10. A FAMÍLIA REAL

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Joshua estava saindo do porão com a Kmry quando ouviu o som de batidas na porta. Ele havia ficado por cerca de uma hora e meia ali dentro, vendo fotos e objetos dos seus pais e pensando na conexão que sua mãe poderia ter com o bosque.

Carregando consigo o porta-retrato onde aparecia seu pai, sua mãe grávida e Kmry na árvore atrás, ele foi até uma estante na sala e depositou o objeto, vendo no relógio que já eram quase oito da noite.

As batidas continuaram, então ele suspirou e foi para a porta, lançando um olhar para Kmry e dizendo a ela que fosse para o quarto dele, mas a gata tinha vontade própria, por isso levantou a calda de escovinha e foi andando pomposamente até a poltrona que costumava ser de Hamish.

Joshua balançou a cabeça negativamente e abriu a porta, encontrando os olhos preocupados de Scott. Ao ver o amigo são e salvo na sua frente, apesar de parecer muito cansado, o moreno barbudo deu um passo à frente e o abraçou.

— Seu idiota rebelde, sabe como nós ficamos preocupados que você nunca mais saísse desse maldito bosque?

— Oi pra você também, Scott — respondeu Joshua, se desvencilhando do abraço. Estava cansado demais para se importar em ser gentil. — Entra e senta. Você sendo carinhoso é mais assustador do que a serpente enorme que tentou atacar meu colega hoje.

Scott arregalou os olhos e foi sentar no sofá. Estava ainda tentando processar o que o amigo disse quando notou a enorme bola de pelos deitada na poltrona, encarando-o com curiosidade.

— De onde surgiu esse gato lindo? Qual o nome dele?

Joshua pensou rápido em uma história.

— É uma fêmea, se chama Kmry. O Aindreas trouxe para mim lá do castelo onde os pesquisadores estão hospedados.

— É o colega de quem você falou?

— Não, é o empresário que está bancando a expedição.

— Humm... — Scott coçou a barba e olhou muito sério para o amigo. — Sabe que antes de vocês entrarem, a vila inteira estava murmurando sobre como não iriam voltar, estavam revoltados porque o filho de Hamish e Isla estava com um grupo de invasores desobedecendo a proibição.

— E agora, o que dizem? — questionou Joshua, pegando Kmry no colo e sentando na poltrona onde ela estava.

— Estão revoltados porque vocês conseguiram entrar e sair vivos quando os antepassados de muitos deles entraram e nunca mais foram vistos.

Joshua deu de ombros.

— Meu tataravô paterno entrou lá e voltou louco, eu sei o que estão sentindo, mas não tenho culpa, só estou fazendo o meu trabalho.

— Mas eu não entendo como vocês entraram e nada aconteceu.

O rapaz pensou no que dizer enquanto acariciava Kmry, que ronronava em seu colo. Queria contar ao Scott, ele era seu amigo de infância, com quem se aventurava na floresta ao sul para explorar a natureza antes de seus pais decidirem de um dia para outro ir embora para Londres.

Mesmo assim, sua mãe disse para ter cuidado em quem confiava e que não deveria contar o que visse dentro do bosque.

Lembrou-se de como Freesia saiu de dentro de uma árvore e revelou ser uma criatura que ele até então achava existir somente na mitologia. E tinha Kmry, um animal mágico que mudava de forma e que, ao que tudo indicava, era mais velho que o próprio Joshua.

Não poderia contar essas coisas sem correr o risco de ser chamado de louco, o que só iria piorar a opinião dos membros do vilarejo a respeito da entrada no bosque, então apenas contou o que toda a equipe de pesquisa viu.

No Coração do Bosque ProibidoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora