الولاده

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Lurin Muhammed Bin Zayed Bin Al Nahyan | Point Of View




Nunca pensei que a vida pudesse ser tão sublime e satisfatória, como esta sendo. Pelo menos não depois de tudo que eu passei, parecia que entre mim e a felicidade tivesse um grande obstáculo insuperável. O que eu não sabia era que não existem obstáculos que não possamos superá-los.


E Camila surgiu na minha vida para me provar exatamente isso, desde o primeiro dia em que nos conhecemos até hoje. Com essa latina eu venho experimentando uma felicidade sublime e constante, de uma forma inesquecível.


Passamos por muitos obstáculos, que foram difíceis de ser superados. Mas nossa união e o  nosso amor nos conduziu, nos fez passar pelas lutas e adversidade para chegarmos aqui. Não é o objetivo final, mas é a hora de colher os frutos que plantamos e cultivamos arduamente.


Um casamento sólido, que apesar das dificuldades se mantém firme e inabalável. Temos uma família constituída por pessoas que realmente se amam e se respeitam, nossos cinco filhos. Sim, cinco, pois Hades e Zeus também são amados como as bebês que estão prestes a nascer.


Três lindas meninas e um menino, presentes divinos de Alá. Que chamaremos de Hana. Significa dom da graça de Deus, graça, graciosa; Isa. Significa casta, pura ou dádiva de Ísis; Jamile. Significa bonita, formosa ou linda.


Tem sido longos meses, marcados por altos e baixos. Camila vem sendo a guerreira, carregar três bebês se desenvolvendo e crescendo no ventre dela, não era uma tarefa fácil.


Os enjoos e vômitos chegaram tardiamente ficamos muito surpresas quando começaram, não era comum que com o avançar da gravidez isso acontecesse. Mas gerar três bebês de uma só vez demandava demais do corpo dela, tanto que as oscilações de humor de Camila foram muito altas. Eu li em alguns livros sobre gravidez e hoje eu colocaria oscilação de humor de Camila, triplicado em três vezes. Choros, raiva, sono, vômitos, carência, desejos, falta de ar e tudo mais que uma grávida pudesse sentir.


Com seis meses de gravidez a mobilidade dela estava reduzida, o corpo da minha esposa não era preparado para suportar tanto peso. Em vista disso nos mudamos para o hospital, um quarto apenas para mim, Camila e um acompanhamento 24 horas para ela e as bebês. Quando chegamos no hospital eu fiz questão de doar meio milhão de euros para o hospital, assim eles poderiam garantir que Camila e as minhas filhas teriam tudo que fosso necessário.




— Você está tão pensativa hoje... – Olhei para minha esposa ela me encarava com cuidado.


— Estou apenas pensando no quão maravilhosa a minha vida se tornou depois que te conheci. – Falei e ela sorriu para mim.




Camila estava incrivelmente mais bonita agora, seus rostinho mais cheinho e suas bochecha mais ressaltadas. Os cabelos rebeldes descendo em ondas pelo rosto dela, a gravidez apesar de difícil a fez muito bem.




— Então eu penso que a disputa é grande, porque você minha Sheikh, mudou toda a minha vida. – Sorri meio acanhada. — Tudo que eu vivi depois que te conheci, parece ser um conto de fadas. Nunca pensei que fosse ser tão feliz como eu sou hoje, tudo isso graças a você que faz de tudo para que eu me sinta especial e amada. – Fui até a minha esposa que tinha os olhos cheios de lágrimas, beijei sua testa.


— Você tem o dom de me deixar sem palavras... – Falei risonha. — Como estão nossas princesinhas? – Perguntei fazendo um leve carinho na barriga de Camila.


— Apertadas, não sei se vou conseguir segurá-las aqui por muito tempo. – Camila falou um pouco cabisbaixa.


— Você tem sido muito forte, tudo bem se não conseguir mantê-las aí por mais tempo. Tudo vai dar certo e ela virão no tempo certo, vão ser saudáveis e lindas como você. – Beijei os lábios da minha esposa.




Nossa obstetra veio ver como as coisas estavam, fez um ultrassom para ver nossas pequenas. O fato sobre mim, é que todas às vezes que vejo minhas filhas pelo ultrassom eu fico feito boba.




— Podemos induzir o parto ainda hoje se for da sua vontade. – A médica falava enquanto analisava nossas filhas na tela. — Todas estão bem formadas, vão nascer prematuras sim, mas todas saudáveis. – Vi Camila me encarando em busca da minha opinião.


— As quatro correm algum risco se induzirem o parto? – Perguntei preocupada com os efeitos colaterais.


— Risco quem corre é Camila se insistirmos em esperar o sinal das bebês para fazermos o parto, as três estão apertadas e Camila pode não aguentar tanto peso e pressão. – A médica me explicou e eu suspirei. — De qualquer maneira as meninas já nasceriam prematuras, elas vão direto para incubadora e receberão os devidos cuidados. – A médica intercalou o olhar entre nós duas.


— E como vai ser feito? – Camila perguntou.




