𝐓𝐡𝐞 𝐏𝐮𝐫𝐞 𝐁𝐥𝐨𝐨𝐝 𝐏𝐫𝐢𝐧𝐜𝐞𝐬𝐬 [COMPLETO]

Capítulo 1

Copa Mundial de Quadribol, 22:32

O cheiro doce de amendoim torrado se misturava com o agridoce de hálitos de cervejas amanteigadas e sucos de abóboras. O campo era vasto, repleto de barracas e pessoas. Era possível ver bruxos de todos os lugares do mundo, e para alguns era a primeira vez que estavam ali - assim como eu-.

- Aqui, Lilly. - A voz pesada de Draco invadiu meus ouvidos, mas nada se comparou a sensação de seus dedos tocando minha pele por debaixo de minha blusa, apoiando-se em minhas costas. - Bem vinda ao camarote.

Era impossível saber o que olhar primeiro, pois em minha cabeça, nada poderia ser tão grande como aquilo. A arquibancada era uma das maiores estruturas que eu já havia visto, e podia jurar que tinha visto uma vasta sala e vários quartos dentro de minúsculas barracas. Meus cabelos escuros como carvão ventavam sobre meu rosto, e mesmo que aquilo pudesse atrapalhar um pouco meus olhos encantados com tamanha magia, nada podia me tirar da sensação de finalmente estar entre tantos como eu.

Eu acompanha os Malfoy durante aquela noite, o que normalmente não acontecia, e só estava presente ali pois Draco havia passado muito tempo convencendo o grosseiro, arrogante e ignorante pai - Lucius -, a me levar. Nunca soube ao certo o motivo de ser tão menosprezada pelo patriarca da família, mas sabia que tinha alguma coisa com o relacionamento ruim entre ele e meu pai.

- Isso é incrível! - Revelei minha voz cheia de mistos sentimentos.

O sorriso de Draco se expandiu sobre aqueles belos lábios.

- Sabia que ia gostar.

O tempo não correu tão rápido, talvez fosse uma defesa cerebral para que aquele momento jamais acabasse. Vi os jogadores passarem tão próximos de nós, que era possível sentir o cheiro de suas vassouras, e a brisa que suas velocidades criavam. Passei a maior parte do tempo apenas apreciando tudo que meus olhos podiam captar; As luzes fortes dos telões, a adrenalina de poder gritar a cada ponto feito e até mesmo tentar imaginar como seria a voz de cada uma das pessoas posicionadas contra nós.

- Obrigada por me trazer, Draco... - Disse poucos segundos após o jogo terminar, mas assim que me inclinei na direção onde ele esteve, acabei encarando o vão espaçoso que ele deixara. - Draco?

Encaixei as mãos sobre os bolsos dos shorts jeans e caminhei, tomando o cuidado necessário para se esbarrasse em alguém - o que com certeza aconteceria devido a tantas pessoas ali -, não me machucasse. As orbes azuis aflitas de meus olhos procurando em cada centímetro do camarote, não tendo mais opção a não ser me aproximar das escadas.

Vai ver ele foi procurar algo pra comer...

Porém o que meus olhos acharam, era algo que poderia ter ficado escondido para sempre. Os dedos longos de Draco estavam envoltos a cintura de uma menina, e os outros achavam suporte em sua nuca repleta de cabelos dourados como o sol. Suas línguas se entrelaçavam em pressa, e os degraus faziam com que ela ficasse mais próxima de sua altura.

- Você só pode estar de sacanagem! - Protestei, sentindo o sangue fluir tão quente em minhas veias que era possível que eu explodisse.

Foram apenas alguns segundos para que o filho da puta de cabelos brancos me visse, mas aquele momento se prendeu em minha mente por longos e intermináveis segundos, jurava que podia ver seus lábios soltando dos dela como cola seca desgrudando dificilmente de uma superfície de papel.

- Foi pra isso que me trouxe aqui, seu mimadinho de merda?! - A raiva começava a tomar conta de minhas palavras, escorrendo sem dó como um doce veneno. - Você só pode estar de sacanagem comigo!

- Do que você tá falando, sua maluca? - Ele disparou, me acertando como um tapa na cara. - Nós não somos nada, não temos nada. Já deixei isso muito claro.

Não podia dizer que ele estava errado. Jamais esclarecemos que tínhamos algo sério, mas acreditava que se eu havia rebolado em cima do seu pau por mais de dois anos, tendo vivido minha vida inteira dentro de sua casa, teríamos pelo menos algo.

Não, isso não é culpa minha. Você não é a maluca aqui.

- Então é isso? - Havia mais deboche em minha voz do que jamais eu havia ouvido. - Estamos livres para curtir com quem quisermos? Acabamos, Malfoy?

Provavelmente não era aquilo que ele esperava que fosse dito, porque assim como raramente havia visto, ele parecia não ter palavras. Talvez em sua cabeça um turbilhão de memórias estava passando, torturando-o lentamente por ter dito tais palavras, mas já era tarde demais e eu sabia muito bem que ele não voltaria atrás. Ele não admitiria que estava errado.

- Nós nunca nem começamos, Prince.

Eu conseguia ver a sutil dor disfarçada em seus olhos, quase que me implorando para pegar aquelas palavras e jogá-las fora, mas eu não faria aquilo, não hoje, nunca mais. Respirei fundo, o mais fundo que pude, lutando contra minha feição de desabar em lágrimas.

Recoloquei as mãos nos bolsos do short, passei os dedos nas madeixas de cabelo e os ajeitei sobre os ombros, deixando-os bater calmamente em minhas costas. Fiz um último contato visual com Draco naquela maldita escada e segui os passos para frente, com a cabeça erguida.

Não vou te dar esse gosto...

- Onde você vai?! - Ele perguntou, no topo da escada, e mesmo sem olhar diretamente para ele, senti sua voz tremular.

- Isso é problema meu.

- Você não pode sair daqui. Meu pai deu ordens para ficarmos aqui até irmos embora! - Havia um certo medo em sua voz, mas nada que fosse grandioso.

Virei meu corpo tão rápido, que meus cabelos voaram em minha direção. Meus olhos estavam mais claro do que nunca, provavelmente pela a luz que pairava acima de minha cabeça e o tempo que começava a escurecer fora do estádio. Ergui minhas duas mãos ao mesmo tempo, mostrando ambos os dedos do meio em sua direção.

- Você pode mandar seu pai se foder. - Disse. - E pode ir se foder junto com ele.

E com isso, deixei o estádio de uma vez, sem olhar para trás.

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Comentários da autora:

Mais alguém quer dar um soco no Draco também?

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