrondo, a porta da frente tinha sido arrebentada.

°°°
Continua...

Vou postar os últimos capítulos ainda hoje!

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