And they'll try, and they'll try

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Harry pov.

Encaro meu prato na mesa da Grifinoria apenas para pegar um pedaço de pão e pôr na boca sem errar, minha atenção totalmente voltada para o livro de feitiços na minha mão.

Eu estava me empenhando para aquele trabalho e após ter encontrado com Draco na torre de astrologia, eu me sentia confiante.

Nós havíamos estudado ambos os livros, fazendo uma lista em um pergaminho com quais nós achávamos atraentes e que se encaixavam nos requisitos, fazendo um sistema de exclusão que nos deixou com uma quantidade razoável de feitiços para estudar.

O loiro era muito exigente com trabalhos e isso somada a minha fome por conhecimento foi incrível, porque decidimos passar uma semana estudando com afinco os feitiços da lista e suas propriedades e nos encontrarmos novamente na torre de astrologia para tomarmos uma decisão. Ainda tinha tempo para o prazo de entrega, então tudo estava correndo da forma que queríamos.

Bom, hoje era o dia que iríamos nos ver e eu estava ansioso.

Minha relação com Draco havia se tornado algo próximo de uma amizade. Nos encontrávamos as vezes na biblioteca, por ser um local que eu gostava de passar o tempo e, coincidentemente também ser o local que o loiro gostava.

Eu havia reparado que nos últimos dias ele havia se afastado dos seus amigos, começando a andar mais solitário e aparentava estar constantemente sem paciência entre os Sonserina.

Eu não entendia o que estava acontecendo, mas o loiro parecia se atrair cada dia mais para perto de pessoas boas e parte de mim achava isso bom.

Havia visto ele uma porção de vezes conversando com a professora Minerva, ambos sorriam e Draco tinha uma expressão aliviada, o que me deixava muito feliz porque eu sabia que o loiro tinha algo dentro de si que era bom, e ver que ele estava deixando isso florescer era gratificante.

— Você parece feliz Harry. — Rony diz com um sorriso, pegando a jarra de suco de abóbora e servindo um pouco para si.

— Eu estou animado. — Digo com ansiedade, sorrindo ao ver Ron sorrir comigo.

— Hoje durante o intervalo nós vamos ver os candidatos colocando seus nomes no cálice? — Ele pergunta com calma, bebendo um pouco do suco e voltando às mãos para o pão em seu prato.

— Sim, quero ver se seus irmãos vão mesmo ter coragem de se inscrever. — Digo com um sorriso empolgado, me recordando da empolgação dos gêmeos.

Muita gente havia ficado indignada com a barreira de idade, mas os gêmeos haviam escapado por pouco, eles tinham acabado de completar 18 e, apesar de Moly ter ficado louca de ódio com a possibilidade, eles iriam se inscrever mesmo assim.

Eu apenas estava ignorando aquilo e me divertia, até porque não é como se eu fosse pôr o meu nome no cálice.

A glória eterna? Não obrigado.

Vejo as corujas entrando no castelo, sorrindo ao ver a coruja de Remus e a de Sirius voando juntas lado a lado, pousando na minha mesa ao deixar um embrulho cada enquanto uma outra coruja que eu não conhecia jogava o profeta diário e umas cartas caiam em cima de mim.

Desde a minha volta para hogwarts, eu estava recebendo algumas declarações.

Eu sabia que estava atraente, Sirius dizer todos os dias que eu era muito bonito estava finalmente fazendo efeito e eu havia começado a acreditar, mas eu só reparei que todos estavam notando minha mudança quando, em uma brincadeira idiota em nosso salão comunal, Angelina disse que as garotas haviam feito uma votação de garoto mais bonito da escola e eu estava empatado com Malfoy em primeiro lugar, sendo seguido por Theodore Nott, Rony Weasley, Cedrico Diggory e os gêmeos.

Era verdade que era um ano que eu e Rony estávamos no que poderia ser o auge da nossa beleza, o ruivo estando mais alto e forte, os cabelos ruivos compridos sempre presos em um coque frouxo e seus olhos azuis sendo um charme extra, e eu, bom, havia as claras mudanças que viver com meus padrinhos haviam me trazido, mas aí eu estar em primeiro lugar junto com Draco Malfoy, o cara mais gato da escola?

