Capítulo 61

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Boa leitura

Martina Stoessel

Eu estaria mentindo se dissesse que estava pronta para vê-lo. Meu grande amor estava ali na minha frente. Agora era real! Eu não estava mais sonhando, idealizando com esse dia. Jorge Blanco estava de volta ao Brasil e eu estava noiva.

Não que eu me arrependa de estar com o Júnior, ele é um amor comigo e eu gosto muito dele, mas o meu coração não reage da mesma forma quando vejo o Jorge, ouço a sua voz, sinto o seu cheiro amadeirado que me prende e tem o poder de me tranquilizar.

- Vamos?- pergunto, voltando para a mesa onde o Jonathan ainda está conversando com o Júnior.

Sei que dei muito na cara o meu ciúmes, mas foi inevitável.

- Claro.- Júnior diz e sorri compreensível.

Às vezes eu acho que não mereço ele. Júnior sempre foi uma pessoa ótima para mim, cuidou, protegeu e amou quando eu mais precisei.

Seguimos juntos até o carro em um silêncio total. A cada momento que se passa, mais arrependimento eu sinto. Por que eu deixei o Júnior sozinho na mesa? Minha atitude foi inaceitável, visto que o Jorge é solteiro e pode relacionar-se com quem desejar, inclusive a minha melhor amiga que há pouco tempo ele odiava.

Júnior estaciona o carro na frente do meu apartamento e eu me assuto com a rapidez em que chegamos. Eu estava tão absorta em meus pensamentos assim?

- Quer entrar? Fica aqui hoje.- peço receosa e ele sorri de lado, assentindo.

O caminho do elevador até o meu apartamento foi silencioso. Júnior apenas me encarava e eu não sabia o que a sua expressão queria dizer.

- Vem cá.- me chama, após entrarmos em casa.

Vou até o seus braços e suspiro cansada. Júnior continua me abraçando e acaricia meu cabelo suavemente.

- Vai ficar tudo bem!- sussurra.- Vamos conversar sobre isso?- pergunta calmo, alisando meu rosto e eu assinto.

Ele me deixa no sofá e vai até a cozinha preparar algo. Minutos depois ele volta com dois sorvetes e um brigadeiro. Sorrio vendo-o chegar.

- Se vamos falar de drama você precisa de doces.- sorri tímido, apontando para as guloseimas.

Júnior se senta ao meu lado e pega o seu sorvete, aguardando eu iniciar.

- Bom, para início de tudo, eu quero te pedir desculpas por hoje. Eu fui uma péssima noiva e não devia fazer tudo isso. Estou me sentindo horrível com todo o cuidado que você tem comigo e a forma como eu te desrespeitei hoje.

- Está desculpada. Eu entendo o seu comportamento, bebê.- Júnior diz e segura a minha mão.- Eu sempre estarei aqui com você. Porém, talvez não seja da forma como eu desejo.- começa a dizer receoso e eu o olho confusa.

- Como assim?

- Talvez você ainda ame muito o Jorge e precisa dessa chance para descobrir o que acontecerá.

- O quê? Não, não.- nego exasperadamente.- Eu não quero fazer isso com você, Júnior. Não mesmo! Não vou te deixar só porque o Jorge voltou para o Brasil. A nossa história se encerrou há um ano lá em Seattle.

- Tini.- suspira e se aproxima de mim, me colocando seu colo.- Eu vou ficar bem, meu amor. Você não vai. Essa é a chance de você ser feliz com ele, eu jamais prenderia você aqui comigo.

- Por que está fazendo isso agora?- pergunto triste, derramando algumas lágrimas.

- Porque eu sou quase que o seu anjinho da guarda.- brinca, alisando meu cabelo.- Eu não vou estar aqui para sempre.

- Ninguém vai, Júnior. Por que você vai desistir de nós?

- Eu não vou, pequena. Acredite! Eu preciso te contar uma coisa, Tini.- suspira e eu sinto ele ficar tenso.

- O que foi amor?- me preocupo.

- Eu te conheço há anos, Martina. Te via naquele escritório desde quando você chegou para o seu primeiro dia toda estabanada, atrasada e desesperada. Você se esbarrou em mim no elevador, toda descabelada, e ali eu tive a certeza que seria você. Acompanhei de longe a sua trajetória e vi o seu amor pelo Jorge ser demonstrado. Você sempre guardou a sete chaves e até mentiu para si mesma. Eu odiei o Jonathan porque pelo pouco que eu o via, sabia que ele não te fazia bem, era um babaca. Eu que mandei a mensagem no dia da traição.- arregalo os meus olhos, assustada.

- O quê?- pergunto baixinho, ainda chorando.

- Eu desconfiava dele e não deu outra, descobri a traição e te mandei a mensagem. Você não merecia estar em um relacionamento como aquele. Aí você resolveu assumir a sua paixão  pelo Jorge e eu vi você sorrir verdadeiramente, andar nas nuvens e viver bem. Eu sempre desejei isso para você, Martina. Você é uma pessoa única e precisa viver da melhor forma possível. Na primeira vez que nos vimos, eu estava chegando do médico na editora. No mesmo dia eu estava descobrindo um nódulo na cabeça. Até então ele era benigno e não me prejudicaria, mas há dois anos ele se tornou maligno e então com os meses eu descobri que agora tenho um tumor cerebral maligno.

Sinto o meu chão desmoronar e as lágrimas caírem livremente. De repente a minha visão fica turva e eu ouço a sua voz me chamar antes da escuridão me tomar.

Continua
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