Capítulo 30

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Tempestade


Caro Amos Diggory,

Fiquei muito feliz ao receber sua coruja. Não nos falamos há tanto tempo, não é mesmo? Nem acredito que já faz 10 anos desde me aposentei do Ministério, lembro como se fosse ontem do seu primeiro dia lá. Espero que tenha te ensinado direito, sobretudo a mexer nas máquinas de café, você continua estabanado?

Além disso, como vai seu filho? Imagino que já seja um belo rapaz... Eu ainda sinto muito pela sua esposa. A saudade não passa, nunca, mas espero que aos poucos você consiga lidar com esse vazio dentro do seu peito.

Como andam as coisas no Ministério? Ouvi dizer que tudo estava uma bagunça com a fuga de Sirius Black. Cá entre nós, não sei como acreditaram por tanto tempo que ele seria responsável pela morte dos Potter, qualquer um que visse a amizade entre eles saberia dizer que ele não era capaz disso. Apenas torço para que a verdade venha a tona.

Sobre as suas perguntas, estou muito bem, meu amigo! Moro em um lugar afastado, você sabe como sempre odiei o caos da cidade grande. O campo me faz feliz demais, a paisagem passa uma tranquilidade imensa e eu não perco o pôr do Sol nenhum dia, é magnífico!

Estive em Hogsmeade há um tempo, não me lembrava do quão agradável era o vilarejo. As casas continuam exatamente iguais, foi bom visitar e descobrir que ainda há coisas que permanecem iguais nesse mundo caótico. Sem contar que terei um evento importante no próximo sábado, dia 29, estou ansioso para tal. 

Tirando isso, apenas a velhice meu amigo, você ainda não experimentou, mas lembrará das minhas palavras: tudo dói. Não sabia que meu joelho era tão importante até torcê-lo descendo a escada. É impressionante que, mesmo sendo bruxos, somos frágeis a essa fase. Ademais, a parte mais chata é que, com o passar dos anos, o sono só tende a piorar, não tem um dia que eu vá dormir antes da meia noite.

Espero que você venha me visitar, não precisa ser sozinho, pode trazer seu filho, adoraria ver como ele está.

Obrigado por lembrar de mim, Amos, precisamos nos encontrar

Mantenha contato,
Flinn.

Eu reli as palavras escritas por Flinn tantas vezes que cheguei a decorá-las. Meus olhos procuravam desesperadamente por algo que indicasse mais sobre quem ele era, ou melhor, o quê. Por alguma razão estranha não havia endereço no envelope que foi entregue para mim, fazendo com que eu nem soubesse como procurá-lo. Assim, não consegui obter nada além do fato dele morar em um lugar afastado e estar feliz.

A forma como ele narrou o processo de superação da dor fez parecer não apenas que ele era experiente, mas também como que era sentimento presente no seu dia a dia: a perda, a saudade, a solidão. Além disso, era possível sentir o carinho que ele tinha pelo pai do meu amigo, mesmo que não fossem tão próximos.

Eu precisava conhecê-lo, algo dentro de mim gritava que esse era o caminho certo. Meu coração se apertou quase dividindo-o ao meio; eu apenas queria encontrar um farol para me guiar nessa tempestade. Todos os aspectos da minha vida estavam conturbados de alguma forma e eu nem sabia por onde começar a melhorar.

A porta de madeira fez o barulho característico de quando estava sendo aberta com certa brutalidade. Avistei minhas duas colegas bruxas retornando após a refeição matutina, porém as expressões que carregavam em suas faces não eram das mais amigáveis, pelo contrário, elas pareciam estar brigando entre si mais uma vez.

𝘿𝙖𝙣𝙜𝙚𝙧𝙤𝙪𝙨 | 𝕯𝖗𝖆𝖈𝖔 𝕸𝖆𝖑𝖋𝖔𝖞 🔥 [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora