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•Segunda temporada de "Até o céu."

🦋🦋🦋

Hugo 🃏

Eu cresci sentindo um ódio que só aumentava com o tempo pelo que eu deveria chamar de pai. Todas as vezes que eu lembrava da minha mãe que foi uma rainha pra mim a vontade de matar ele só aumentava mais, mas papo reto? Eu não conseguia.

Era um bagulho que me prendia, era como se eu sentisse minha coroa segurando minha mão em todas as oportunidades que eu tive, era como se ela sempre olhasse pra mim e falasse "Não te criei assim!"

E no fundo eu sabia, eu sentia que se eu fizesse isso iria machucar ela e eu tinha medo de perder ela novamente, porque mesmo ela não estando do meu lado fisicamente, ela estava comigo de todas as formas, mas eu tinha medo de matar ele e perder o amor e o carinho dela por mim.

Eu tinha crescido com a minha tia Brenda, mulher do caralho que sempre deu tudo por mim, nunca me deixou faltar nada e me ensinou tudo que eu precisava, sempre me deu opção e nunca me deixou entrar no crime, cumprindo a promessa que fez a minha mãe.

Mas de qualquer jeito, eu nunca deixei de morar no morro do macaco com ela. Eu trabalhava numa oficina de motos, era um bagulho que eu me amarrava em mexer e que sabia que assim que eu completasse meus 18, Brenda iria me dar uma, como ela me prometeu. Minha tia tinha seus 45 anos, mas nunca parou os corre, dia e noite nos bagulhos e eu vejo de longe que ela gosta da vida bandida, mesmo sendo uma coroa já, bate de frente com muita novinha de 18, linda pra caralho.

Brenda me fala que eu sou muito parecido com minha mãe, o meu jeito de querer explodir com tudo mas parar pra pensar nas consequências é igual ao dela, o que me deixa feliz.

Tinha a Nicole na família, minha novinha com seus 10 anos que eu considerava minha irmã e era um carinho da porra com ela, aí tu pensa em dois malucos como eu e Brenda cuidando da criança, garota tem vida de princesa. Além do pai, que vivia mimando ela também, ela tinha todo amor que ela merecia, papo reto.

Eu tenho meus irmãos também, e o único em quem eu confio é o Pedrinho. Ele leva a vida bandida mas sempre disse que é doido pra sair e levar a irmã dele pra bem longe, porém não tem muita oportunidade e então, tudo que ele faz e ganha é pra bancar a faculdade Carol, ele corre atrás desses bagulhos todos pra ela e a forma que ela retribuí é estudando pra caralho, o sonho dos dois é sair do morro e disso, então um apoia o outro sempre.

Carol era minha melhor amiga, minha irmã na real. Os pais deles morreram bem cedo e a Brenda que deu força também, então considero os dois da família, assim como eles e a Brenda. A Carol antes de eu considerar irmã, já fiquei algumas vezes, mas não deu certo e a gente construiu a relação assim, no maior respeito um pelo outro. Carol e Pedro são filhos de um tal do Lele e da Amanda, por isso Brenda fez muita questão de adotar eles de coração também. 

Sempre admirei e achei lindo saber que a Brenda adotou nós três como seus filhos após tudo que aconteceu, ela era uma mãe incrível pra nós, mesmo com seu jeito que deixava ela sem responsabilidade alguma, igual criança, ela era foda.

Eu sempre cresci com o respeito na mente, era um bagulho que minha coroa sempre ensinou. Principalmente em questão de mulher, os moleques que me rodeavam eram tudo a mesma coisa, não ficava só com uma, tratava como um nada, eu não gostava desses bagulhos e sempre bolava quando os moleques vinham se gabando de coisas desse tipo, tanto que meu apelido é caçador de buceta, os menor fala que eu sou assim pra agradar mulher, é foda esses malucos.

Mas sigo no meu, cabeça erguida, mente firme e sei bem o que eu quero pra mim em relação a isso. Vivo minha vida tranquila, faço mal a ninguém e nem gosto de muita confusão, a única pessoa que eu não quero nunca ver pintado de ouro é o Carlos, ele ficando longe de mim, minha vida tá tranquila.

Cria do morro Onde as histórias ganham vida. Descobre agora