21. OS FILHOS PERDIDOS DE GRRADHY

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Os olhos violetas de Freesia se abriram e ela sacudiu a cabeça com força

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Os olhos violetas de Freesia se abriram e ela sacudiu a cabeça com força. As lembranças daquele dia ainda invadiam seus sonhos vez ou outra.

Suspirando, ela deixou as raízes de sua árvore-mãe se desconectarem de seus dedos dos pés e das mãos antes de finalmente se esticar para fora do carvalho. Olhou para o céu, a posição do sol lhe mostrava que eram quatro horas da tarde, como sempre.

Caminhou até o lago para ver Nory, ignorando seu desejo de ir até o território dos Carvalhos Reais. Não adiantava ficar ansiosa, teria que esperar até a próxima lua cheia para saber se Joshua havia sobrevivido.

Lembrava-se com dolorosa nitidez dos acontecimentos que mudaram sua vida. Até então, ela estava apenas conhecendo o mestiço de cabelos cor-de-areia e olhos avelã. Sabia mais dele do que ele sobre ela, gostava de conversar e trocar experiências com ele, e até admirava a beleza masculina, porém nunca sabia quando iria vê-lo nem se ele aceitaria viver com a tribo.

Depois do que aconteceu, ela teria que lidar para sempre com o peso de escolher o rumo da vida dele. Não sabia se ele estava vivo, e se estivesse, não podia imaginar se iria perdoá-la pela decisão de ligar sua vida ao bosque.

Era por volta de cinco da tarde quando Freesia viu Noktu se aproximar na forma de um gavião. Ele estava agitado, guinchando muito, então ela soube que precisava segui-lo. Nory estava com ela naquela tarde, junto de Hellikon, que treinava seus  ataques de algas.

Quando Freesia correu para ver o que Noktu queria, Hellikon convocou uma onda comprida e fina que levou as duas ninfas aquáticas por entre as árvores até o local onde viram a cena assustadora de quatro blums prestes a devorar Joshua.

Beag Kmry acabava de chegar para defender seu protegido e Noktu voltou à sua forma híbrida para ajudá-la. Freesia puxou uma flecha do alforje e encaixou no arco para acertar um dos blums enquanto Hellikon fez surgir algas amarelas que se enrolaram no corpo de outro e Nory conjurou uma bola de água que envolveu o terceiro blum até matá-lo afogado.

As três ninfas lutaram com os animais até que os quatro blums estivessem mortos, contudo, Joshua já estava no chão, todo despedaçado. Com cuidado, Freesia convocou cipós que se entrelaçaram até formar uma maca flexível para acomodar o rapaz. Beag Kmry se transformou em uma ursa polar grande o suficiente para levar a maca em suas costas.

Tão logo chegaram ao centro da tribo, Oldra, a Invta¹, foi chamada. Por ser uma oréade, seu ciclo de sono era diferente das ninfas ligadas às árvores, então estava acordada. Hellikon, Nory e Freesia receberam ajuda de uma oréade que era pupila da Invta para tirar a maca de cima da kaemera.

— O que aconteceu, princesa? — Oldra ofegou ao examinar os ferimentos profundos em Joshua. — Ataque de blums? Esse é o visitante humano que adentrou Grradhy há alguns dias...

— Não é só um humano, Oldra. Ele é filho de uma dríade dos carvalhos reais que fugiu de Grradhy.

— Carvalho real? — A ninfa falava enquanto examinava Joshua. — Isso é impossível, a única dríade real que fugiu foi... — Ela arregalou os olhos e observou atentamente o rosto ensanguentado do rapaz. Limpou a sujeira e suspirou. — A semente humana que Eileanach carregava... Princesa Frshivssya, você tem ideia de quem é esse rapaz e o lugar que pertence a ele na tribo?

No Coração do Bosque ProibidoWhere stories live. Discover now