Capítulo 36- 🎧 Jungkook

254 31 68
                                    


Aviso: menção de assassinato

Todo mundo me conhece como filho único. E isso faz sentido, até porque eu nunca contei a verdade pra ninguém.

Meu irmão mais velho morreu antes de eu nascer. Ele foi esfaqueado numa balada, enquanto tentavam roubá-lo.

Ele tinha 18 anos e minha mãe estava grávida de mim.

O luto gerou diversas complicações na gravidez e ela quase me perdeu.

Infelizmente, eu nasci no pior momento possível.

Nos meus primeiros anos, meu pai se enterrava em trabalho e minha mãe evitava tudo que envolvia a maternidade. Quando ela lidou com isso, ou provavelmente esse tenha sido o jeito dela lidar com isso, colocou como meta me criar para preencher o espaço vazio da casa.

Minha vida toda eu cresci tendo que ser o que meu irmão era. O mais inteligente, mais correto, o orgulho da família Jeon.

Eu tinha que me vestir assim, viver assim, ouvir o que eu tinha e não tinha que fazer todos os dias.

E não só isso, eles me criaram consertando tudo que eles falaram que Jungsoo havia errado. Eles queriam dizer tudo que havia levado ele a ser morto, mas não admitiam isso.

Quando eu tinha idade suficiente pra entrar na escola, eles me mandaram para um internato, não só pra se livrarem da responsabilidade de cuidar de mim, mas porque aquele lugar ia "me ensinar as maneiras corretas".

A única coisa que ele me ensinou foi a odiar a maneira que meus pais me tratavam.

Lembro nitidamente da primeira e única vez que eu matei aula. Ouvi um rumor que os alunos mais velhos se reuniam no intervalo deles para dançar, e aquilo me deixou maravilhado. Eles, na verdade, não estavam fazendo nada de errado, mas na minha visão dançar na escola quebrava todas as regras.

Como alguém que não fazia um 'A' fora do lugar, claro que eu achei incrível.

Então eu saí antes do início da aula de matemática, que sempre foi a que eu mais odiei, e fui em busca da tal dança.

Óbvio que me encontraram no meio do caminho e chamaram meus pais, que ficaram embasbacados com minha indisciplina. Minha mãe chorava, dizendo que não sabia onde havia errado na minha educação, e meu pai agradecia a escola por ter me repreendido.

Um pouco exagerado, na minha opinião.

Porém isso me deu dois objetivos: sair daquela escola e entrar num grupo de dança.

O segundo, apesar dos meus incansáveis pedidos, nunca foi realizado. Minha melhor opção era ficar vendo coreografias no meu celular durante a noite, apesar de não ser capaz nem ter permissão de praticá-las. Foi assim, inclusive, que aprendi a cantar. Das milhares de vezes repetindo o mesmo vídeo do YouTube apenas na minha cabeça.

Porque isso eles não conseguiam me impedir de fazer.

Por outro lado, o destino me livrou daquele lugar rápido. A empresa em que meu pai trabalhava faliu no ano seguinte e nos mudamos para Daegu, para um recomeço.

Nós não tínhamos dinheiro para pagar um internato lá, o que eu agradeci muito, então fui para um colégio normal que mudou minha vida totalmente.

Nunca vou esquecer meu primeiro dia. Não era difícil para um menino baixinho com cabelo marrom e roupas chatas se misturar. Infelizmente, eu não era o único que tinha pais controladores.

A diretora Lee juntou todos os alunos novos para fazer uma única visita de apresentação da escola. Como era começo de ano escolar, realmente havia muita gente, maioria que entraria comigo no primeiro ano do Ensino Médio.

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Mar 02, 2022 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

FACELESS //SOPEWhere stories live. Discover now