Capítulo 67 - A Assassina entre nós

89 9 7
                                    

John Watson não conseguia deixar de pensar em todas as atrocidades que ele e Sherlock Holmes sabiam sobre o caso de Audrey Morgan até aquele momento. Desde o quase certo envolvimento dos pais dela, até as torturas pelas quais tinha passado.

Não achava, nem por um instante, que ela merecesse qualquer daquelas coisas, e estava relutante em acreditar que a mulher sofria de algum transtorno de personalidade que justificasse sua internação na clínica psiquiátrica.

Ele estava convencido de que Audrey era apenas uma pessoa boa, cercada de gente ruim. John sorriu compreendendo ser esse era o motivo que o motivava a querer ajudá-la.

— Que tal você tentar andar um pouco? — sugeriu ele limpando gentilmente as lágrimas do rosto dela com os polegares. — Vai ajudar na sua recuperação.

Audrey voltou a olhar para ele e sorriu acenando em positivo com a cabeça. Qualquer coisa que a ajudasse a melhorar mais depressa parecia uma boa ideia.

— Espera um pouco. — John caminhou em direção ao armário na parede direita do quarto e começou a deslizar as portas de madeira.

A mulher ficou curiosa para saber o que ele procurava.

— Achei — anunciou o homem voltando com um par de chinelos e um roupão cor de rosa nas mãos.

Audrey tirou o cobertor de cima do corpo e virou para o lado deixando as pernas suspensas na lateral da cama.

John pegou a escada de dois degraus e colocou embaixo dos pés dela calçando os chinelos. Depois, com cuidado, ele passou a bolsa do soro pela manga do roupão antes de vesti-la.

— Pronta? — perguntou ele.

— Por que ela não tirou isso? — Audrey fez uma careta indicando o objeto suspenso.

Falar estava cada vez mais doloroso.

— Por enquanto é a melhor forma de te manter hidratada. À medida que você começar a ingerir comida e água de novo, a doutora Sophie vai autorizar a retirada — respondeu o médico.

Ela sorriu agradecida pela explicação.

— Agora passa o seu braço direito por cima dos meus ombros. Você não vai conseguir usar muito bem o esquerdo para se apoiar por conta da cirurgia recente.

Audrey ouvia atenta às instruções.

— Eu vou passar o braço pelas suas costas e te amparar por baixo da axila. Se eu segurar pela cintura vou te machucar.

Os dois se ajeitaram conforme tinham planejado.

— Pode vir — incentivou ele. — Não vou te deixar cair.

Com cuidado ela ergueu o corpo da cama, mas não conseguiu ficar em pé na primeira tentativa. John, no entanto, já esperando que algo assim acontecesse, não se abalou e continuou esperando.

Audrey tentou mais uma vez e um pouco vacilante se ergueu e desceu para o degrau de baixo para alcançar o chão em seguida. Os dois tinham sorrisos nos rostos com a conquista.

— Agora você segura meu braço esquerdo, porque eu preciso levar isso com a gente. — Ele puxou a haste com o soro pendurado para perto dos dois. — Podia deixar você andar se apoiando nela, mas não vai te dar segurança suficiente.

Audrey fez o que ele pediu.

— Se ficar tonta ou sentir que vai cair, para de andar e me avisa que eu seguro você antes. Está bem?

— Sim, John. — Os olhos dela brilhavam de alegria com o excesso de zelo oferecido pelo amigo.

Andando bem mais devagar do que imaginou que iria, a mulher se afastou da cama e seguiu em linha reta até o sofá na parede oposta.

Memórias AnônimasOnde histórias criam vida. Descubra agora