Tudo bem que meu ponto de vista era imparcial por eu achar Malfoy o garoto mais lindo do mundo, mas ninguém sabia disso então eu não estava nem um pouco preocupado.

Ninguém podia ler minha mente, então dentro dela eu podia fantasiar mil coisas com o loiro. É claro que eu não fazia isso por motivos de eu não querer me iludir, mas eu tinha esse poder.

Encaro as cartas espalhadas na minha mesa, fazendo um biquinho emburrado e juntando todas.

— Quantas foram hoje? — Hermione questiona ao ver a quantidade.

— 26. — Digo ao terminar de contar, colocando todas em uma caixa dentro da minha mochila.

— E você vai ler todas? — Rony pergunta com um sorriso de lado.

— Claro. — Digo com felicidade, afinal, achava bonitas as declarações, sem contar que eu me dedicava em ser gentil ao recusar os pedidos. Ignorar parecia uma grosseria imensa.

— Lembra de não comer nada que receber. — Hermione diz para as pilhas de doces juntas de cartas e eu deixo uma risada escapar.

Eu não comia nada que ganhava, afinal, não sabia se haveria alguém louco o suficiente para colocar alguma poção ou feitiço nos doces.

Após diminuir a pilha de coisas na mesa, pego o profeta diário, deixando ao meu lado e me concentrando no que havia recebido dos meus padrinhos.

Era uma caixa e um envelope, então decidi abrir a caixa primeiro.

Dentro dela havia alguns livros sobre um feitiço que eu havia pedido para Remus, vendo uma carta fechada em cima deles.

Ao abrir a mesma, observo a letra refinada de Remus e sorrio da mesma forma que sempre sorria quando recebia alguma carta deles.

"Querido Harry.
Estes são os livros que você me pediu, apesar de eu achar que os volumes em Hogwarts são mais que o suficiente para que seu trabalho seja incrível, estou orgulhoso da sua atitude e, se eu ainda fosse professor da escola, estaria concedendo 50 pontos para a Grifinoria por sua dedicação.
Brincadeiras à parte, espero que consiga fazer um excelente trabalho e tirar nota máxima.
Estou feliz que esteja se aproximando de Draco, eu já devo ter te falado, mas me orgulho da pessoa que você é, sua alma e a de sua mãe são muito parecidas apesar da sua personalidade ser toda de seu pai, e ambos foram um casal fantástico, muito iluminado e brilhante, do tipo que traz o melhor de alguém à tona, então espero que você possa ser uma luz na vida que Draco. 
Qualquer coisa pode nos contatar, afinal, você sabe como nos encontrar. 
Com muitas saudades, Remus Lupin."

Sorrio ao ler o final da carta, dobrando a mesma com carinho e devolvendo para dentro da caixa, pegando o embrulho.

Pela forma como havia sido embrulhado eu sabia ser obra de Sirius, pois ele não era nada perfeccionista e parecia detestar fazer embrulhos.

Rasgo a embalagem de papel, vendo que dentro havia um saco pequeno de doces e um saco com algumas moedas, um pequeno corte de papel pendurado nele que dizia.

"Para gastar em nossa próxima visita a Hogsmead. S.B"

O próximo final de semana teria uma visita ao povoado e Sirius estava energético com a possibilidade, dizendo que agora que eu tinha liberdade para visitar o povoado com frequência que eu devia ir todos os dias, sendo repreendido por Remus, que dizia que eu devia focar nos estudos.

E realmente, mais do que qualquer ano, eu estava muito focado nos estudos, não só em feitiços.

Como o único assunto da escola parecia ser o torneio, eu estava meio de saco cheio, então passava muitas horas na biblioteca ou dentro do dormitório estudando, ignorando de forma proposital todos que abordavam o assunto comigo.

Não era um segredo para ninguém o quanto a ideia do torneio me irritava, tornando um senso comum o quanto eu desprezava a ideia de me colocar em risco por algo fútil como a glória eterna e alguns galeões, então após alguns dias as pessoas apenas pararam de vir até mim puxar o assunto.

