Capítulo 31

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Insônia

Olhei para o relógio ao lado da minha cama: já passava das três horas da manhã. Esse era o segundo dia seguido em que eu não conseguia dormir. Meus remédios tinham acabado e a inquietação havia se instalado em mim. Puxei todo o ar possível para os meus pulmões, não aguentava mais ficar alternando entre posições desconfortáveis a fim de cair no sono.

Delicadamente me levantei, saindo da maneira mais silenciosa que consegui. Decidi ir para a Sala Comunal, pelo menos lá eu conseguiria olhar para algo que não fosse o teto escuro do quarto. Por ser durante a semana, não havia alunos ali, fazendo com que eu me sentasse no sofá de couro preto da forma mais confortável possível.

Minha cabeça latejava por causa da abstinência da droga. Eu sentia uma fraqueza estranha, parecia que eu tinha corrido uma maratona de dez quilômetros. Minha pele estava mais pálida do que o normal. O frio apenas impulsionava cada vez mais os meus sintomas, me permitindo entrar em um ciclo vicioso de refletir sobre cada dor que havia dentro de mim, fosse ela física ou psicológica.

― Está tudo bem? ― Sua voz ainda fazia o meu coração estremecer.

Foi instintivo olhar para ele. Sua aparência não estava das melhores. As olheiras roxas se destacavam devido a sua pele pálida. O cabelo loiro, quase branco, bagunçado passava a ideia de que a escova não encontrava os fios há um bom tempo. Mesmo que eu quisesse muito, não sabia como deixar de me importar com ele.

― Perdeu o sono? ― Malfoy deu passos lentos na minha direção, como se tivesse medo da minha reação.

Eu concordei com a cabeça. As palavras não saiam da minha boca. As emoções confusas misturaram-se com os meus outros conflitos internos. Eu ainda não voltei mais meus olhos para ele, era difícil demais encará-lo sem querer correr para os seus braços pedindo um conforto diante de toda a situação pela qual eu estava passando.

― Desculpa ― Sua voz rouca falhou ao dizer essa palavra, como se ele planejasse fazê-lo há um bom tempo e, agora que seu momento havia chegado, ele estava inseguro diante da situação

Draco sentou-se no sofá de frente para o meu, seus movimentos eram previamente planejados, passando a ideia de que ele estava nervoso. Eu respirei fundo. Não sabia o que ele esperava de mim. As palavras proferidas da mesma boca que ele usou para me contar dezenas de mentiras não me comoviam.

― Eu amo você, eu nunca menti sobre isso ― Ele suspirou e, mesmo sem olhá-lo, eu sabia que seus olhos estavam cheios de lágrimas ― Você é a melhor coisa que já me aconteceu, eu não aguentaria te decepcionar ao me tornar um comensal. Eu te afastei de mim. Eu tentei te esquecer. Mas é impossível. É impossível ficar longe de você. É impossível te ver pelos corredores e não querer te ter comigo.

Ele parou de falar. A cabeça do loiro agora estava voltada para baixo, como se ele buscasse forças para continuar. Ao mesmo tempo, havia uma confusão dentro de mim: um dia ele está chamando as pessoas de "sangue ruim" e agarrando a Pansy, no outro ele diz que outro ele vem diz que não consegue me esquecer e que seus sentimentos são verdadeiros.

― Durante o período em que eu estava fora, no treinamento, eu matei um dos garotos que estava comigo ― Finalmente me virei para ele, sua voz parecia cheia de dor ― Eu não tive a intenção de fazer isso ― Os soluços começaram a sair pela sua boca junto as lágrimas que escorriam pela a sua face.

Continuei observando ele com compaixão. Minha maior vontade era ir ao seu lado e abraçá-lo, mesmo que isso não fosse tirar a culpa que ele tinha guardada dentro de si, eu sabia que ele precisava de alguém que não fossem julgá-lo.

𝘿𝙖𝙣𝙜𝙚𝙧𝙤𝙪𝙨 | 𝕯𝖗𝖆𝖈𝖔 𝕸𝖆𝖑𝖋𝖔𝖞 🔥 [+18]Where stories live. Discover now