Bolo de Laranja

353 32 8
                                    

"If nobody hates you, then you doing something wrong."

No jantar, apenas ouvia várias vozes juntas, não prestando atenção no que falavam. Brincava pouco com a comida antes de enfiar o garfo cheio na boca, mesmo não estando com tanta fome quanto o usual. As meninas comiam e conversavam entre si, respeitando meu silêncio e confusão.

Não fazia ideia do quanto meu pai iria reclamar com Cissy por ela não estar na Sonserina. Qualquer outra casa era desmerecida por ele, no qual aprendi o mesmo pensamento por anos, até minha irmã sempre soltar frases e mais reflexões do quanto somos iguais a todos, sem melhoras ou exceções. Cissy sempre foi inteligente, mas era também, muito sensível. Com certeza, ficaria chateada por nosso pai não entender seu pensamento e a escolha do Chapéu Seletor para a casa Grifinória.

- Pan, nós vamos subir e conversar um pouco com as meninas, esperando você, ok?! - Desviei minha atenção do meu prato, já praticamente vazio, e mirei o rosto redondo de Amanda. Minha expressão deixou claro que não entendi, pois no mesmo instantes, Mel e Mika reviraram os olhos, enquanto Celina ria. - É óbvio que você vai querer conversar com sua irmã antes de ir pra cama, então só estamos adiantando essa ideia pra você.

Levantando com todas em meu encalço, andamos em direção a entrada do salão principal, parando perto da porta grande de madeira luxuosa.

- Obrigada pela força, meninas. Eu só tava um pouco surpresa... Vou falar com Cissy e logo encontro vocês lá nas masmorras. - Amanda abraçou forte meu corpo, enquanto Mika deixava um beijo estralado em minha bochecha. Celina piscou enquanto se retirava com as outras enquanto Mel apertava minha mão uma última vez antes de seguir o trio para o dormitório.

Suspirando, segui a caminho da mesa da Grifinória. O primeiro à me perceber foi Longbottom, que mesmo estando maior e mais magro, continuava com dentes grandes demais, o que me fez lembrar de Granger, que me encarava, com uma expressão amena no rosto.

- Hey, Potter, será que pode parar de atormentar minha irmãzinha um instante. - Disse baixo para o testa rachada, que me olhou, franzindo a testa. Sorri, levemente, para ninguém fora o Trio de Ouro perceber. Agachei perto de Granger, que não se moveu e fez o Weasley virar para frente, conversando com Potter. Talvez ela soubesse o que era privacidade. - Cissy, oi. - Assim que mirei seu rosto, abracei seu corpo, quase desiquilibrando. Senti o aperto desesperado de seus braços ao redor do meu pescoço.

- Desculpa, Pansie, desculpa. Eu... Eu não sei porque! - Deixei o peso do meu corpo apoiada no meu joelho direito, enquanto deixava o esquerdo no chão.

- Para de besteira, Cissy. Não precisa pedir desculpas, você não escolheu estar aqui, ok?! - Senti ela fungar em meu pescoço, abraçando ainda mais forte. - Querida, olha. Olha pra mim. - Mirando sua face vermelha e molhada, junto à seus olhos tristes, acariciei sua bochecha. - Sabia que, antes de fundarem as casas, Salazar e Godric queriam o mesmo perfil de aluno? - Consegue que o brilho de seus olhos voltassem, chamando atenção também de Granger, que virou o rosto, encarando minha irmã que nem piscava pra mim. - Destinados a grandeza. Você ouviu o Chapéu Seletor... Até costumamos brincar, entre nós, Sonserinos, que os Grifinórios são, em suma, Sonserinos descartados por algo em comum. E tive a certeza do que era hoje, Cissy. Foi descartada da Sonserina porque, mesmo sendo um mito que nossa casa só faz bruxos das Trevas, você nasceu para fazer apenas o bem. Você é ingênua e isso é bom! Eu estou ainda mais orgulhosa por você ser diferente do resto da família, pois você tem personalidade, você é boa e será uma grande Grifinória. Apenas siga as regras, concentre-se e não deixe os outros alunos julgarem você. Eles não conhecem minha irmãzinha como eu conheço.

Uma lágrima solitária escorreu pela bochecha rosada de seu rosto, fazendo com que fechasse os olhos. Jogou todo o peso de seu corpo no meu, abraçando-me ainda mais forte. Fungava baixo, grudada no meu pescoço e senti minhas bochechas ficarem vermelhas quando olhei para Granger, que nos olhava sorrindo. Levantando, puxei Cissy para um abraço mais apertado, deixando-a rodear minha cintura, enquanto acariciava levemente seus fios, que já estavam bagunçados. Olhei Granger de cima e percebi que ela encarava nos duas, não só a mim. Não sei nada da vida dela a não ser o fato de ser sangue-ruim e, provavelmente, ter descendência latina, pois esse ano ela estava mais bronzeada e ela, com certeza, tinha mais curvas que uma mulher inglesa comum.

C.A.O.S.: Carnalmente Apaixonada, Operação Sonserina!Where stories live. Discover now