Faz algumas semanas que a minha esposa decidiu que queria sentir a dor do parto, nem que fosse por poucos minutos. A obstetra não se opôs já que as trigêmeas estão saudáveis e Camila também, então a ideia era esperar que as elas dessem o sinal de que já é hora de virem ao mundo.


Mas Camila tem estado muito cansada, a cada dia que se passa ela vem tendo mais dificuldade. A hora do banho, por exemplo, é uma das horas mais difíceis para ela. Eu vejo o quão exausta ela está ficando, então esperar mais pode se tornar um risco para ela.


O parto normal já foi descartado desde quando fizemos a primeira consulta do pré natal, mesmo sendo comum que gestantes de trigêmeos tenha parto normal. Camila não tem a mesma estrutura corporal e nem a força necessária para parir três bebês, e insistir no parto normal poderia gerar grandes complicações.


A médica explicou todo o processo que vai ocorrer após o almoço, então nós deixou sozinhas. Era palpável o nervosismo que eu e Camila estamos sentindo, tanto que eu passei a orar para Alá cuidar de tudo.


Avisamos para todos que a noite as nossas meninas já estariam vindo ao mundo, toda nossa família já estava eufórica. Eu e Camila almoçamos em silêncio, apreensivas para o que está por vir.




— Quero fazer xixi. – Camila falou assim que uma das copeiras veio buscar as coisas do almoço.




Com o máximo de cuidado e paciência, ajudei Camila sair da cama que está ajustada em uma altura que ela não faz tanto esforço para ficar de pé. Caminhamos até o banheiro bem devagar, Camila precisa fazer pequenas caminhadas como essa até o banheiro, mas precisa ser bem devagar.


Auxilio Camila no banheiro sem nenhuma frescura, essa gravidez serviu para nos deixar ainda mais íntimas ela precisava de ajuda até mesmo no banheiro e não existe outra pessoa além de mim, que possa ajudá-la. Tanto eu quanto ela não nos sentimos muito à vontade em contratar uma enfermeira, para ajudar ela a fazer coisas tão íntimas como essa.


Ela terminou de usar o banheiro e quando saímos me pediu para poder ficar um pouco em pé, observando o movimento através da janela. Faz tempo que nós não saímos desse quarto, e sim, digo nós porque eu optei por ficar com Camila o tempo inteiro. O máximo que eu faço é ir até à recepção para pegar alguma coisa ou falar com alguma enfermeira, se ela não pode sair do quarto eu também não saio.


Desde que viemos para cá nosso dia resume em trabalhar, fazer alguns exames, vistoriar o andamento das coisas em casa pelas câmeras. Também recebemos as visitas dos nossos amigos, assistimos filmes ou então ficamos de bobeira conversando sobre o futuro.




— Sinto falta de pegar um sol e sentir o ar fresco. – Camila falou com seu corpo apoiado no meu.


— Em breve nós cinco vamos estar lá fora, tomando um solzinho e brincando – Falei imaginando a gente curtindo.


— Sinto saudades do Zeus e do Hades... — Camila choramingou e eu suspirei pesadamente.


— Eu sei amor eu também sinto... – Beijei seus cabelos.




Nossos tigres ficaram com os nossos amigos e a coisa que nós mais sentimos falta é deles, infelizmente nós não temos como trazer dois tigres para dentro do hospital. Digo isso porque eu tentei algumas vezes, até ofereci uma boa quantia em dinheiro para deixá-los vir para ver Camila. Mas administração obviamente não deixou, sei que nossos meninos também sentem nossa falta, mas é um mal necessário e em breve nós estaremos em casa e vamos matar a saudade deles.




— Ally mandou mensagem dizendo que tudo está pronto... – Camila comentou assim que eu terminei de cobri-la.


— Ótimo, agora é só esperar nossas princesas nascerem. – Sorri toda boba.


Pensando no conforto e na praticidade para cuidar das nossas meninas, resolvemos adaptar a parte de baixo do nosso apartamento para ficarmos nesses primeiros meses de adaptação. Quando elas já estiverem maiores e acordando menos vezes durante a noite, nós vamos subir com elas para o quartinho delas.




Nas horas seguidas eu consegui trabalhar um pouco enquanto Selena e Camila conversavam, como todos estavam trabalhando e Ayra na faculdade, Sel se dispôs a ficar conosco.


A médica chegou para administrar um sorinho que vai induzir o parto das trigêmeas, eu desliguei tudo e mandei mensagem avisando que já estava começando. A médica explicou os sintomas que Camila começaria a sentir, nos tranquilizou já deixando avisado que toda a equipe médica está de prontidão.


Cada bebê será acompanhada por uma pediatra, assim que cortadas do cordão umbilical elas seguem direto para os primeiros exames e depois a incubadora. Nós só teremos contato com elas em outro momento, quando tudo estiver em seu devido lugar.




— Está se sentindo bem? — Selena pergunta para Camila que assente.


— Só sinto uma leve pressão lá em baixo. – Camila falou.




Ficamos nós três conversando um bom tempo, uma das copeiras viram me dar gelatina que era o que Camila poderia ingerir agora, já que a qualquer momento ela pode entrar em trabalho de parto.


