3 - Parte I

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Não estamos aterrorizados o tempo inteiro?

Eu sei que está gelando, nós deveríamos caminhar. A cidade é divina nas luzes da noite, isso faz com que eu me sinta viva e com certeza irá curar toda a dor.
Eu venho procurando por isso em todos os lugares, eu só tenho até o despertar e até a alvorada.
Eu posso lidar com tudo antes do despontar, mas na manhã, é tudo muito complicado.
Porque estamos o tempo inteiro aterrorizados por algo que nunca iremos encontrar.

- Magnoly, revisado por Libeel.

  Miranda Magnólia Merlin. A garota não sabia explicar o que realmente a desagradava em seu nome. Talvez o fato de ser três nomes com a letra M, três vezes seguidas? Talvez o fato de que não era um nome muito popular e com certeza não era um nome moderno.

  Miranda, porém, tinha Magnólia como seu nome preferido, mas ela nunca usava o segundo nome. Era sempre Miranda Merlin e assim sempre foi. Exceto em seu perfil no onbook. A garota pensou que seria mais confortável colocar um nome no qual ninguém poderia assimilar a ela e assim fez.

  Sua tia Vanda, costumava chamá-la assim, Magnólia. Essa parte de sua vida estava tatuada não só em seu mural como também em seu corpo, na região da lombar e um pouco acima do quadril, lá estava o desenho de uma flor de magnólia, amarela.

  Ao acessar o site, Miranda gostaria que o nome em seu perfil fosse algo com o qual ela poderia se identificar e algo que ao mesmo tempo, mais ninguém poderia fazer essa identificação, não se apresentava com esse nome, afinal.

  Assim se passaram alguns dias e quando Merlin se tornava Magnoly, ela se sentia cada vez mais próxima do poeta e ao mesmo tempo, completamente distante. Não havia acontecido uma troca direta além do comentário que ele havia feito em seu texto e apesar de não admitir para si mesma, Miranda se sentiu lisonjeada por alguém tão talentoso e que ela havia se identificado, comentar em seu texto-desabafo.

  Os dias continuaram calmos e sem muitas novidades. Theo continuava a frequentar BurntCoffee todos os dias no fim do dia, ele se sentava e desenhava enquanto observava Miranda sempre que tinha chance. Miranda o evitava ao máximo e ouvia o sermão de Clara — que insistia que a garota fosse até o rapaz loiro e desse pelo menos uma justificativa.

  Clara estava conversando com uma amiga da faculdade enquanto Miranda organizava uma mesa e se dirigia para o balcão, ciente de que recebia olhares de Theo o tempo inteiro.

  Terminou de receber um pedido e se dirigiu para a cozinha levando as anotações quando percebeu o visor da mini-televisão mudando a todo o momento, ficou assim por dois minutos e em breve desligou, de vez agora.

– Miranda? – Clara chamou quando atravessou o balcão, estreitando os olhos para o monitor minúsculo. – Ele desligou de novo?

– Provavelmente de vez. – Miranda suspirou. – Você pode relatar para Michael? Talvez ele consiga arrumar, novamente.

– Eu vou resolver. – Clara respondeu com o cenho fechado em concentração e se dirigiu até o monitor. – Atenda os outros clientes, e não – Clara se dirigiu para Merlin dando ênfase no "não" – ignore o Theo. Ele é um bom garoto.

– Eu não dou a mínima. – Miranda repetiu o ênfase, dessa vez no "eu" e logo se dirigiu para o balcão, onde estava uma garota um tanto excêntrica, de cabelos quase que prateados. – Eu posso te ajudar?

Eu Sempre Quis Escrever Esse LivroWhere stories live. Discover now