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Alice 🔮

Os meses após casada ia se passando muito rápido, já se passaram três meses, mas cada momento com o meu marido era importante. Quando eu paro pra lembrar que já fazem três anos que eu conheço o Hugo dá vontade de chorar, o tempo passa rápido demais. Tudo que ele já me viu conquistar, tudo que eu já vi ele conquistar, as coisas que conquistamos juntos... Tudo isso era motivo de orgulho e amor para nós.

Eu tinha recebido uma proposta pra trabalhar em uma clínica onde eu possa praticar o meu trabalho de médica odontológica infantil, a proposta tinha sido super boa, eu trabalharia em dias por rodizio, além de mim existia mais um médico.

Alice: Eu vou trabalhar dia sim, dia não. Porém, o salário inicial é um pouco menos do que o do meu emprego atual.- Falei enquanto fazia nossa janta.- E eu tenho até amanhã pra decidir.

Hugo: E aí, vai aceitar? - Olhei pra ele que largou o celular me olhando.

Alice: Acho que se diminuir o dinheiro que eu tô acostumada a ajudar aqui em casa nas contas, vai pesar um pouco no seu bolso.- Ele riu.

Hugo: Amor, a loja tá faturando bem e a gente nem tá gastando tanto, tá até sobrando dinheiro pra gente sair pra rolê as vezes. Esse bagulho do salário é temporário, tu vai tá trabalhando no que gosta, tu estudou pra isso, já é um começo.- Falou mais animado que eu.

Alice: A gente podia ir lá na casa dos meus pais agora de noite, queria contar pra eles.- Falei sorrindo.

Hugo: Eu tô querendo ir pro baile hoje.- Encarei ele colocando a comida na mesa.- Pedrinho animou.

Alice: Você tá muito velho pra ficar indo pro baile, agora é um homem casado, macaco velho já.- Ele riu me ajudando a colocar as coisas em cima da mesa.

Hugo: Bora, nega.- Fiz careta.

Alice: Voltar antes das cinco da manhã? - Fiz bico.

Hugo: Vai ter show lá cara, mc cabelinho...- Encarei ele.

Alice: Ótimo, queria muito ir em um baile mesmo, faz maior tempão que eu não vou.- Me animei e ele me encarou colocando a comida no prato.

Hugo: Pô, mas é melhor a gente ficar em casa mesmo ein, a gente tá muito velho pra ficar indo pra baile.- Debochou e eu sorri.

A gente jantou combinando que ia na casa dos meus pais primeiros, fui me arrumar porém quase chorei quando fui colocar meu short e não subiu de jeito nenhum, porém eu não me importei e fiquei la tentando subir o short.

Hugo: Tu só tem esse short é? - Falou me olhando.

Alice: Por que o meu short não tá subindo, Hugo? - Falei fazendo bico e ele me olhou sem entender.- Desde quando engordei assim? Esse short ficava até folgado em mim.

Hugo: Tu acabou de bater maior pratão, quer o que também? - Falou mexendo no celular.

Fiquei chateada por conta do meu short e fui procurar outro, quando coloquei senti ele apertado também e quase chorei, a maioria dos meus shorts ficavam bem folgados e confortáveis.

Alice: Eu vou começar uma academia, de verdade.- Falei comigo mesmo no espelho.

Hugo: A gente pode passar pra pegar a Lays né? - Eu encarei ele.

Alice: Acho melhor não.- Virei pra ficar de frente com ele.- De boa tu ter uma amizade com ele e tudo mais, mas não tem pra que tanta intimidade não.

Hugo: Intimidade é dar uma carona a ela? - Falou sério.

Alice: Se a gente não fosse, ela ia ficar em casa por acaso?

Hugo: Eu iria de qualquer jeito, se você decidisse ir ou não.- Falou de maneira grossa e eu encarei ele.

Alice: Já que você faz tanta questão, pode ficar a vontade. Se quiser inclusive deixar ela sentar no banco da frente fica melhor ainda.- Falei em tom de deboche pegando meu calçado e me sentado no chão pra colocar.

Hugo: Deixa de ser infantil, Alice. Conheço a garota antes mesmo de te conhecer, nunca tive maldade com ela.- Hugo falou totalmente estressado e alto.

Alice: Gatinho, se você quer levar ela pode ficar a vontade, já falei.- Pisquei pra ele que se levantou bolado e saiu do quarto.

Eu não tinha frescura com o Hugo ter amigas não, porém tinha medo de trazer alguém pra nossas vidas. Eu acredito muito no poder que a maldade tem, então dando espaço pra um "desconhecido" que não queira nosso bem tanto assim, muita coisa ruim pode acontecer é muitas coisas podem atrasar.

Eu senti uma imensa vontade de chorar como uma criança, sentada no chão. Chega meus olhos se encheram de água e eu fechei respirando fundo, quando terminei de me arrumar peguei minhas coisas e fui abrindo a porta de casa, ele permaneceu sentado no sofá e eu fechei a porta por fora, batendo na casa da frente, quem atendeu foi a Carol.

Alice: Quer ir lá na casa da minha mãe comigo? - Fiz cara de criança pra convencer.

Carol: Tava combinando com o Fael agora mesmo, ele vem me buscar pra eu dormir com ele lá. Vou avisar pra ele que tô indo com você, vou só pegar minha bolsa.

Balancei a cabeça e a porta de casa abriu, encostei na parede e Hugo me olhou.

Hugo: Bora, tá esperando o que aí? - Olhei pra ele.

Alice: Eu vou com a Carol pra casa dos meus pais, pode ir pra onde você quer.- Falei tranquila, tava chateada mas não tinha nenhuma não, ele sabe muito bem o que faz da vida.

Hugo: Não vai pro baile depois? - Falou seco e eu neguei.

Alice: Vou se a Rebeca for.- Falei apenas isso e a Carol apareceu falando com o Hugo.

Ele entrou em casa e ela me olhou curiosa, assim que saímos dali eu fui contando o que tinha acontecido pra ela e ela me falou que nunca gostou muito da Lays, eu apenas concordei e deixei o assunto de lado pra não chorar ali mesmo, porque a vontade tava imensa.

Quando a gente entrou no uber eu peguei meu celular e tinha várias notificações de coisas irrelevantes, mas lendo tudo direitinho eu acabei vendo a do meu aplicativo de menstruação. Dizia que estava há 2 meses atrasada, eu ri de nervosa pois pra mim tava tudo normal e eu nem tinha percebido isso.

Cria do morro Onde as histórias ganham vida. Descobre agora