6. A CANÇÃO DESCONHECIDA

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— Joshua? — Edward chamou, estalando os dedos na frente do colega. — Qual é o problema?

O loiro balançou a cabeça negativamente.

— Nada. Eu só estou muito cansado, quero entrar em casa, comer alguma coisa e descansar.

O moreno deu de ombros.

— Tudo bem. Apesar de quase ter sido morto por uma cobra gigante, estou satisfeito com o tanto de material que nós coletamos hoje. Provavelmente vou pegar o microscópio assim que chegar no castelo.

Joshua apenas concordou com a cabeça, olhando por cima do ombro para o bosque, ainda ouvindo a canção que ninguém mais parecia ouvir.

Aindreas Hunter se aproximou e tocou seu ombro.

— A experiência de hoje foi incrível, apesar dos contratempos. A equipe vai levar alguns dias para analisar e catalogar todas as amostras coletadas, então vamos ficar no castelo e vou deixar com você um dos microscópios e qualquer outro instrumento que precise para trabalhar. Ao fim de cinco dias iremos nos reunir, comparar estudos e planejar uma nova excursão, dessa vez mais longe. Tudo bem?

— Sim, tudo bem. Vocês podem deixar aqui os equipamentos usados dentro da mata, assim não precisam carregá-los toda vez que vierem. Vou deixar guardado na casa, prontos para serem usados novamente.

— Ótimo! — O ruivo sorriu. — Agora nós vamos embora. Se importaria de dar algumas voltas de carro para nos deixar no helicóptero? Da próxima vez irei mandar alguém com uma caminhonete para que possamos vir e voltar para fora da vila com mais liberdade e sem parecer que os moradores querem nos linchar.

Joshua se absteve de dizer que era exatamente isso que os moradores de Craobhan queriam. Muito provavelmente.

Depois de todos ajudarem a guardar os equipamentos na casa, Joshua deu duas viagens para levar todos até o helicóptero, depois voltou para casa, mas em vez de descansar como havia dito, ele entrou apenas para pegar sua maleta e trocar as lâminas ocupadas por outras, pegar água, pão e frutas, e voltou para a entrada do bosque.

Assim que passou pelas árvores, ele ouviu com mais clareza a canção.

Percebeu que tudo estava diferente, voltara a ser como no dia anterior, quando entrou ali sozinho. Olhou no relógio, eram quatro e meia, a canção chegou até ele às quatro. Como os dias eram mais longos, o sol iria se pôr perto das dez da noite, então teria muito tempo para explorar antes de ter que voltar, não queria ficar ali à noite.

Ele sentiu uma brisa passar por seu rosto trazendo um doce perfume de frésias, parecia vir da mesma direção que a canção desconhecida. Como se estivesse hipnotizado, ele andou, procurando a origem do som que o seduzia. Não prestava atenção a mais nada, só a canção ocupava sua mente.

Passaram-se dez minutos. Vinte. Trinta. Quarenta.

Joshua continuava indo para as profundezas do bosque, onde as árvores eram maiores e os espaços entre elas, por onde passava a luz do sol, eram menores.

Ele não sentia medo, algo lhe dizia no fundo de seu ser que o bosque não lhe faria mal, que ali ele poderia ser quem era de verdade: livre, cheio de descobertas incríveis para fazer. Sentiu que tudo seria diferente se ele tivesse explorado aquele lugar quando era criança, ele seria mais feliz.

O cheiro das frésias era tão refrescante... A canção era tão linda... Mas quem estava cantando?

De repente, a linda melodia silenciou e ele parou de andar. Viu que estava em um lugar de majestosos carvalhos, com seus galhos retorcidos e raízes expostas.

No Coração do Bosque ProibidoWhere stories live. Discover now