- Quarante-et-un -

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- Point de vue 》Michelle -
- Barcelone 》 Espagne -
- 16, Février 》2021 -

Assim que o avião pousou às terras espanholas, senti-me mais nervosa do quê já estavas nos últimos dias para cá.

Nunca antes senti-me assim tão eléctrica, para um jogo do PSG, quanto estou para o de hoje. Trata-se de uma disputa contra o Barcelona, para a Champions League. E desta vez não verei através da minha TV, na minha casa, tendo em mente que é somente mais um jogo.

Agora é tudo diferente.

Agora verei no próprio Camp Nou; agora não sou somente mais uma adepta, sou também a namorada de um dos jogadores de uma das equipes. Então, todo o nervosismo que for sentir, terei de escondê-lo, para não deixar o Kylian mais nervoso do quê ele deva estar.

Toda essa semana, estivemos separados, incluindo no dia em que é comemorado o São Valentim.

Não o quis perturbar, afinal, ele precisava estar bastante concentrado. Apenas trocamos mensagens e vídeo chamadas. Tentei ao máximo transmitir o meu apoio e a confiança de que dará tudo certo.

Sem falar que já estou bastante transtornada pelo assunto do meu aborto, e pela situação em que a Ayla se encontra.

A espanhola teve um acidente gravíssimo de aviação, o quê à deixou em coma. Quando soube - através de uma ligação noturna do Jesse - não pude ir directamente até lá, por dois motivos: não podia fazer nenhuma viagem, antes do tempo determinado para o meu repouso pós-aborto; e segundo porque o senhor Kylian Mbappé e a senhora minha sogra, não permitiram que eu fosse, pelo motivo que mencionei em primeiro.

Na noite seguinte ao nosso descalabro, Wilfried e Fayza foram até a casa do petit, e em meio a visita repentina, acabámos contando sobre todo o episódio da gravidez e da perda.

Surpreendentemente, a minha sogra demonstrou-se preocupada e disposta a ajudar com qualquer coisa que fosse necessária. Wilfried quis até contratar uma enfermeira para que cuidasse de mim em casa - ideias originárias do Kylian - porém insisti para que não se preocupassem comigo.

Pelo recomendado, fiquei uma semana em repouso absoluto, e após o jogo do PSG contra o Caen; fui permitida ir até Londres - onde a Ayla está ainda hospitalizada. - A situação da moça é realmente dolorosa, em todos os sentidos. Fiquei satisfeita, porque pude ajudar o Jesse com os seus três filhos - Kylian, Aisha e Jaden - pois a situação dele também não estava uma das melhores. Embora tente ser forte, não deve ser fácil ver a mulher que ama, em coma; ter de omitir para os filhos que está tudo bem e que a Ayla apenas viajou para um lugar sem sinal; ter de sorrir e tentar transparecer para eles que está tudo bem; ter de encarar diariamente os holofotes que ficam insistentemente atrás dele e ter de convencer a si mesmo que ficará tudo bem.

Nenhum ser humano consegue passar por tudo isso sozinho.

Fiquei em Lodres, até vir directamente para cá.

Nunca antes estive em Barcelona, e confesso ser uma pena por ficar apenas algumas horas. Embora tenha vindo um pouco mais cedo que o Kylian, porque pretendo descansar um pouco e também porque o camisa sete virá juntamente da sua equipe.

Só o poderei ver após o jogo.

Crueldade!

Estou morrendo de saudades do moreno. Pareço não vê-lo à séculos.

Só em uma semana distante dele sinto-me assim, não quero pensar quando terei de ir à Londres, trabalhar.

Falando nisso, é já para o final deste mês.

Após descer do carro, em que o próprio Kylian fez questão de procurar e contratar para guiar-me durante o dia de hoje; adentro ao hotel onde irei hospedar-me durante horas.

Quem escolheu o hotel, foi o próprio Kylian, até porque ele conhece melhor o local do quê eu; reservou um quarto para que eu possa repousar até a aproximadamente a hora do jogo.

Como forma de facilitar, Kyli optou pela escolha do hotel mais próximo ao estádio.

Assim minimiza o caso de acontecer um imprevisto, e eu não correr o risco de chegar atrasada para ver o jogo.

O quê espero que não aconteça.

Após me pedirem para esperar na recepção, pois mesmo em tempo pandêmico, o hotel está cheio; sentei-me em um dos sofás dourados do cômodo; depositando minha total atenção ao meu celular, onde troco mensagens com o Kylian, que disse também já ter aterrorizado e que irão todos directamente ao Camp Nou para um breve treino.

Mesmo que por mensagens, percebi algo de errado com o homem. Não saberei explicar. Ele parece estar preocupado, angustiado e inquieto. Poderia afirmar que é resultado da pressão do jogo, mas não é. Tem algo além disso, que eu irei descobrir.

Não demorou muito para que finalmente fosse guiada até o meu quarto. E que quarto.

Poderia ter feito um tour pelo cômodo, ou até mesmo tê-lo explorado mais, mas não consegui. À cada vez em que percebo que o tempo passa, mais sinto minha barriga esfriar.

Shuri tem razão, eu fico mais nervosa que os próprios jogadores.

O quê costuma deixar-me mais distraída, é pintar, porém não tenho aqui as minhas telas. Inclusive, iniciei uma nova e radical, com tinta à óleo e confesso que estou gostando do rumo em que ela se dirige.

Só espero que a Moon não dê cabo dele.

A segunda actividade que deixa-me distraída é compor. Algo que não faço à algum tempo, embora não haja finalidade para tais letras, eu gosto imenso de deitar minha mente voar com a música.
Tenho uma pequena playlist - no celular - de alguns sound tracks, que estão precisando de letras.

Com essa ideia em mente, pedi - na recepção - para que me arranjassem algumas folhas de papel vazias e uma caneta.

Sentada sob a cama, e encarando a porta do banheiro luxuoso; consegui fazer uma composições, em que à intitulei, live in one life.

Especificamente falei da situação caótica em os jovens-adolescentes actuais estão passando. Do quão rotulada é essa situação. Do quão julgada e anulada ela é.

Hoje em dia, para ser quem você é, precisa primeiro ser quem você não é; para dizer o que pensa, precisa respirar fundo, olhar para os lados e ainda pensar se quer mesmo dizer o que pensa; hoje em dia para amar precisa primeiro analisar a sua situação financeira, a sua raça e a sua sexualidade. Hoje em dia, tudo aquilo o quê os jovens sentem, é rotulado por " vitimismo, ou, tentativa de querer chamar atenção". Hoje em dia as pessoas vivem mais do que não são, do que nunca serão e se esquecem de ser aquilo o quê realmente sabem ser.

E nessa letra, eu simplesmente transmiti aquilo o quê eu acho que os jovens devem desejar - também. - Viver em uma só vida. Viver em sua própria vida. Viver para viver, e não para tentar viver.

Após expressar-me nessa composição, decidi dormir, pois precisava bastante. Senão acabaria sobrecarregando o meu organismo, que não está grande coisa.

O jogo irá decorrer às nove da noite, o que significa que terei tempo suficiente para dormir e desfrutar - nem que seja um pouco - desta linda cidade.

Détails - Kylian Mbappé ( Em Pausa )Onde as histórias ganham vida. Descobre agora