Ronald havia colocado em sua cabeça que era mesmo uma ideia ruim, afinal, nossos últimos anos haviam sido recheados de aventuras perigosas que quase nos custou a vida e foi apenas dizer que o torneio teria missões mais perigosas que aquilo que o ruivo passou para o lado sensato da força, dizendo que se tivesse alguma prova com aranhas ele provavelmente iria desmaiar.

Um trauma do nosso segundo ano era muito fresco em nossa memória.

— Devíamos ir para conseguir bons lugares na aula. — Hermione diz ao encarar o relógio em seu pulso, já recolhendo seus materiais.

Faço um feitiço para encolher os livros de Remus, colocando dentro da minha mochila e seguindo para a aula de adivinhação com meus amigos.

As aulas da manhã passaram muito rápidas, como se o tempo estivesse me apressando para minha seção de estudos a noite e eu não estava reclamando.

Após um almoço divertido vendo Jorge e Fred ansiosos de uma forma incomum e vendo Ronald se aproveitar disso para fazer várias piadas que deixavam ambos ainda mais nervosos, fomos todos para a sala onde o cálice estava posicionado.

Dumbleodore havia o colocado no centro da sala, fazendo em volta com cuidado uma faixa etária que fazia uma barreira quase transparente por todo o cálice.

O cálice era muito bonito, uma chama azul suave saindo da boca do mesmo e tremendo de acordo com o vento que soprava na sala.

Me sento com Hermione em um degrau próximo ao cálice, vendo a morena abrir um livro de herbologia, matéria esta que ela havia encontrado dificuldade, tentando ler o conteúdo.

Toda a sala pareceu entrar em um silêncio ao ver Victor Krum cercado de alunos de sua escola, o rapaz alto e forte caminhando com determinação até o cálice e passando pela linha etária sem preocupação, depositando seu nome e inclinando o rosto na direção de Mione.

Após uma longa troca de olhares, Victor sorriu, se afastando do cálice e saindo da sala.

Ninguém além de mim havia prestado atenção naquele contato, o que me fez cutucar a morena com ansiedade.

— Você vai me contar o que foi isso agora ou mais tarde? — Pergunto com a voz baixa, vendo a morena corar levemente.

— Mais tarde. — Ela diz com um sorriso tímido, virando uma página do livro.

Vejo um tumulto se formar ao redor dos gêmeos quando ambos se ergueram parecendo confiantes e foram até o cálice, passando sem problema pela linha etária e depositando seus nomes.

Eles sorriam ao ver que o cálice havia aceito os papéis, começando a comemorar pelo local e eu comecei a devanear.

Se eles fossem escolhidos para o torneio, o que será que aconteceria?

Eles venceriam?

Iria só um deles, porque era individual, mas como o outro iria se sentir?

Sacudo a cabeça, tirando esses pensamentos da minha cabeça e vendo Cedrico entrar na sala, seguindo até o cálice com uma expressão séria e depositando seu papel, sorrindo para mim e acenando antes de sair.

Havíamos nos tornados colegas durante a copa de quadribol, mas nada além de curtos cumprimentos nos corredores, então eu apenas dei ombros. Se Cedrico fosse para o torneio, eu provavelmente não ia me importar muito. Ia me preocupar, ia torcer por ele, mas nada muito empolgado, afinal, não éramos tão próximos.

Eu só esperava que essa coisa passasse logo para esse frenesi com o torneio acabasse e eu pudesse ter um ano normal.

Eu sabia que meus padrinhos estavam uma pilha de nervos com esse torneio, uma preocupação que aos poucos me atingia.

Era uma época boa para ter esse torneio, mas e se outra parte de Voldemort concordasse, pensando que essa poderia ser uma possibilidade?

Eu não sabia quantos bruxos das trevas estavam escondidos no mundo então não tinha como prever de onde iria vir um ataque, podia apenas manter meus olhos abertos e tentar o meu melhor.

Mesmo que esse torneio fosse apenas uma isca para algo, eu não ia deixar nada acontecer com quem eu amava.

Bless Yourself - DRARRYWhere stories live. Discover now