XXI - Lacuna

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POV GIZELLY

É estranho estar de volta parece que nada mudou, o que me faz lembrar que eu não tenho certeza de nada, não tenho o trunfo de me esconder e fingir que nada me afeta, pois cada parte desse lugar ainda tem um pouco dela.

Depois de desembarcar no aeroporto internacional de São Paulo, segui rumo a casa de Manu Gavassi, onde ficaria hospedada por tempo indeterminado, apesar de ser umas de minhas melhores amigas e de termos um longo tempo de amizade, não era a minha preferência em ficar lá, pois minha aflição Rafa Kalimann ainda era uma pessoa que visitava muito Manu, e eu não pretendia vê la, falar ou comprimenta lá. Bem infantil da minha parte, mas quando algo ou alguém te machuca, tudo o que você quer é que a dor não volte e para isso acontecer, você evita o que te causou mau. Não é errado ou egoísta querer sua saúde mental intacta, ter a sublime certeza que nada estragara seu dia e isso para mim era a melhor sensação, estar em paz com seus pensamentos.

Titchelinha! — Abracei minha amiga com o sorriso estampado em meu rosto. Como era bom sentir o aperto de uma pessoa tão amada como essa pequena. — Que saudade Titchela, olha o que você está fazendo! Caramba ta me fazendo chorar!

Eu tô chorando desde que coloquei os pés nessa casa! — A abracei mais uma vez, talvez até mais forte.

Entramos e sentamos no seu famoso sofá, aliás tapete, era tanta lembranças ali, que respirei fundo engolindo aquela parte que me fazia suspirar por ela. Manu olhou sorrindo ao me ver segurar um choro, que não era de saudade, mas sim de tristeza.


Não vou entrar em detalhes, eu sei que você não queria vir pra cá, mas como uma pessoa forte e determinada, não esperaria menos de você. Eu tô muito feliz que você está aqui, Titchela, e espero do fundo do meu coração, que você não vá tão cedo sair daqui. — As palavras de Manu enriquece minha alma, alimenta nossa amizade de um tanto que não sei como explicar, mas sou grata por ter essa pequena em minha vida.

Contamos algumas fofocas, rimos bastante de minhas presepadas, até que o celular de Manu toca e seu olhar não podia me negar que era ela no telefone. Manu seguiu para a varanda, me dando a afirmação que era Rafa, pois não haveria motivos para ela atender longe de mim.
Não queria pensar no que pudesse ser a tal conversa, o do por quê, talvez nem saiba que estou aqui em São Paulo, talvez nem se lembre de mim.
                                               ...

Eu não sei se...

— Se quer saber o que estou pensando?  — Olhei para Manu que estava encostada no portal da porta com braços cruzados, estava preocupada, não sei o que ela sabia, mas algo nela me transmitia um certo receio. — Tenho a impressão que quer falar comigo, mas não sabe como.

Titchela, você não perdeu o hábito de ser uma excelente advogada, ainda sabe reconhecer quem esconde coisas. — Ela sorriu e sentou se ao meu lado, na cama onde eu desfazia as malas. — A Rafa virar jantar.

Eu não poderia pedir a ela para impedir que a Rafa viesse aqui, elas são amigas e aqui é a casa dela. Assenti, silenciosamente, não queria prolongar uma conversa, não sobre ela.
Odiava como ela ainda tinha efeito sobre mim, como só pela simples menção ao seu nome me deixava mal. Eu poderia ficar para o jantar, e mostrar, na verdade mentir na cara dela que morreu o que sentia.

— Ah, Gizelly pára com isso! Não seja idiota.

E eu não vou ser.

POV RAFA

Precipitada. Segui meu instinto, mas já estou arrependida não sei se devo realmente ir.

— Droga Rafaella, por que você faz essas coisas? Agora tem que ir lá e dá a cara pra bater.

Fiquei nervosa a tarde toda, procurando um modo de iniciar uma conversa com ela, uma conversa que era pra ter acontecido há três anos. Mas decidi não tocar no assunto durante o jantar, eu só tinha que ser a Rafa, a de agora.
Me arrumei básica, com um tênis, calça moletom, uma blusa, coloquei uma jaqueta preta e segui rumo a casa de Manu. Estava frio, chovia um pouco, a noite estava linda.
Chegando na Manu, respirei fundo, buscando forças para encara lá daqui a pouco, e quando não mais que alguns segundos depois de tocar a campainha, um carro chegou na residência, eu não sabia quem era, não era o carro da Manu, e Gizelly não estava de carro, óbvio, quando se aproximou consegui notar quem era.

— Olá Rafa, quanto tempo.

— Oi Gabi.

— Você também veio para o jantar?

Quando ia responde lá, Manu abriu a porta espantada com nós duas, parece que não esperava que Gabi Martins estivesse ali ou por nós duas termos chegado na mesma hora.
Desde que Gabi voltou da Europa, nos encontramos algumas vezes em eventos, algumas vezes me cumprimentou, outras fingiu que não me conhecia. Sabia que tinha virado uma boa amiga pra Gizelly, algo que não consegui.
Manu nos encaminhou para dentro, estava realmente frio lá fora, Gizelly ainda não tinha decido, então puxei Manu até a cozinha e perguntei.

— O quê ela faz aqui?

— Rafa, Titchela me pediu para convida lá. Gabi é muito importante pra Gi, e eu gosto dela.

— Não, amiga tudo bem, eu só não esperava, sabe?

— Amiga, relaxa. Vem vamos voltar pra sala.

Assim que entramos na sala, Gabi e Gizelly se abraçavam.

— Até que enfim a princesa desceu. — Manu se pronunciou e Gizelly se virou, mas seu olhar veio diretamente pra mim.

Oi, Rafa.

— Oi, Gizelly.

Parece até mais estranho do que quando nos conhecemos pela primeira vez, ela estava tão envergonhada e falava pelos cotovelos, e nesse poucas palavras, poucos gestos, séria.
E era tudo culpa minha.

— Vamos jantar, senão vai me esfriar.

— Vamos! Que estou com bastante fome...

— Gizelly você que se atrasou, ora.

— Gabriela deixa de mentira, vamos que estou loooooucaaa de fome.

Sorri vendo que não tinha mudado, que a frieza era  só comigo.

























É RAFAELLA VAI TER QUE LUTAR PRA DESCONGELAR O CORAÇÃO QUE VOCÊ MESMO FEZ FICAR FRIO













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