Capítulo 35

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—Eu não posso acreditar que ele ousou dizer estás palavras, não é possível. Não consigo acreditar. — Pam dizia chocada após eu contar exatamente tudo o que aconteceu.

—Acredite, nem eu consigo acreditar nisso. Como àquele senhor criou um homem tão bom? Dois na verdade. Jason é ótimo, mas pelo o que pude conhecer de August ele também me pareceu incrível e ainda tinha um senso de humor inacreditável.

—Mas e a gravação? Me mostra?

-Gravação? Aaa. Era mentira. Eu não gravei realmente a conversa. Apenas tentei intimidar para ver se assim ele se mantém longe de Ali e eu. Talvez dê certo. — dou de ombros. Não é garantido, mas acho que vi um pingo de preocupação na voz de George quando ameacei sua carreira e fama. Inacreditável.

—Essa é a minha garota. — Pam me abraça e acaricia meu ombro. — Sempre soube que você é forte para enfrentar qualquer obstáculo que comprometa sua filha. Ela vai crescer e se tornar ótima e honesta como você, terá orgulho de ser sua filha.

—Você é ótima. Obrigada por tudo e inclusive por me ouvir quando preciso. Eu te amo imensamente, Pam.

—Aa. Chega. Estou cansada de ouvir o quanto sou ótima. — Ela ri. — Ao invés disso... me diga como foi dormir coladinha com o grande amor da sua vida?

—Pam... - Eu rio e lhe lanço um olhar repreendendo-a. — Isso parece constrangedor.

—Constrangedor que nada. Anda. Desembucha, Sophia. - Ela se ajeita sobre o sofá puxando uma almofada para ela.

Contei algumas coisas para ela, sobre como me sentia e em relação a tudo isso e ficamos ali conversando no sofá da sala de estar de Pam até que  Alice acordasse. Assim que a sapeca acordou, já gritando "mamãe" sem parar após ouvir a minha voz eu desci para nosso apartamento, escutando Alice tagarelar sobre ter quebrado o braço de sua boneca preferida após tentar dobrar o braço para tirar a alça do vestido para que ela pudesse dar banho na amada 'filha'. Sim, eu sou avó da Barbie.
Eu disse que a levaria para escolher outra e seu sorriso voltou novamente junto de vários pulinhos e um abraço nas minhas pernas.

O resto da noite foi exausta porque eu não tirava da cabeça a conversa que tive com George mais cedo. Com conseguia imaginar. Eu pareço ser um alvo fácil? Eu pareço ser alguém fútil que  venderia a felicidade por dinheiro? Que tipo de pessoa ele pensou que eu pudesse ser para que aquela conversa chegasse àquele ponto.?

Minha mente estava cheia e minha cabeça parecia que ia explodir de tanto que doía.

Após um banho relaxante e um jantar ao qual eu comi mais que o costume- talvez seja por conta do estresse- eu fiz pipoca a pedido de Alice e assistimos filmes livres para sua idade, ainda brinquei um pouco com ela e fui sua filha, depois fui sua professora chata e depois a sua mãe- coisa do destino, até em brincadeira.  -Às horas iam se passando rápido e quanto mais tarde ficava mais Alice insistia que estava sem sono.  Geralmente ela dorme cedo, mas hoje eram 01:00 da manhã e ela estava apenas deitada na cama com seus olhos abertos e eu já havia contado umas quinze histórias para ela dormir e nada.  Suspirei derrotada pelo sono e cansaço e me levantei da poltrona ao seu lado.

-Certo. Vou me deitar aqui com você e a senhorita irá dormir, combinado mocinha? - Eu me deito em sua cama e a abraço.

-Sim mamãe. - Ela diz com a voz doce de sempre.

Comecei a cantarolar algumas músicas  e ela logo começou a cochilar.

Meu celular tocou em alto som fazendo ela se assustar e eu igualmente. 

-Droga. - Estico o braço e pego o celular na poltrona.

-Oi? - Atendo sem ler o nome, meus olhos já estavam embaçados pelo sono.

-Te acordei? - Era Jason.

-Ah... não. Eu nem dormir ainda.

Me sento na cama. Jason diz que ainda não viu seu pai e eu penso "eu sei, ele está no Brasil" mas evito falar dele e não digo nada.

Acaricio a cabeça de Alice que agora já estava sentada na cama também. Respondo às perguntas de Jason de forma rápida e curta sobre como as coisas estão por aqui e tudo mais.

-Pode me ligar outra hora? Não quero parecer grossa. É que aqui já está de madrugada. E Alice hoje cismou de não querer dormir, ela dormiu por longas horas hoje na Pam. Agora estou sofrendo às consequências. Eu estou extremamente cansada mas ela não dorme. Vida de mãe é complicada, Jason. - Eu suspiro e sigo com uma risadinha. - Ela está aqui do meu lado, sentada na cama e brincando com os próprios cabelos.

-Passa o celular para ela.

-O que?

-Só passa, vai confia.

Passo o celular para Alice que o põe na orelha mas me olha desconfiada.

-É o papai. - Eu sussurro para ela, que abre um enorme sorriso.

-Papai?

E aí depois disso eu não sei mais o que Jason disse na ligação.

-Não. - Ela ri. - O nome dela não  é esse aí, é bela adormecida. Você não tá com sono também ?

-Papai, eu estou com saudade.

-Sério? Eu prometo papai. Vou pensar.

-Tá bom. Bons sonhos para você também papai. Te amo.

Alice me  passa o celular e deita na cama se cobrindo e fecha os olhos.

-Ah! -Ela se levanta. -Bons sonhos mamãe, amo muito você. - Alice beija minha bochecha e se joga na cama novamente.

-Jason? O que você prometeu a ela dessa vez? - Questiono rindo.  - Não pode comprá-la com brinquedos ou aparelhos eletrônicos.

-Dessa vez eu fui além disso.

-Jason... O que você disse a ela?

-Talvez eu tenha prometido uma viagem a ela?

- Talvez? Viagem?

-Eu disse que nós três poderíamos ir para onde ela quiser. Se ela quisesse voltar a Nova Iorque, seria ótimo. Dessa vez seria nós três juntos. Eu conheço esse lugar na palma da minha mão, seria ótimo. Mas ela disse que vai pensar onde quer ir. Vamos esperar.

-Você não tem jeito.

-Eu sei . - Jason ri e eu acompanho.

Mas alguns minutos de conversa, desliguei a ligação e Alice dormia tranquilamente. E foi aí que enfim, eu pude ir para o meu quarto e cair no sono. 

No dia seguinte acordei bem cedo com o despertador tocando e  os reflexos de sol passando pelas brechas da cortina na janela e exageradamente  pegando em meu rosto me fazendo fechar os olhos novamente. E assim um novo dia se iniciou.




Dear, DaddyWhere stories live. Discover now