Já eram cinco da tarde a gente estava falando sobre filhos. Quando Camila faz um careta e solta um gemido, me fazendo pular da poltrona aonde eu estava e correr para a cama dela.




— Amor... Camz? – Falo analisando as feições dela.


— Foi só uma fisgada na coluna... – Ela explica preocupada.


— Vou chamar alguém. – Selena fala e logo aperta o botão do lado da cama.


— Será que chegou a hora? – Perguntou me sentido ansiosa.


— Acredito que foi só uma fisgada, faz tempo que estou nessa posição. – Camila fala meio apreensiva.


— Certo, fica calma está tudo bem. – Tento acalmar Camila.


— Me ajuda a levantar um pouco, deve ser isso que me causou dor. – Antes que eu faça algo ela geme de dor só que dessa vez parecia ser mais forte.


— Chama médica! As bebês querem nascer, elas querem sair já, está acontecendo! Fica calma amor, está tudo sob controle. – Falo embolada, a enfermeira e a média entram no quarto.




Camila explica a dor que está sentido, a médica examina ela e determina que já está na hora. Logo a sala é tomada por enfermeiros que levam Camila para ser preparada para cirurgia, enquanto eu tomo um caminho diferente para me vestir adequadamente para acompanhar a cesárea.




— Fica calma, passe bastante calma para Camila! A médica já explicou como vai ser o procedimento, acredite que Alá está com vocês e vai trazer essas bebezinhas com saúde para nossa família. – Minha mãe que surgiu do nada, me parou quase chegando no centro cirúrgico.


— Como a senhora chegou aqui tão rápido, não tem nem meia hora que Camila entrou em trabalho de parto. – Perguntei.


— Eu já estava entrando no hospital quando eu entrei no quarto você tinha acabado de sair. – Ela explicou.




Entrei no centro cirúrgico e Camila estava na maca e o anestesista estava com ela e os dois conversando algo, fiquei ali parada esperando a deixa para me juntar a ela.




— Estou aqui, não vou sair do seu lado... – Falei assim que me sentei no banquinho que me mostraram, peguei na mão de Camila.




O local estava cheio, tinha quase 20 pessoas na sala e nossa médica vai relembrando tudo o que já conversamos, até que ela anuncia que vai fazer a incisão.




— Você foi perfeita, foi uma guerreira, eu te amo muito hubb! – falo séria apertando minha mão a dela e beijando sua testa.


— Te amo amor. – Camila falou emocionada.




Comecei a orar mentalmente, pedi a Alá que guardasse as mulheres da minha vida e que conduzisse tudo da melhor forma possível. Demorou uns minutos até que escutei um chorinho e instantaneamente nossos olhos já encheram de lágrimas.


— Bem vinda Hana. – Escuto minha médica falar então beijo Camila que está muito emocionada.




Logo a pediatra traz Hana até nós, tudo que conseguimos foi dar um beijo rápido na nossa menina e ela já foi levada. Mais alguns minutos ouvimos um segundo chorinho e Isa é trazida para que pudéssemos vê-la e beijá-la. Camila estava muito emocionada chorando e tremendo um pouco, o anestesista pede para que ela se acalme.




— Se acalme hubb, está tudo saindo bem. – Falei beijando seu rosto e Camila ainda soluça e treme.




Ouvimos um outro choro e Jamile veio ao mundo com um choro potente, mostrando que seus pulmões estão perfeitos. Beijamos nossa princesa e logo ela foi levada, e tive tempo de chorar e agradecer a Alá pela vida das minhas princesas. Orei por Camila enquanto a médica terminava de cuidar da minha esposa, que já estava mais tranquila.




A enfermeira me chamou para assinar as pulseiras das trigêmeas, conferi os nomes e assinei vendo elas já na incubadora prontas para deixar o centro cirúrgico.




— Elas estão bem? – perguntei vendo as enfermeiras colocando as pulseiras de identificação.


— Sim, todas saudáveis. – Sorri aliviada.




Não demoraram para levar minhas princesas para a uti neonatal, aonde elas ficaram ate podermos levar elas para casa. Voltei para ficar com Camila que estava dormindo, o anestesista explicou que preferiu sedar ela para que pudesse descansar enquanto os médicos terminam o procedimento.




— Está tudo bem com ela? – Perguntei para a nossa obstetra.


— Sim, já estamos terminando aqui e vamos fechá-la. – Chorei emocionada.




Fiquei ali até que Camila fosse levada para a outra sala aonde ela vai ficar em observação, quando cheguei na sala de espera meu irmão e Zayn vieram me abraçar e eu me deixei ser abraçada sentindo toda a carga emocional desses momento sublime me tomar.


Eu que nunca pensei que fosse ser tão feliz, hoje estou vivendo um dos melhores momentos da minha vida. Ver minhas filhas nascendo, ouvi-las chorar e poder tocá-las. Eu nunca senti um amor tão grande assim, elas são a razão da minha vida.


Internamente eu agradeci por não ter desistido de viver quando tive a chance, pois a minha esposa e os meus filhos fazem qualquer dor que eu já senti nessa vida, não significarem absolutamente nada.

SheikhOù les histoires vivent. Découvrez maintenant