Capítulo 37

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{ Draco Malfoy narrando }


Fiquei observando Alicia se afastar. Eu estava sem reação. A minha imaginação criou uma cena perfeita do Diggory tocando em seu corpo, me gerando uma das piores sensações que eu já havia sentido. Não conseguia respirar. Pensar nela nas mãos de outro era doloroso demais para mim.

Sentia a dor de ter levado dezenas de socos na barriga, fazendo com que eu desistisse de ir para a próxima aula. Herbologia é patético. A grande maioria das matérias são. O único motivo que me fazia ficar animado para essas atividades era o fato dela estar presente. Sua postura se mantinha intacta durante o dia todo. Seus olhos grandes e cinzas fitavam com atenção todos os movimentos que os professores faziam sem se entediar nem por um micro segundo, da mesma forma que eu nunca cansava de admirá-la.

Caminhei rapidamente para o meu quarto. Eu apenas queria parar de pensar nisso tudo. Nela. Entretanto, era impossível. Qualquer canto do castelo que eu olhasse eu conseguia lembrar dela. Bati a porta com força, pensando que, talvez, isso ajudasse a aliviar o poço de sentimentos negativos que havia dentro de mim. Foi em vão. Ela era a que conseguia me acalmar em situações como essa. Me sentei no chão gelado do cômodo e finalmente me permiti liberar tudo que eu estava sentindo, caso contrário eu explodiria.

Alicia Hastings fez meu coração bater mais forte desde a primeira vez que a vi. Ela tem a habilidade de atingir a perfeição em todas as tarefas que executa, independente do que seja. Nunca em toda a minha vida eu pensei que teria alguém como ela. Não havia uma parte sua que não me encantasse, até mesmo os seus defeitos entravam em uma linda harmonia com toda a sua personalidade. Estar com ela era como ouvir uma música lenta e gostosa.

Gostosa. Só de pensar nas suas curvas meus olhos se reviravam em um movimento de desejo. Todos os pontos do seu corpo me excitavam. Vê-la sendo tomada por toda a sensação de prazer que eu fornecia era, sem dúvidas, a melhor parte. O fato dela ser tão pura só me impulsionava ainda mais a querer corrompê-la. As memórias dela gemendo meu nome vieram como uma anestesia para o meu corpo. Entretanto, rapidamente essa sensação se desvairou no ar: agora ela gemia para outro.

Meu estômago voltava a se revirar. Bati minha cabeça contra a parede algumas vezes. Eu estraguei tudo ao ficar com a Pansy. Um suspiro frustrado saiu pelo meu nariz. Tudo que eu queria era poder voltar no tempo e desfazer isso. A dor não pediu licença para dominar ainda mais o meu corpo. As lágrimas saiam descontroladamente. Meu corpo estava repleto de sofrimento. Eu sabia que tinha perdido ela.

Meus lábios ainda conseguiam sentir o seu gosto suave. A risada dela entrou como um eco em minha cabeça. A forma que ela repreendia as minhas ações erradas e me ajudava a ser alguém melhor. Merda. Eu não mereço ela. Nem um pouco. Bati com raiva na parede. Raiva. Era o sentimento que mais dominada. Raiva por eu ter estragado tudo. Raiva por eu ter machucado a única pessoa que esteve disposta a descobrir quem eu era de verdade. Ela me amou como ninguém tinha feito antes.

Os órgãos usados para a respiração pareciam estar falhando. Eu estava acostumado com tal sensação, desde que eu consigo me recordar as crises de ansiedade são mais presentes nos meus dias do que meu próprio pai. Minha ansiedade é uma metáfora, um dia ela é pequena como um inseto na palma de um urso. No próximo, ela é o urso. Nesses dias eu me costumo me fingir de morto até que o animal me deixe em paz. Eu os chamo de "dias escuros".

Nesses momentos minha avó me falava: "tente acender velas". Quando eu vejo uma vela, eu vejo um reflexo de uma igreja, a centelha de uma chama, faíscas de uma memória mais jovem do que a lua. Eu estou em pé ao lado do caixão aberto da senhora que tanto me amava. Foi o momento em que eu aprendi que todas as pessoas que eu já conheci um dia vão morrer.

𝘿𝙖𝙣𝙜𝙚𝙧𝙤𝙪𝙨 | 𝕯𝖗𝖆𝖈𝖔 𝕸𝖆𝖑𝖋𝖔𝖞 🔥 [+18]Where stories live. Discover now