Capítulo 11- 🌻Yoongi

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Os próximos dias passam, impressionantemente, voando. As aulas chatas e ir na escola parecem menos problemáticas e poderia quase dizer que não me arrependo de ter voltado.

Passo a maior parte do tempo vago ouvindo as histórias malucas de Jin que envolvem ou uma lhama chamada RJ ou um cozinheiro chamado, pasmem, Kim. Isso quando quase não perco a aula tocando com Jungkook na sala de música.

E assim chega a temida quinta feira, dia da orientação semanal. Meus pais não ficaram muito felizes quando disse que eu teria que voltar ainda mais tarde da escola, mas não havia muito o que eu podia fazer.

Depois da aula de economia excessivamente cansativa, desço as escadas para onde ficava o antigo ginásio, que agora aparentemente virou sala de reuniões para não esquecerem dele.

Jung Hoseok está encostado na parede ao lado de um banco onde estão sentados Yeonjun, da aula de artes, e um menino mais novo que depois descubro se chamar Sunghoon. Também estão ali Jeongyeon e Mina que estão na minha aula de política pública, Chaeyoung de geografia e Jackson de educação cultural. Tem mais algumas pessoas, mas eu não sei quem são.

O senhor Lee (todo mundo nessa escola se chama Lee, vocês perceberam?) entra no local e pede para nos sentarmos em círculo. Por coincidência, ou não, eu me sento exatamente na frente de Jung, cuja linguagem corporal mostra que ele está extremamente incomodado de estar ali.

— Bom, vamos começar do começo. Meu nome é senhor Lee, mas me chamem de Heesung. Por que não me falam a razão de estarem aqui? — Ele diz, enquanto olha para um caderno que, muito provavelmente, está escrito a razão de estarmos ali. —E não comecem com "A diretora mandou", quero saber a real razão.

Ninguém fala nada, então tomo o primeiro passo. Meu motivo, afinal, era bem óbvio.

— Estou aqui por causa dele. — Disse, apontando diretamente para frente.

— Não, você está aqui porque atacou uma bola na cara dele.

— Boa. — Um dos outros meninos ali sentados diz.

— Cale a boca. — Isso foi Hoseok.

— Por favor, controlem-se. — O senhor Lee se vira novamente para mim. — Você poderia ter apenas ignorado.

— Você teria feito isso?

— Quem está se explicando não sou eu, Yoongi.

— Tudo bem. — Respiro fundo, antes de começar a desabafar. — Estou aqui porque perdi o controle. Porque quando você tenta ser você mesmo, nesse mundo de merda, sempre vai ter alguém para te impedir. Porque a sociedade criou um modelo perfeito a ser seguido e ele não inclui roupas não terem gênero. Porque eu me prendi em casa justamente porque pessoas falam e fazem coisas para mim por causa do que eu visto.

Todo mundo se vira para Hoseok.

— Pode participar se quiser, senhor Jung.

Mas ele nega com a cabeça, continuando olhando para o chão, com uma expressão que não consigo identificar, como se tivesse mil coisas melhores para fazer do que estar ali pagando pelo que ele, de fato, fez.

— Se ele não quer falar, eu continuo.

Se tem algo que eu sou bom em fazer é falar sobre mim mesmo e meus sentimentos para um público, mesmo que eu não os conheça. Fiz isso por muito tempo.

— Tudo bem, senhor Min, parece que o palco é todo seu.

— Talvez as pessoas não saibam realmente o que aconteceu comigo. Quando me levaram daquele parque, eu passei um bom tempo no hospital, me recuperando. Enquanto estava lá, eu perdi toda a esperança que eu tinha. A esperança de viver uma vida normal, de poder ser eu mesmo, de achar que eu poderia ignorar o que os outros pensavam. Desde que me conheço por gente, eu sempre quis estar bem comigo mesmo, e apenas isso. Mas, naquele dia, eu fui entender que isso não era possível enquanto houvesse alguém que pensasse que podia moldar a vida dos outros.

O senhor Lee continua em silêncio. Posso ver que ele está realmente prestando atenção no que eu estou falando. Todos estão. Continuo, porque já pratiquei esse discurso dezenas de vezes. A cada psicólogo que parecia não funcionar eu tinha que repetir tudo que havia acontecido. O problema nunca foi o psicólogo, sempre foi o tempo que eu levei para aceitar o que havia acontecido. Era uma verdade: eu havia apanhado, eu havia passado tempo no hospital, porque Mark Tuan se sentiu afetado por eu usar uma saia.

Mas uma coisa que eu aprendi com o último que eu tive que frequentar foi que, às vezes, é melhor simplesmente dizer o que a gente pensa. Se tentar carregar tudo sozinho, sem ajuda, sem ninguém te entender, bom, você pode acabar passando 4 anos em casa depois de levar uma surra.

— Nos últimos 4 anos eu tentei justificar o que tinham feito comigo, até eu entender que não havia explicação, apenas um idiota que acha que pode sair ditando o que as pessoas devem vestir ou ser. Quando eu cai na realidade que o mundo não era acolhedor da maneira que eu achava, eu entendi que a liberdade nunca poderá ser atingida totalmente, e que eu tenho que me adaptar, mesmo que isso signifique abrir mão de parte de mim. Não se pode ter tudo, não é verdade?

Um garoto chamado Jeongin solta um Uau. Então o senhor Lee diz:

— Muito bem, senhor Min.

— Obrigada. — Mesmo que não seja especial, ouvir o reconhecimento do meu orientador é importante para mim. — Tive muito tempo para pensar sobre isso.

Alguns se viram para Hoseok, mas ele não diz nada,

— E por que você jogou a bola nele?

Olho para Jung e fico com vontade de perguntar: Por que eu não jogaria? O garoto não teve uma reação nessa sessão inteira. Não se importa com ninguém a ponto de conhecer os nomes deles, pelo que vi essa semana. Nunca viveu nada horrível na vida. Nunca teve ninguém falando o que ele devia ser ou não. Nunca foi chamado de lixo, de sujo. Dança bem, com certeza sempre teve o que precisou. Ele tem amigos incríveis e aparentemente se acha bom demais para esse lugar.

Mas na verdade só digo:

— Eu fiquei irritado.

E, pela expressão do senhor Lee, ele não ficou muito convencido. É a cara que meus terapeutas faziam quando sabiam o caminho que eu deveria percorrer na recuperação, mas nunca me falavam porque eu devia encontrá-lo sozinho.

// Eu achei que esse capítulo ia ficar curtinho mas ficou bem maior que eu imaginava.

Eu não faço a menor ideia do que falar então vou dar umas informações:

A primeira parte da história, como podem ver, é focada no Yoongi, a segunda será focada no Hobi e a terceira, nos dois. Isso não significa que eles ficarão, ou melhor, que o Yoongi ficará bravo com o Hobi até a terceira parte. Eu sei que vocês entendem o lado dele então nem preciso falar que ele tem razão, então precisará de tempo para desculpar o solzinho.

Inclusive, Happy Hobi Day meus amores💜☀

E chega de spoiler por hoje.

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Até daqui 10 minutos, muito obrigada por estarem lendo.

Usem a tag da fic no twitter, por favor: #PianoDeGirassol

FACELESS //SOPEOnde histórias criam vida. Descubra agora