Capítulo 6

2.2K 206 568
                                    

A Festa

A semana passou voando com todas as aulas incríveis que eu tive. Minha adaptação foi melhor do que eu esperava e aprender sobre magia era algo que realmente me fascinava. A sexta chegou e, junto dela, a aula do Hagrid. Eu estava bastante animada para estar em contato com a natureza e suas particularidades mágicas.

Embora fôssemos em muitos, o homem era alto o suficiente para que todos conseguissem vê-lo. Ele disse que seria uma aula mais introdutória e, por isso, não havia nenhum animal para estudarmos. Seu tópico principal foi nos introduzir sobre a floresta para que soubéssemos o quão perigosa ela poderia ser, nos proibindo explorá-la sozinhos.

A grande maioria dos alunos foi embora muito rápido, mas algum barulho fez meus ouvidos estremecessem. Adentrei na floresta. Ela era densa, as folhas das árvores verdes tinham um tom de verde tão homogêneo que parecia até mesmo ter algum tipo de magia pairando no ar. Meu coração borbulhava, alternando-se entre diferentes emoções, que eu ainda não era capaz de identificar. 

O som se intensificava a medida com que eu me aproximava, parecia que eu estava sendo chamada, apenas não sabia para o quê. Uma sensação estranha embrulhou o meu estômago. Eu precisava ajudar alguém. Mas quem?

Meus pés se apressavam em movimentos embaralhados e desengonçados que mostravam o quão aflita eu estava com essa situação. Não me importava o quão longe eu teria que ir, todo o sangue do meu corpo trabalhava para encontrar a fonte de emissão das ondas sonoras que penetravam em mim quase como uma tortura. Era como se eu pudesse sentir a dor que alguém estava sentindo.

A baixa frequência do som diminuía cada vez mais, acentuando o som agudo e tornando-o ainda mais insuportável. Minha respiração estava ofegante. Não tinha a mínima ideia do quanto eu já havia andado, porém eu sabia que estava próxima do local que tanto me chamava. Meu calcanhar já estava quase desistindo da missão, até que eu avistei uma silhueta no chão.

Não era uma pessoa e sim um animal. Ele estava debruçado em cima de uma poça prateada. Analisei com cautela as suas características: seu corpo mostrava semelhanças nítidas com um cavalo, seu pelo era branco e sedoso e havia um chifre bem posicionado no topo de suas cabeça. Dei um passo para trás ao ligar os pontos: era um unicórnio.

A criatura se contorcia de dor, fazendo com que o som que emitia esmagasse o meu cérebro. Meus joelhos encostaram o chão. Eu não sabia o que fazer para que tudo isso parasse. Minha cabeça parecia latejar na mesma intensidade que o sangue saía pelo grande corte da sua barriga.

Quase como um instinto, me aproximei do seu ferimento, envolvendo-o com as minhas mãos. A intenção era estancar o líquido prateado até que eu pensasse em alguma outra alternativa. Eu realmente deveria ter explorado mais os livros de magia. Respirei fundo tentando me manter calma. Decidi fechar os meus olhos para focar nos meus pensamentos.

Um calor estranho surgiu dentro de mim. Essa sensação começou a incendiar as minhas veias. De repente, todo o meu corpo estava quente, entretanto, havia uma parte que se destacava: as minhas mãos. Contive a minha hesitação e continuei apoiada sobre o animal até que o calor desaparecesse.

Abri os olhos lentamente, ainda anestesiada por toda as emoções que há pouco me dominavam. O barulho finalmente parou, fazendo com que eu suspirasse aliviada. O animal começou a se mexer. Meus olhos se voltaram para a sua barriga: não havia nenhum resquício de ferimento nela.

Eu sabia que o Mundo Mágico era surpreendente, porém não imaginava que havia criaturas que conseguiam se curar sozinhas. Continuei analisando-o para me certificar de que eu não estava louca. O sangue brilhante que antes dominava sob a grama verde parecia ter evaporado. Suspirei confusa, mas ao mesmo tempo aliviada por tudo aquilo ter acabado.

𝘿𝙖𝙣𝙜𝙚𝙧𝙤𝙪𝙨 | 𝕯𝖗𝖆𝖈𝖔 𝕸𝖆𝖑𝖋𝖔𝖞 🔥 [+18]Where stories live. Discover now