Capítulo 56 - A Preocupação de Mycroft

105 12 23
                                    

Quando Mycroft Holmes finalmente apareceu algumas horas mais tarde, Sherlock Holmes havia retomado seu lugar na poltrona reclinável perto da cama e John Watson estava de pé ao lado dele.

— Vejo que já estão todos acomodados. — Os dois não se incomodaram em responder. Mycroft olhou primeiro para o irmão, depois para Audrey e por último para John — como ela está?

— Estável — respondeu o médico com as costas apoiadas na janela de frente para a porta por onde o Holmes mais velho entrou sem se afastar muito. — Conseguiram parar o sangramento, e ela está recebendo a segunda transfusão.

— Minha parte está completa então — declarou Mycroft satisfeito consigo mesmo. — Acho que agora você pode cumprir a sua.

— Não sei se vocês dois sabem, mas o silêncio é uma contribuição importante na recuperação dos pacientes — pronunciou Sherlock que até aquele momento havia se mantido calado.

Ele estava com os olhos fechados e os dedos das mãos entrelaçados exceto pelos indicadores que apoiava no queixo.

Mycroft sinalizou com a cabeça e saiu do quarto sendo acompanhando por John. Os dois caminharam até uma sala separada do corredor por portas deslizantes de vidro com saída para uma sacada.

Assim que entraram, e Mycroft as fechou, John ficou impressionado com o silêncio que os envolveu. Além disso, as quatro poltronas confortáveis, a vista para um quintal magnífico e a decoração moderna faria qualquer um esquecer onde estava.

— Terminou de admirar? — perguntou Mycroft com tom de deboche na voz.

— Ainda um pouco chocado com a extravagância.

— Você se impressiona com muita facilidade, doutor Watson. — Ele sentou em uma das poltronas e indicou a oposta. — Agora me diga o que está acontecendo. Esse drama todo é exagero até para os padrões do meu irmão.

— Sabe, Mycroft, — John fitava as papoulas vermelhas no jardim através do vidro que cercava a sacada. — Um tempo atrás eu conheci uma pessoa que se diverte com experimentos inusitados na cozinha de casa, gosta de músicas ao violino, desvendar mistérios e comer batata frita.

— Eu conheço meu irmão, doutor Watson.

— Não estava falando dele. — John olhou sério para Mycroft.

— Não venha me dizer que Sherlock se apaixonou por essa mulher?

— Definitivamente não é esse o interesse que ele tem por ela, e estou certo que ela não sente esse tipo de atração por ele.

— Então... — Mycroft estava genuinamente confuso.

— Aconteceu uma coisa que talvez te ajude a entender. Calculo que faça uns 10 dias desde que a relação entre os dois mudou drasticamente. Você lembra como percebeu que ela se sentia mais à vontade perto de mim...

— Como eu disse, é o seu tipo. — Mycroft deu um sorriso cínico, mas John ignorou a provocação dele ao comparar Mary e Audrey.

— Como eu ia dizendo, mais ou menos 10 dias atrás, pouco depois que encontramos o centro de treinamento e ela matou aquele homem, começaram os pesadelos. Todo dia por volta das 4 da manhã Audrey acordava gritando, com dor de cabeça e o nariz sangrando. Seu irmão resolveu tentar ajudar.

— Provavelmente motivado pelo fato dela ter salvado sua vida... — comentou Mycroft.

— Acredito que sim — concordou John. — E isso a fez achar que havia se tornado um problema e estava atrapalhando a vida dele. Principalmente quando Sherlock começou a tentar acalmá-la tocando violino durante a madrugada.

Memórias AnônimasWhere stories live. Discover now