18. EXPLICAÇÕES

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Ponderando consigo mesma, Freesia decidiu que ainda não era hora de levar Joshua para conhecer a tribo. Seus pais estavam em reunião com as líderes de clãs e os humores já estavam instáveis o suficiente no meio da tribo. O medo era o principal sentimento do povo desde as palavras da pequena oráculo e a presença dele só iria deixar as guerreiras mais agitadas.

Ele merecia respostas e ajuda, porém faria isso longe do centro de Grradhy, por enquanto.

— A tribo está em polvorosa agora. É incomum blums atacarem nosso território, muito menos durante o dia, isso está preocupando o Conselho Sagrado. Eu vou explicar tudo que puder, mas hoje só temos cerca de três horas, então é melhor fazer isso aqui mesmo. Quanto a ajudar com o poder que se manifestou em você, eu conheço alguém que pode ensiná-lo a controlar melhor do que eu, se você aceitar. Ela é minha amiga, não vai te fazer mal.

— Tudo bem, eu confio em você.

Kmry se aproximou e deitou-se no chão atrás de Joshua, em sua forma híbrida natural, então puxou a barra de sua calça de pijama com os dentes. Entendendo o que ela queria, ele se sentou no chão com as costas apoiadas no dorso quente do animal. Suspirou ao sentir-se afundar nos pelos espessos dela, que o abrigavam do frio.

Noktu tomou sua forma original e grasnou para que Freesia se acomodasse contra ele também. Depois de confortável nas penas e pelos macios do kaemera, Freesia começou a contar para Joshua tudo que era importante na tribo, seus costumes, tradições e o lugar de cada clã na sociedade das ninfas. Contou sobre tudo que viu sobre a própria história dele quando fez o ritual de ligação sanguínea e sobre os acontecimentos da noite, desde as palavras da oráculo até o ser encapuzado no território das dríades reais.

Passaram as próximas duas horas conversando, Freesia tirava cada dúvida de Joshua sobre tudo, inclusive contou que a história da dríade que fugiu grávida de Grradhy era justamente da sua mãe, Eileanach, entretanto, ocultou a parte dele ser o herdeiro legítimo do trono, pois não queria assustá-lo nem colocar sobre ele o peso de tal fardo. Tudo era novo para ele, se fosse forçado a entender as responsabilidades de ser quem era, provavelmente fugiria. Ela não estava pronta para perdê-lo ainda.

Essa constatação a encheu de temor. Só de pensar que ele poderia se afastar quando soubesse toda a verdade, renegar sua origem e seu povo de sangue, Freesia sentia seu coração pesado, uma dor lentamente se instalando no seu peito. Não podia desperdiçar nenhum minuto sequer com ele, precisava aproveitar ao máximo a companhia do meio-dríade.

Esse desejo de estar com ele veio tão forte que deixou Freesia tonta. Por que estava se sentindo assim? Isso era perigoso, estava errado, não podia se envolver com Joshua a ponto de sua vida ruir se ele não quisesse estar com ela. E se o seu companheiro aparecesse? Como poderia ter um companheiro e amar a outro homem?

Freesia parou no meio de uma explicação sobre os rituais de caça da tribo, sua expressão mostrava pânico. Amar? Isso era impossível, eles mal se conheciam!

"Ele mal te conhece, mas você sabe tudo sobre ele. A linhagem sanguínea, os costumes, caráter, comportamentos, o jeito de ser... Você conhece o coração dele e ama o que vê", sua consciência lhe disse.

"Isso é ridículo! Eu não o amo! Só estou... cuidando dos interesses da minha família e da tribo, só isso. Somos amigos. Sim, amigos!", ela insistiu consigo mesma.

Joshua observava com renovada admiração as características de Freesia que antes lhe eram ocultas. Escutava cada palavra dela como um sedento que encontra uma fonte de água pura. Nunca se cansava de escutar a voz maviosa da dríade, seu jeito de contar tudo que ele queria saber, suas expressões...

No Coração do Bosque ProibidoWhere stories live. Discover now