Capítulo 13 - Mercadoria Preciosa

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Durante o trajeto, enquanto Sherlock Holmes no banco do carona orientava John Watson para onde ir, Elle, no banco de trás, analisava o pequeno objeto ainda dentro do frasco com a lupa do detetive. Eles concordaram em só abrir o vidro no laboratório evitando assim contaminar qualquer evidência que houvesse dentro dele.

— Isso é tecnologia demais — declarou a mulher.

— Depende de quem você estiver falando — comentou Sherlock sem tirar os olhos do mapa. — Se for para uma pessoa comum sim, mas para algumas organizações esse tipo de rastreamento de pessoal é até um pouco obsoleto.

— Onde será que isso estava? — quis saber ela.

— Um local fácil de tirar caso necessário — continuou ele ainda sem olhar para trás.

— Mas seria burrice colocar um rastreador em alguém em um local que a própria pessoa pudesse tirar — retrucou Elle.

— Isso depende do efeito colateral que essa retirada poderia causar — ele estava concentrado no mapa enquanto respondia. — Vire à direita na próxima rua, John...

— Bom, seja lá qual for eu não me lembro — Elle sorriu sem vontade e guardou o frasco e a lupa no bolso da jaqueta.

— Talvez seja esse o efeito colateral. — Ele olhou para o banco de trás com um sorriso no rosto e depois voltou a olhar para a rua onde estavam. — Considerando que entre o início da sua viagem até ser jogada na água não levou mais de duas horas como eu havia calculado, e descontando o tempo de te tirar da carroceria, amarrar e descartar... você só pode ter vindo de um dos imóveis dessa região. A próxima à esquerda, John.

— Para onde exatamente estamos indo, Sherlock? — perguntou ele ao se deparar com uma subida íngreme.

— Até o ponto mais alto para dar uma olhada nas casas.

A ladeira terminava em uma rua sem saída e com terrenos vazios. Sherlock desceu do carro e com os binóculos começou a busca. John, protegendo os olhos dos raios do sol poente com a mão na testa, ficou de pé ao seu lado enquanto Elle se manteve atrás dos dois.

— Muito estranha aquela casa. Olha a quantidade de pessoas com as roupas iguais às dela. — O detetive passou os binóculos para o amigo.

— Inclusive tem um armado com um fuzil. — Ele passou o acessório para a mulher.

— Queria ter alguma lembrança para poder ajudar vocês...

— Não precisa! — Sherlock estava seguro. — Olhe para as outras casas, fechadas e vazias. Jardins descuidados, sem carros por perto. Essa é a primeira habitada com distância razoável de onde encontramos as últimas pistas.

Elle devolveu os binóculos para ele.

— Vamos lá! — Sherlock deu um meio giro fazendo levantar a base do seu sobretudo e começou a andar na direção do carro.

— Claro que não! — John estava visivelmente atônito. — Você ouviu quando eu falei que tem um cara com um fuzil?

O detetive ficou parado enquanto pensava no assunto e resolveu voltar para olhar de novo a casa.

— O vigilante do lado direito do portão. — John guiou o olhar de Sherlock que novamente usava os binóculos.

— Vamos precisar de reforço — admitiu ele por fim perdendo o entusiasmo de minutos antes. — Se tem esse tipo de armamento aqui fora, com certeza tem mais dentro da casa.

Sherlock se virou novamente e voltou para o carro.

— Vamos analisar aquele dispositivo que encontramos — ele abriu a porta do veículo. — Combinarei o plano com Mycroft pelo caminho.

Memórias AnônimasWhere stories live. Discover now