Collection

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Preparados?
Boa leitura!
💙💜

            Evie acordou e respirou fundo várias vezes. Sentia o corpo estranho. Olhou em volta e o silêncio era profundo, não havia movimentos. Sua boca estava seca. Pegou o copo de água que estava ao lado da cabeceira e bebeu rapidamente. Sua garganta estava tão seca que sentiu a água raspando em sua garganta. Sua mente parecia entorpecida, assim como todo seu corpo. Nem precisava falar para saber que estava sem voz, foram tantos gritos que até agora estava sem coragem de tentar falar.

            Lembrou de sofrer muito. Os rostos enrugados e úmidos dos seus filhos lhe veio à mente. Sim, filhos. Não sonhou que sua gravidez poderia ter sido de gêmeos e alguns questionamentos a invadiam, principalmente: como nunca fora detectado em uma ultrassom? Precisava perguntar a Fada Madrinha o mais rápido possível. Sorriu ao lembrar da voz emocionada e reconfortante de Mal em seu ouvido. Era tudo o que ela mais queria.

            Mas a dor voltou e então tudo ficou difícil. Cada vez mais difícil. E ela se esforçou. Podia ouvir Victoria gritando, sentia Mal dando-lhe força e ajudando a empurrar. E então aconteceu. Nasceu uma menina. Sua filha. Mas não pudera vê-la muito bem. Estava muito fraca. Não era capaz nem de dizer ao menos que seu ventre ainda doía. Que ainda mexia algo dentro de si. Porém desmaiou antes de poder falar alguma coisa.

            Sentia-se zonza e colocou o copo de água no lugar. A dor em seu ventre se abateu de uma vez e ela se segurou para não gritar.

            - Merda! Será que isso não acaba nunca? – resmungou para si mesma.

            A dor voltou menos de vinte segundos depois e veio de forma intensa e duradoura. Evie ofegou e abriu as pernas devagar, estava fraca e algo em sua intimidade tão castigada pelos nascimentos dos filhos não estava bem. Era mais confortável abrir as pernas. Segurou na cabeceira da cama e se retorceu em dor. Gritou. Mas a voz não saia. Estava afônica e aflita. Gemeu longamente. Sentindo agora a dor tão conhecida. Implorou aos deuses que fizesse aquilo passar depressa e a dor se foi.

            A dor se foi em um tempo suficiente apenas para relaxar. Voltou intensa e cruel. Mas ela sabia o que fazer. Precisava empurrar. Sempre. Pôr para fora. Queria pedir ajuda, mas não havia tempo. A dor veio rápida, forte e ininterruptas. Tentou se utilizar de magia para tentar pedir ajuda, mas no momento em que fez o primeiro feitiço a dor triplicou dentro de si. Ela gritou forçando seu corpo ao máximo. Sentiu algo sair. Sentiu um corpinho flácido deixar o seu. Respirou ofegante, olhando para baixo sem acreditar no que acontecia.

            As lágrimas a sufocaram, mas teve força e coragem para segurar o pequeno bebê que estava sobre a cama. Ele parecia ter a metade do tamanho dos outros. Esperneava sem parar e sem soltar som algum. O pegou ofegante. Sua apreensão era tamanha que a dor parecia ter se esvaído. Revirou o corpinho mole e limpou o rostinho com um pedaço da sua camisola. Suas mãos tremiam. Olhou e viu que era uma menina, sorriu entre as lágrimas. Porém algo estava errado, ela não chorava e não estava respirando.

            - Bebê? Respira! Respira meu amor! – ela disse chorando tentando não se desesperar. Colocou ela sobre a cama de novo e tentou avisar a alguém por magia, mas não tinha forças, a solução era gritar. – MAL! MAL!

            Sua voz ainda era fraca.

            Mal tinha acabado de sair do banho, estava no quarto ao lado do que dividia com Evie e que seria o quarto dos filhos, depois de modificações. Estava ao lado do berço quando sentiu um arrepio, uma coisa estranha, um aperto no peito. Sorriu para si mesma, depois de ser mãe duas vezes estava virando intuitiva?

For You - Mevie/MalvieOnde histórias criam vida. Descubra agora